Do barro à Xawara : a Caximba pelas lentes da arte educação ambiental

Abstract

Resumo: Por palavras e obras artísticas, a pesquisa vem apresentar-se por suas ponderações e resultados. As investigações compartilhadas têm, por objeto de estudo, um imponente projeto reurbanizatório, em zona periférica de Curitiba, capital do Paraná. O terreno apresentado para esta análise é a Vila da Caximba que, ao relacionar-se à reciclagem do lixo e adjunta a uma Área de Proteção, sobrevive entre os alagadiços e vegetações ciliares. Para tanto, venho trazer fatos que, seguramente, poderiam ser moldados em denúncias. A Vila da Caximba adoece sob pesado paradoxo de águas poluídas mortas e lixo, uma vez que ocupa o mesmo chão argiloso das históricas olarias que produzem tijolos e telhados para a cidade. Orientando-se pela Arte educação ambiental, trago indagações e decorrências, sobre possibilidades interdisciplinares entre as artes e as ciências. Na dissertação, seguindo por linguagem singular, mostro uma extensa e diversificada trajetória de delicada pesquisa, enquanto montava denso acervo em próprio ateliê. Busquei representar as urgentes situações da Caximba, registrando bem mais do que os impactos daquela reurbanização. Apõe-se aos interesses originais do projeto, um consistente relato dos obstáculos trazidos à pesquisa pela pandemia de covid-19. Conforme justifico, me distanciei dos regulares formatos pedidos a uma dissertação acadêmica. Seguindo por escritas singulares, convidei duas distintas referências, igualmente, telúricas, críticas e poéticas: uma liderança indígena, Davi Kopenawa Yanomami, de quem emprestei o termo "xawara" que personifica as atualidades difíceis da Caximba. O segundo convidado, o artista-ambientalista Friedensreich Hundertwasser (1928-2000), austríaco, traz suas "Cinco Peles" que nos envolvem em teses planetárias. Recorri, ainda, à autobiografia para abonar meu vínculo artístico e natural. Nas práticas de ateliê, priorizei os mesmos resíduos da reciclagem, criando sob novos olhares e hipóteses artísticas e socioambientais. Busquei criar, trazendo vozes à Caximba e às pessoas associadas ao lixo, subjugadas à propriedade sobre o solo

Abstract: Through words and artistic works, the research presents itself through its considerations and results. The shared investigations focus on an imposing urban redevelopment project in a peripheral area of Curitiba, the capital of Paraná. The site presented for this analysis is Vila da Caximba, which, due to its connection to waste recycling and adjacent to a Protected Area, survives among the marshes and riparian vegetation. To this end, I present facts that could surely be shaped into complaints. Vila da Caximba languishes under the heavy paradox of dead, polluted waters and garbage, since it occupies the same clay soil as the historic brickworks that produce bricks and roofing for the city. Guided by environmental art education, I bring questions and insights into interdisciplinary possibilities between the arts and sciences. In this dissertation, using singular language, I demonstrate an extensive and diverse trajectory of delicate research, while assembling a dense collection in my own studio. I sought to represent the urgent situation in Caximba, recording much more than the impacts of that redevelopment. It aligns with the project's original interests, providing a consistent account of the obstacles posed to research by the COVID-19 pandemic. As I explain, I departed from the standard format required for an academic dissertation. Continuing with singular writing, I invited two distinct references, equally telluric, critical, and poetic: an indigenous leader, Davi Kopenawa Yanomami, from whom I borrowed the term "xawara," which embodies Caximba's current difficult circumstances. The second guest, Austrian artist-environmentalist Friedensreich Hundertwasser (1928-2000), presents his "Five Skins" that engage us in planetary theses. I also drew on autobiography to support my artistic and natural connection. In my studio work, I prioritized the same recycled waste, creating new perspectives and artistic and socio-environmental hypotheses. I sought to create, bringing voices to Caximba and to the people associated with waste, subjugated to land ownership

Resumen: A través de palabras y obras artísticas, esta investigación se presenta en sus reflexiones y resultados. Las indagaciones que comparto tienen como objeto de estudio un imponente proyecto de reurbanización en una zona periférica de Curitiba, capital del estado de Paraná. El territorio analizado es la Vila da Caximba, que, vinculada al reciclaje de residuos y adyacente a un Área de Protección, sobrevive entre humedales y vegetación ribereña. Para ello, busco traer hechos que, sin duda, podrían ser leídos como denuncia. La Vila da Caximba se enferma bajo el peso paradójico de las aguas poluidas muertas y la basura, ocupando el mismo suelo arcilloso de las antiguas alfarerías que una vez moldearon los ladrillos y tejas de la ciudad. Integrando la Arte educación ambiental, presento interrogantes y resultados sobre las posibilidades interdisciplinarias entre las artes y las ciencias. En esta disertación, siguiendo un lenguaje singular, se traza una extensa trayectoria de investigación meticulosa, llevada a cabo mientras montaba un denso acervo en mi propio taller. Busqué representar la urgente situación de Caximba, registrando mucho más que los impactos de dicha reurbanización. Además del interés original del proyecto, incluyo breve relato sobre los obstáculos que la pandemia de covid-19 representó para la investigación. Como justifico, me aparté de los formatos convencionales exigidos en una disertación académica. Con una escritura singular, convoqué a dos referencias igualmente telúricas, críticas y poéticas: en primer lugar, al líder indígena Davi Kopenawa Yanomami, de quien tomé prestado el término "xawara", que personifica las adversidades contemporáneas de Caximba. En segundo lugar, al artista-ambientalista austriaco Friedensreich Hundertwasser (1928-2000), quien aporta su concepto de las "Cinco Pieles", envolviéndonos en sus tesis planetarias. También recurrí a la autobiografía para respaldar mi vínculo artístico y natural. En las prácticas de taller, prioricé los mismos residuos del reciclaje, creando desde nuevas perspectivas e hipótesis artísticas y socioambientales. Mi propósito fue dar voz a la Caximba y a quienes viven del reciclaje, históricamente excluidos del derecho a la tierra por la lógica económica de la gentrificación