Fatores relacionados à falha virológica em gestantes com HIV em tratamento no estado do Paraná, Brasil
Resumo
Resumo: As gestantes infectadas pelo HIV compõem uma população prioritária nas políticas de enfrentamento do HIV/Aids, tendo em vista a necessidade de evitar a transmissão vertical do vírus. Neste estudo foi investigada a ocorrência de falha na supressão viral do HIV em gestantes do estado do Paraná e os fatores relacionados à falha virológica. Tratou-se de um estudo observacional com delineamento transversal, realizado com dados secundários obtidos do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), referentes às gestantes com HIV no período entre os meses de janeiro e abril de 2024. Foram consideradas em falha virológica as gestantes com a carga viral acima de 50 cópias do HIV/mL de sangue. As gestantes foram separadas em dois grupos: em supressão virológica e em falha virológica. Para identificação dos fatores relacionados à falha virológica, foram calculadas as razões de prevalência e posterior análise pelo modelo de Regressão de Poisson. No período estudado, o estado do Paraná apresentou 198 gestantes diagnosticadas com HIV, das quais 28,3% constavam em falha virológica. As análises das razões de prevalência para o desfecho de falha virológica demonstraram que as gestantes com maior probabilidade de falha virológica no Paraná foram as mais jovens (31%), no 1º e 2º trimestres da gestação (81%), que iniciaram o tratamento antirretroviral durante a gestação (78%), que não residiam no mesmo município de dispensação dos medicamentos antirretrovirais (33%) e que faziam uso de esquemas terapêuticos mais complexos (71%). As variáveis estatisticamente significativas entre as gestantes em falha virológica foram a idade gestacional (1º e 2º trimestres, p=0,008) e o início do tratamento contra o HIV durante a gestação (p=0,006). O estado do Paraná apresentou um número considerável de gestantes em falha virológica, inclusive no 3º trimestre da gestação, porém em proporções inferiores à nacional. Os resultados forneceram informações úteis para o melhor planejamento das ações voltadas ao tratamento do HIV em gestantes, especialmente nas regionais de saúde com serviços menos estruturados. Tornam-se necessárias ações como o diagnóstico oportuno (não só no pré-natal), facilitar o acesso aos medicamentos em serviços mais próximo das residências das gestantes, bem como fortalecer a vinculação dessa população aos serviços de saúde, de forma a contribuir com a redução do risco de transmissão vertical do HIV Abstract: HIV-infected pregnant women are a priority population in HIV/AIDS policies, given the need to prevent vertical transmission of the virus. This study investigated the occurrence of failure in HIV viral suppression in pregnant women in the state of Paraná and the factors related to virological failure. This was an observational study with a cross-sectional design, carried out with secondary data obtained from the Medication Logistics Control System (SICLOM), referring to pregnant women with HIV in the period between January and April 2024. Pregnant women with a viral load above 50 HIV copies/mL of blood were considered to be in virological failure. Pregnant women were separated into two groups: in virological suppression and in virological failure. To identify the factors related to virological failure, prevalence ratios were calculated and subsequently analyzed using the Poisson Regression model. During the study period, the state of Paraná had 198 pregnant women diagnosed with HIV, of whom 28.3% were in virological failure. The analyses of the prevalence ratios for the outcome of virological failure showed that the pregnant women most likely to have virological failure in Paraná were the youngest (31%), in the 1st and 2nd trimesters of pregnancy (81%), who started antiretroviral treatment during pregnancy (78%), who did not live in the same municipality where the antiretroviral drugs were dispensed (33%) and who used more complex therapeutic regimens (71%). The statistically significant variables among pregnant women in virological failure were gestational age (1st and 2nd trimesters, p=0.008) and the start of HIV treatment during pregnancy (p=0.006). The state of Paraná had a considerable number of pregnant women in virological failure, including in the 3rd trimester of pregnancy, although in proportions lower than the national average. The results provided useful information for better planning of actions aimed at treating HIV in pregnant women, especially in health regions with less structured services. Actions such as timely diagnosis (not only during prenatal care), facilitating access to medication in services closer to the pregnant women's homes, and strengthening the link between this population and health services are necessary in order to contribute to reducing the risk of vertical transmission of HIV
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