O setor mineral brasileiro : uma análise da sua contribuição na economia do Brasil no contexto de choques externos e da indústria 4.0

Abstract

Resumo: Este estudo investiga os efeitos econômicos de dois choques externos sobre o setor mineral brasileiro: a pandemia de COVID-19, com ênfase na extração e exportação de minério de ferro, e a invasão da Rússia à Ucrânia, com foco na variação dos preços do nitrato de amônio. A análise também examina como a Indústria 4.0 e os minerais estratégicos associados a esta nova revolução industrial têm contribuído para a resiliência e a adaptação do setor, principalmente diante desses eventos disruptivos, além de apontar caminhos para seu reposicionamento futuro. Adicionalmente, a pesquisa analisa as externalidades negativas da atividade mineral, destacando os impactos econômicos e socioambientais que fragilizam sua sustentabilidade. A pesquisa adota uma abordagem empírico-analítica e constrói um conjunto original de indicadores com base em dados primários e secundários, extraídos de fontes oficiais, relatórios corporativos e painéis públicos. Entre os principais achados, destacam-se a elevação da receita cambial e da arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) em 2021, além da manutenção e, até mesmo, geração de empregos durante a pandemia de COVID-19, impulsionada sobretudo pelo aumento nos preços do minério de ferro. Além disso, foi observada uma forte alta no preço do nitrato de amônio, insumo essencial para a mineração, no contexto da invasão, evidenciando a vulnerabilidade do setor diante da dependência de insumos importados. O estudo conclui que, embora o setor tenha se mostrado economicamente estratégico em tempos de choques externos, sua inserção internacional ainda apresenta fragilidades. A adoção de tecnologias da Indústria 4.0 e o fortalecimento de cadeias produtivas locais associadas a minerais estratégicos podem representar caminhos promissores para ampliar a eficiência, reduzir riscos e promover maior autonomia tecnológica

Abstract: This study investigates the economic effects of two external shocks on the Brazilian mineral sector: the COVID-19 pandemic, with an emphasis on iron ore extraction and exports, and the Russian invasion of Ukraine, focusing on fluctuations in ammonium nitrate prices. The analysis also examines how Industry 4.0 and the strategic minerals associated with this new industrial revolution have contributed to the sector’s resilience and adaptability, especially in the face of such disruptive events, while also pointing to possible paths for its future repositioning. Additionally, the research explores the negative externalities of mining activities, highlighting the economic and socio environmental impacts that undermine the sector’s sustainability. The study adopts an empirical-analytical approach and builds an original set of indicators based on primary and secondary data extracted from official sources, corporate reports and public dashboards. Among the main findings are the increase in foreign exchange revenues and in the collection of the Financial Compensation for the Exploitation of Mineral Resources (CFEM) in 2021, as well as the maintenance and even creation of jobs during the COVID-19 pandemic, driven primarily by rising iron ore prices. Furthermore, a sharp increase in the price of ammonium nitrate, an essential input for mining, was observed in the context of the invasion, revealing the sector’s vulnerability due to its dependence on imported inputs. The study concludes that although the sector has proven to be economically strategic in times of external shocks, its international integration still presents structural weaknesses. The adoption of Industry 4.0 technologies and the strengthening of local value chains associated with strategic minerals may represent promising avenues to enhance efficiency, reduce risks and promote greater technological autonomy