Caracterização fitoquímica, estudo farmacológico, atividades biológicas e propriedade antioxidante de Myrcia hatschbachii D. Legrand, Myrtaceae

Abstract

Resumo: A espécie Myrcia hatschbachii é nativa e endêmica do Brasil e pertence à família Myrtaceae, a qual é reconhecida por inúmeras propriedades biológicas e vasta biodiversidade na flora brasileira. O objetivo deste trabalho foi realizar a caracterização fitoquímica e avaliar as atividades farmacológicas, biológicas e propriedade antioxidante da espécie. Folhas e galhos foram coletados no Capão do Cifloma, Curitiba, Paraná, Brasil e extraídos por Soxhlet para a obtenção dos extratos brutos e frações hexano, clorofórmio, acetato de etila e remanescente. O screening fitoquímico foi feito por cromatografia em camada delgada e mostrou a presença de taninos e flavonoides em todos os extratos e frações. O ácido elágico foi isolado das frações clorofórmio e acetato de etila e identificado por ressonância magnética nuclear tanto nas folhas quanto nos galhos. Já o ácido 3-O-metil elágico foi isolado da fração acetato de etila de galhos. A quantificação do ácido gálico na fração acetato de etila de folhas foi realizada por cromatografia líquida de alta eficiência e mostrou que 18% da composição da fração é atribuída a este metabólito. O doseamento de compostos fenólicos foi feito pelo método de Folin-Ciocalteu e indicou que todas as amostras, com exceção das frações hexano, apresentaram uma alta quantidade destes compostos. Os métodos de poder de redução do ferro e captura do radical ABTS reafirmaram a capacidade antioxidante exercida pelos extratos brutos e frações. As atividades antibacteriana e antifúngica foram testadas pelo método de microdiluição em caldo e apresentaram atividades frente a diferentes micro-organismos, especialmente a Candida albicans. Os resultados de inibição da atividade de a- glicosidase do extrato bruto e fração acetato de etila de folhas mostraram efeitos inibitórios superiores a acarbose. Estas amostras também inibiram a lipase pancreática, mas seus efeitos foram inferiores ao orlistate. No estudo farmacológico in vivo, o tratamento com extrato bruto de folhas nas doses de 10, 30 e 100 mg/kg apresentou potencial anti-inflamatório, pois atenuou o edema da pata na 2ª e 3ª hora após a injeção de carragenina. Além disso, o extrato também mostrou efeito na segunda fase da nocicepção induzida por formalina nas doses de 10, 30, 100 e 300 mg/kg. De acordo com estes resultados, a espécie Myrcia hatschbachii se mostra promissora para o aprofundamento de estudos que possibilitem o desenvolvimento de futuros medicamentos.

Abstract: The Myrcia hatschbachii species is native and endemic to Brazil and belongs to the Myrtaceae family, which is recognized for numerous biological properties and vast biodiversity in the Brazilian flora. The aim of this work was to carry out phytochemical characterization and to evaluate the pharmacological, biological, and antioxidant properties of the species. Leaves and stems were collected in Cifloma Capon, Curitiba, Parana, Brazil and extracted by Soxhlet to obtain the crude extracts and hexane, chloroform, ethyl acetate, and remaining fractions. Phytochemical screening was carried out by thin layer chromatography and showed the presence of tannins and flavonoids in all extracts and fractions. The ellagic acid was isolated from the chloroform and ethyl acetate fractions and identified by nuclear magnetic resonance in leaves and stems. The 3-O-methyl ellagic acid was isolated from the ethyl acetate fraction of stems. The quantification of gallic acid in the ethyl acetate fraction of leaves was performed by high performance liquid chromatography and showed that 18% of the fraction composition is attributed to this metabolite. The determination of phenolic compounds was carried out by using the Folin-Ciocalteu method and indicated that all samples, excluding hexane fractions, presented a high amount of these compounds. The ferric reducing potential and the capture of the radical ABTS methods reaffirmed the antioxidant capacity exerted by crude extracts and fractions. The antibacterial and antifungal activities were tested by using the broth microdilution method and showed activities against different microorganisms, especially Candida albicans. The results of inhibition of a-glucosidase activity of crude extract and ethyl acetate fraction of leaves showed inhibitory effects superior to acarbose. These samples also inhibited pancreatic lipase, but their effects were lower than orlistat. In the in vivo pharmacological study, the treatment with crude extract of leaves at doses of 10, 30, and 100 mg/kg showed anti-inflammatory potential, as it attenuated paw edema in the 2nd and 3rd hours after the injection of carrageenan. In addition, the extract also showed an effect on the second phase of formalin-induced nociception at doses of 10, 30, 100, and 300 mg/kg. According to these results, the Myrcia hatschbachii species is promising for further studies that enable the development of herbal medicine.