Anomalias congênitas prioritárias para vigilância ao nascimento : estimação e mapeamento da prevalência, Paraná 2013 a 2022

Abstract

Resumo: As anomalias congênitas são alterações no desenvolvimento fetal que podem ser detectadas antes, durante ou após o nascimento e impactam significativamente na saúde e sobrevivência das pessoas afetadas, nas suas famílias e no sistema de saúde. No Brasil, incidem entre 2% e 3% dos nascidos vivos (NV) e no estado do Paraná, a segunda principal causa de óbitos infantis em 2022. A 10ª versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) engloba 898 condições patológicas que se enquadram no conceito de anomalias congênitas. Com o intuito de fortalecer o diagnóstico e a notificação dessas condições, o Ministério da Saúde brasileiro implementou uma lista de anomalias congênitas consideradas prioritárias para a vigilância ao nascimento. Estudos nacionais e internacionais têm explorado a análise espacial das anomalias congênitas, no entanto, poucos as analisaram com enfoque nas prioritárias para a vigilância e, nos municípios do estado do Paraná, ainda não foram documentadas. O objetivo do trabalho foi descrever o perfil epidemiológico das prioritárias para a vigilância ao nascimento no estado do Paraná, do período de 2013 a 2022. Trata-se de um estudo observacional transversal com dados secundários do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) disponível no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), relativos ao nascimento de filhos de mães residentes do Paraná. Para descrição dos dados, foram calculadas taxas de prevalência brutas e ajustadas utilizando um modelo misto de regressão logística. O estudo revelou a predominância de defeitos de membros (1,97/1000NV), cardiopatias congênitas (0,82/1000NV) e fendas orais (0,72/1000NV) no estado. Fatores sociodemográficos influenciaram a ocorrência das anomalias congênitas prioritárias, o Índice de Desenvolvimento Humano não demonstrou efeito significativo, a pandemia reduziu a chance de fendas orais (OR 0,83; p-valor 0,023). A distribuição espacial do risco, revelou disparidades regionais, região de Foz do Iguaçu, se destaca por apresentar risco elevado para quatro grupos de anomalias congênitas prioritárias (defeitos de membros, fendas orais, defeito de tubo neural e anomalias de órgãos genitais). Região de Paranaguá e Londrina apresentaram tanto menor como maior risco a depender da anomalia congênita analisada. Outras regiões como Metropolitana, Ponta Grossa, Campo Mourão, Umuarama, Paranavaí, Cornélio Procópio apresentaram menor risco para as anomalias analisadas. A identificação de áreas geográficas de maior risco para anomalias congênitas prioritárias sugere a investigação de fatores regionais específicos. A abordagem localizada pode fornecer subsídios relevantes para o desenvolvimento de intervenções de prevenção e de cuidado perinatal direcionados às necessidades de cada região do estado

Abstract: Congenital anomalies (CAs) are alterations in fetal development that can be detected before, during, or after birth. They significantly impact the health and survival of affected individuals, their families, and the healthcare system. In Brazil, CAs affect between 2% and 3% of live births (LBs) and were the second leading cause of infant deaths in the state of Paraná in 2022. The 10th version of the International Classification of Diseases (ICD-10) encompasses 898 pathological conditions that fall under the concept of congenital anomalies. To strengthen the diagnosis and notification of these conditions, the Brazilian Ministry of Health implemented a list of CAs considered priorities for birth surveillance. National and international studies have explored the spatial analysis of CAs; however, few have analyzed them with a focus on those prioritized for surveillance, and in the municipalities of Paraná, this has not yet been documented. This study aimed to describe the epidemiological profile of CAs prioritized for birth surveillance in the state of Paraná from 2013 to 2022. This was a cross-sectional observational study using secondary data from the Live Birth Information System (SINASC), available on the Unified Health System's Informatics Department (DATASUS), related to births of children born to mothers residing in Paraná. For data description, crude and adjusted prevalence rates were calculated using a mixed logistic regression model. The study revealed a predominance of limb defects (1.97/1000 LBs), congenital heart defects (0.82/1000 LBs), and oral clefts (0.72/1000 LBs) in the state. Sociodemographic factors influenced the occurrence of prioritized congenital anomalies, while the Human Development Index did not show a significant effect. The pandemic reduced the chance of oral clefts (OR 0.83; p-value 0.023). The spatial distribution of risk revealed regional disparities, with the Foz do Iguaçu region standing out for presenting a high risk for four groups of prioritized congenital anomalies (limb defects, oral clefts, neural tube defects, and genital organ anomalies). The Paranaguá and Londrina regions showed both lower and higher risks depending on the specific congenital anomaly analyzed. Other regions, such as Metropolitana, Ponta Grossa, Campo Mourão, Umuarama, Paranavaí, and Cornélio Procópio, presented lower risk for the analyzed anomalies. The identification of geographical areas with a higher risk for prioritized congenital anomalies suggests the investigation of specific regional factors. A localized approach can provide relevant insights for developing prevention and perinatal care interventions tailored to the needs of each region of the state