Doença de Parkinson : mapeamento do perfil de saúde e relação do indivíduo sobre as práticas de exercício físico

Abstract

Resumo: A Doença de Parkinson (DP) é uma síndrome neurodegenerativa que leva à morte de neurônios dopaminérgicos, repercutindo em alterações motoras e não motoras, que podem afetar a funcionalidade, independência e a qualidade de vida. Entre as estratégias de tratamento para DP, como alternativa não medicamentosa, o exercício físico (EF). Apesar dos benefícios da prática do EF, a adesão por parte de pessoas com DP tem sido baixa, o que demonstra um provável perfil sedentário e possíveis riscos agravantes deste tipo de comportamento, junto a questões específicas da DP. É preciso compreender o perfil geral de saúde da pessoa com DP, bem como principais benefícios/barreiras ao EF e nível de Atividade Física (AF). Desta forma é possível identificar as reais demandas sobre o EF e embasar futuras estratégias para melhorar a adesão. Assim, o objetivo deste estudo é analisar o perfil geral de saúde de pessoas com DP e sua relação com o EF. Caracteriza-se como um estudo transversal analítico e quantitativo com pessoas diagnosticadas com DP idiopática. A metodologia deste estudo parte do raciocínio teórico da Classificação Internacional Da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A condição de saúde foi analisada com a aplicação dos instrumentos International Parkinson and Movement Disorders Society-Unified Parkinson's Disease Rating Scale (MDS-UPDRS) e questionário semiestruturado. Estruturas e funções: MDS-UPDRS, Miniexame do Estado Mental - Mini Mental (MEEM), Parkinson’s Disease Questionnaire 8 (PDQ-8) e questionário semiestruturado. Atividades e participação: Exercise Benefits/Barriers Scale (EBBS), International Physical Activity Questionnaire (IPAQ-SF), WHO Disability Assessment Schedule – Short Version (WHODAS-S) e PDQ-8. Fatores contextuais ambientais: escala de classificação econômica da ABEP e EBBS. Fatores pessoais: questionário semiestruturado. Ao todo 30 pessoas com DP foram avaliadas com a média de idade dos participantes de 66,33±8,55 anos. A amostra compreendeu 60%(n=18) pessoas do sexo masculino. A média de tempo de diagnóstico dos participantes foi de 8,54±6,21 anos. A maior parte da amostra, encontrava-se entre os estágios 2 e 3 da escala de Hoehn & Yahr. MDS-UPDRS II e III: 53.83 ± 19.61, PDQ-8: 9.33 ± 4.31, EBBS total: 133.90 ± 14,93, IPAQ-SF: Muito ativos: 2 ± 6.7; Ativos: 20 ± 66.7, irregularmente ativos A: 5 ± 16.7, irregularmente ativos B: 2 ± 6.7 e sedentários: 1 ± 3.3. WHODAS-S: 11.27 ± 7.72. A análise de correlação entre as variáveis revelou relações estatisticamente significativas entre escolaridade, renda e prática de AF. Participantes com ensino superior apresentaram renda significativamente maior em comparação aos demais níveis (p < 0,001). Observou-se correlação positiva entre renda e tempo semanal de AF (p = 0,03). Sobre escolaridade, pessoas com ensino fundamental apresentaram tempo semanal de AF significativamente menor do que aqueles com ensino médio (p = 0,044) e com ensino superior (p = 0,009). Além disso, a análise entre renda e a pontuação total da EBBS demonstrou correlação positiva e significativa (r = 0,4; p = 0,03). Conclui-se que fatores socioeconômicos e educacionais influenciam diretamente a adesão ao EF, bem como as principais barreiras autorrelatadas foram limitações físicas e aspectos psicológicos, enquanto as modalidades preferidas foram exercícios aeróbicos e de força. Porém, quanto à funcionalidade e QV não demonstraram resultados significativos

Abstract: Parkinson's disease (PD) is a neurodegenerative syndrome that leads to the death of dopaminergic neurons, resulting in motor and non-motor changes that can affect functionality, independence, and quality of life. Among the treatment strategies for PD, physical exercise (PE) is a non-pharmacological alternative. Despite the benefits of PE, adherence among people with PD has been low, demonstrating a likely sedentary profile and potential aggravating risks of this type of behavior, along with PD-specific issues. It is important to understand the general health profile of people with PD, as well as the main benefits/barriers to PE and their level of Physical Activity (PA). This allows us to identify the real demands on PE and inform future strategies to improve adherence. Therefore, the objective of this study is to analyze the general health profile of people with PD and its relationship with PE. This is a cross-sectional, analytical, and quantitative study of people diagnosed with idiopathic PD. The methodology of this study is based on the theoretical reasoning of the International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF). Health status was analyzed using the International Parkinson and Movement Disorders Society-Unified Parkinson's Disease Rating Scale (MDS-UPDRS) and a semi-structured questionnaire. Structures and functions were analyzed using the MDS-UPDRS, Mini-Mental State Examination (MMSE), Parkinson's Disease Questionnaire 8 (PDQ-8), and a semi-structured questionnaire. Activities and participation were analyzed using the Exercise Benefits/Barriers Scale (EBBS), International Physical Activity Questionnaire (IPAQ SF), WHO Disability Assessment Schedule – Short Version (WHODAS-S), and PDQ 8. Environmental contextual factors were assessed using the ABEP Economic Rating Scale and EBBS. Personal factors were analyzed using a semi-structured questionnaire. A total of 30 individuals with PD were evaluated, with a mean age of 66.33 ± 8.55 years. The sample comprised 60% (n = 18) males. The mean time since diagnosis of participants was 8.54 ± 6.21 years. Most of the sample was between stages 2 and 3 of the Hoehn & Yahr scale. MDS-UPDRS II and III: 53.83 ± 19.61, PDQ-8: 9.33 ± 4.31, EBBS total: 133.90 ± 14.93, IPAQ-SF: Very active: 2 ± 6.7; Active: 20 ± 66.7, irregularly active A: 5 ± 16.7, irregularly active B: 2 ± 6.7 and sedentary: 1 ± 3.3. WHODAS-S: 11.27 ± 7.72. The correlation analysis between the variables revealed statistically significant relationships between education, income and PA practice. Participants with higher education had significantly higher income compared to other levels (p < 0.001). A positive correlation was observed between income and weekly PA time (p = 0.03). Regarding education level, people with elementary education had significantly lower weekly PA time than those with high school (p = 0.044) and higher education (p = 0.009). Furthermore, the analysis between income and the total EBBS score showed a positive and significant correlation (r = 0.4; p = 0.03). It is concluded that socioeconomic and educational factors directly influence adherence to PE, and the main self-reported barriers were physical limitations and psychological aspects, while the preferred modalities were aerobic and strength exercises. However, regarding functionality and QoL, they did not demonstrate significant results