Fisioterapia associada à testosterona no tratamento de cães com osteoartrite

Abstract

Resumo: Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da combinação de fisioterapia e testosterona na dose de 1 mg/kg intramuscular a cada 14 dias, na massa muscular de cães com osteoartrite durante 60 dias. Um total de 17 cães foi incluído em um ensaio clínico cego, e distribuídos em dois grupos: um tratado com placebo e fisioterapia (GP); e outro com testosterona e fisioterapia (GT). Ambos os grupos foram submetidos a um protocolo de reabilitação física, realizado duas vezes por semana ao longo de 60 dias com hidroesteira por 20 minutos e 4 séries de 15 repetições com exercícios de disco, step e tábua. As avaliações clínicas, laboratoriais (hemograma, testosterona, creatinina, uréia, fosfatase alcalina, alanina aminotransferase e creatinoquinase) e de imagem (ultrassom muscular) foram realizadas antes do início do estudo (T0), aos 30 dias (T1) e aos 60 dias (T2). O GT apresentou níveis séricos de testosterona elevados (p=0,0006) comparados ao GP, porém ambos os grupos ficaram dentro dos valores de referência. O GT também apresentou maior espessura muscular nos grupos avaliados, sendo bíceps femoral (p<0,0001), vasto lateral (p=0,0015) e o glúteo médio (p=0,0003) ao exame ultrassonográfico. Houve diferença entre os grupos nos parâmetros bioquímicos de FA e ALT. A associação entre fisioterapia e testosterona promoveu ganho de massa significativa apenas do bíceps femoral em cães com osteoartrite, sem impacto mensurável em outros músculos avaliados. Esses achados sugerem efeito localizado e limitado do protocolo utilizado, indicando que frequência maior de exercícios, inclusão de novos protocolos de fortalecimento ou uso de recursos adicionais, como eletroestimulação, podem ser necessários para resultados mais amplos. Embora a testosterona em baixa dose tenha mostrado potencial anabólico, foram observadas alterações enzimáticas hepáticas em parte dos animais, reforçando a importância do monitoramento contínuo. As principais limitações do estudo incluem o número reduzido de animais, a ausência de grupo controle tratado exclusivamente com testosterona — não realizado por questões éticas, visto que a fisioterapia é considerada essencial no manejo da osteoartrite canina [4,6] — e a falta de avaliações funcionais e de composição corporal, como escores de dor, claudicação e massa magra. Além disso, parte da amostra (50% dos cães do grupo placebo) era proveniente de abrigo, com restrição de movimentação diária, o que pode ter contribuído para a heterogeneidade dos resultados

Abstract: This study aimed to evaluate the effects of a combination of physical therapy and testosterone at a dose of 1 mg/kg intramuscularly every 14 days on the muscle mass of dogs with osteoarthritis for 60 days. A total of 17 dogs were included in a blinded clinical trial and distributed into two groups: one treated with placebo and physical therapy (GP); and the other with testosterone and physical therapy (GT). Both groups underwent a physical rehabilitation protocol, performed twice a week for 60 days with a 20-minute treadmill and four sets of 15 repetitions of disc, step, and plank exercises. Clinical, laboratory (blood count, testosterone, creatinine, urea, alkaline phosphatase, alanine aminotransferase, and creatine kinase), and imaging (muscle ultrasound) evaluations were performed before the start of the study (T0), at 30 days (T1), and at 60 days (T2). The TG presented higher serum testosterone levels (p=0.0006) compared to the PG, but both groups remained within the reference values. The TG also presented greater muscle thickness in the groups evaluated, namely in the biceps femoris (p<0.0001), vastus lateralis (p=0.0015), and gluteus medius (p=0.0003) on ultrasound examination. There were differences between the groups in the biochemical parameters of FA and ALT. The combination of physical therapy and testosterone promoted significant mass gain only in the biceps femoris in dogs with osteoarthritis, with no measurable impact on other muscles evaluated. These findings suggest a localized and limited effect of the protocol used, indicating that greater exercise frequency, the inclusion of new strengthening protocols, or the use of additional resources, such as electrical stimulation, may be necessary for broader results. Although low-dose testosterone showed anabolic potential, hepatic enzyme alterations were observed in some animals, reinforcing the importance of continuous monitoring. The main limitations of the study include the small number of animals, the absence of a control group treated exclusively with testosterone—which was not performed for ethical reasons, as physical therapy is considered essential in the management of canine osteoarthritis [4,6]—and the lack of functional and body composition assessments, such as pain, lameness, and lean mass scores. Furthermore, part of the sample (50% of the dogs in the placebo group) came from a shelter, with restricted daily movement, which may have contributed to the heterogeneity of the results