Um balanço da trajetória da memória da luta armada a partir de "O que é isso, companheiro?" (1997) : textos de época, produções historiográficas e novas interpretações
Resumo
Resumo: O que é isso, Companheiro? (1997), dirigido por Bruno Barreto e com roteiro de Leopoldo Serran, é um filme inspirado no livro homônimo de Fernando Gabeira, publicado em 1979. Estrelado por atores da Rede Globo de Televisão, o longa-metragem representa o sequestro do embaixador Charles Burke Elbrick, ocorrido em setembro de 1969. Esta dissertação tem como objetivo analisar a trajetória da memória da resistência à ditadura militar brasileira, discutindo seu processo de construção social, revisão crítica historiográfica e reabilitação. Para tanto, toma-se como estudo de caso a recepção do filme O que é isso, Companheiro? (1997), de Bruno Barreto. Para isso, foram selecionados três momentos distintos de análise. No primeiro, examino o próprio filme, observando as escolhas do diretor e do roteirista, tanto na construção narrativa quanto na seleção do elenco. Ainda no contexto de 1997, analiso os textos publicados no ano de lançamento do longa, com destaque para a coletânea Versões e ficções: o sequestro da História, da Fundação Perseu Abramo (FPA), o artigo Olhar "neutro" e a banalização, de Ismail Xavier, e entrevistas concedidas por Bruno Barreto e Fernando Gabeira sobre a repercussão da obra. No segundo momento, investigo a presença do filme em dissertações e teses acadêmicas da área de História, produzidas entre 2004 e 2012, com o objetivo de identificar possíveis fios condutores interpretativos. Por fim, busco compreender as leituras mais recentes sobre O que é isso, Companheiro? e como o filme tem sido inserido nos debates contemporâneos sobre a memória da luta armada no Brasil. O que é isso, Companheiro? (1997) constitui uma das principais obras cinematográficas sobre a ditadura militar. Em um primeiro momento, recebeu críticas de setores mais à esquerda, especialmente de antigos participantes da luta armada. Já os textos historiográficos, produzidos entre 2004 e 2012, revelam uma preocupação com a memória da resistência. Por sua vez, as leituras mais recentes indicam uma maior aceitação do filme, reconhecendo-o como uma obra que denuncia os abusos cometidos pela ditadura militar Abstract: O que é isso, Companheiro? (1997), directed by Bruno Barreto and written by Leopoldo Serran, is a film based on the memoir of the same name by Fernando Gabeira, published in 1979. Starring well-known actors from Rede Globo, the film portrays the kidnapping of U.S. ambassador Charles Burke Elbrick in September 1969. This dissertation aims to analyze the trajectory of the memory of resistance to the Brazilian military dictatorship, discussing its process of social construction, critical historiographical revision, and rehabilitation. To this end, the reception of the film O que é isso, Companheiro? (1997), directed by Bruno Barreto, is taken as a case study.. Three distinct moments were selected for analysis. First, the film itself is examined, with attention to the director’s and screenwriter’s choices in both narrative construction and casting. Still within the context of 1997, I analyze texts published during the film’s release, especially the collection Versões e ficções: o sequestro da História, by the Perseu Abramo Foundation (FPA), Ismail Xavier’s article Olhar "neutro" e a banalização, and interviews given by Bruno Barreto and Fernando Gabeira about the film's reception. The second part investigates how the film appears in academic dissertations and theses in the field of History, produced between 2004 and 2012, with the goal of identifying possible interpretative trends. Lastly, the study explores more recent interpretations of the film and how it has been incorporated into contemporary debates on the memory of the armed struggle in Brazil. O que é isso, Companheiro? (1997) is considered one of the main films about Brazil’s military dictatorship. Initially, it was criticized by leftwing sectors, particularly by former participants in the armed struggle. Historiographical texts from 2004 to 2012 reflect concerns with the memory of resistance. More recent interpretations, in turn, indicate a greater acceptance of the film, recognizing it as a work that denounces the abuses committed by the military dictatorship
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