Governança de dados e soberania digital : pensar o turismo em um contexto de capitalismo de dados

Abstract

Resumo: Em um cenário global impulsionado pelo capitalismo de dados, em que a informação se tornou um ativo estratégico, este estudo analisa a governança de dados como instrumento para a promoção da soberania digital no turismo. A pesquisa toma como referência a Rede Brasileira de Observatórios de Turismo (RBOT), uma articulação nacional de entidades que geram inteligência para o setor, e que enfrenta desafios na gestão de seus dados. O trabalho buscou responder à seguinte questão de pesquisa: Em que medida as estratégias de governança de dados podem ser utilizadas para fortalecer a soberania digital no turismo em face das dinâmicas impostas pelo capitalismo de dados? O objetivo geral foi analisar a governança de dados no fortalecimento da soberania digital no turismo, com referência na Rede Brasileira de Observatórios de Turismo. Para tal, os objetivos específicos visaram: compreender a percepção dos stakeholders sobre o tema; examinar as práticas atuais; identificar as lacunas e desafios enfrentados pela rede; e propor um framework de governança de dados. A pesquisa foi motivada pela necessidade de entender como a dependência de dados controlados por grandes corporações impacta o turismo, um setor em crescimento e transformação digital. Para tanto, adotou-se uma abordagem qualitativa, envolvendo revisão sistemática da literatura, aplicação de 24 questionários on-line e a realização de 9 entrevistas semiestruturadas com gestores e especialistas da Rede. A revisão sistemática da literatura proporcionou uma base teórica, permitindo uma análise detalhada das práticas de governança de dados no setor turístico. As entrevistas e os questionários foram aplicados para captar as percepções dos stakeholders sobre os desafios e oportunidades da soberania digital. Como principal resultado da pesquisa infere-se a proposição de um framework de governança de dados para o turismo, estruturado em eixos estratégicos, de padronização, infraestrutura, segurança, comunicação e capacitação, que endereça diretamente as lacunas identificadas. As contribuições do estudo são de natureza teórica, ao oferecer um modelo conceitual para a governança no setor; prática, ao subsidiar a tomada de decisão e a competitividade dos destinos; e gerencial, ao indicar a necessidade de novas estruturas organizacionais e de uma cultura orientada por dados. Espera-se que esta investigação ofereça subsídios para o fortalecimento do turismo nacional em um contexto de intensa transformação digital

Abstract: In a global scenario driven by data capitalism, where information has become a strategic asset this study examines data governance as a means of promoting digital sovereignty in tourism. The research draws its reference from the Brazilian Network of Tourism Observatories (RBOT), a nationwide coalition of entities that produce intelligence for the sector, facing challenges in managing its data. The study aimed to address the following research question: To what extent can data governance strategies be employed to enhance digital sovereignty in tourism amidst the dynamics of data capitalism? The general objective was to analyse data governance in the strengthening of digital sovereignty in tourism, with reference to the Brazilian Network of Tourism Observatories. More specifically, the study aimed to: understand stakeholders’ perceptions of the theme; examine current practices; identify gaps and challenges faced by the Network; and propose a framework for data governance. The research was motivated by the need to understand how dependence on data controlled by large corporations impacts tourism, a sector undergoing both growth and digital transformation. To address this, a qualitative approach was adopted, combining a systematic literature review with the application of 24 online questionnaires and nine semi-structured interviews with managers and experts from the Network. The literature review provided a theoretical foundation, enabling a detailed analysis of data governance practices in the tourism sector. The questionnaires and interviews captured stakeholders’ perceptions of the challenges and opportunities of digital sovereignty. The primary outcome of the study is the proposal of a data governance framework for tourism, structured around strategic axes of standardisation, infrastructure, security, communication, and capacity-building, which directly addresses the identified gaps. The study’s contributions are theoretical, offering a conceptual model for governance in the sector; practical, supporting decision-making and the competitiveness of destinations; and managerial, highlighting the need for new organisational structures and a data-driven culture. It is expected that this investigation will provide valuable insights for strengthening national tourism in the context of profound digital transformation