Práticas alimentares da população em situação de rua
Resumo
Resumo: A população em situação de rua (PSR) é caracterizada por apresentar grandes vulnerabilidades socioeconômicas e de saúde. Nas últimas décadas o número de pessoas em situação de rua aumentou, bem como ações de apoio para esse grupo. Ao considerar o conceito expandido de saúde e seus determinantes, a alimentação é um dos principais condicionantes de saúde, e um dos mais fragilizados, que demandam atenção especial na assistência à PSR haja vista o constante estado de insegurança alimentar e nutricional. Diante desse contexto, o objetivo dessa dissertação é caracterizar as práticas alimentares da população em situação de rua atendida em ações voluntárias realizadas na cidade de Curitiba durante o ano de 2019. Para tanto os pesquisadores realizaram uma pesquisa observacional, transversal com análise de informações de formulários da Associação Médicos do Mundo - Médicos de Rua - Curitiba PR. As informações coletadas dizem respeito a dados pessoais, aspectos antropométricos, perfil socioeconômico, perfil psicossocial e avaliação nutricional. Todos os dados foram organizados em Planilhas do programa computacional Microsoft Excel® e analisadas de forma descritiva pelo SPSS® (Statistical Package for Social Sciences) versão 25.0. Avaliou-se 710 pessoas, com idade entre 18 a 84 anos (média 39,3), em sua maioria do sexo masculino (87,3%). Mais de 90% eram alfabetizadas. Um total de 53,38% relatou que vive há menos de 1 ano nas ruas, 73,5% relataram estar em situação de rua sozinho. A principal forma de renda são os serviços informais, seguido de atividades como guardar carros e pedir dinheiro. Com relação às práticas alimentares, elas se apresentaram norteadas pela inconstância no acesso ao alimento além da baixa variedade na dieta. Aspectos emocionais e sociais da alimentação encontram-se suprimidos pelo contexto e forte demanda pelo alimento "matar a fome". Sendo assim, a pesquisa reafirma necessidade de um debate a respeito do tema, desestigmatizando e entendendo essa população como consequência do modo de produção capitalista, gerando olhares novos e humanizados para uma população em vulnerabilidade social e historicamente invisibilizada. Abstract: The homeless population (HP) is characterized by great socioeconomic and health vulnerabilities. In recent decades the number of homeless people has increased, as well as support actions for this group. When considering the expanded concept of health and its determinants, food is one of the main health determinants, and one of the most fragile, which require special attention in assisting the HP given the constant state of food and nutritional insecurity. Given this context, the aim of this dissertation is to characterize the food practices of the homeless population assisted in voluntary actions carried out in the city of Curitiba during the year 2019. For this, the researchers conducted an observational, cross-sectional research with analysis of information from forms of the Association Doctors of the World - Street Doctors - Curitiba PR. The information collected concerns personal data, anthropometric aspects, socioeconomic profile, psychosocial profile and nutritional assessment. All data were organized in Microsoft Excel® spreadsheets and analyzed descriptively by SPSS® (Statistical Package for Social Sciences) version 25.0. We evaluated 710 people, aged between 18 and 84 years (mean 39.3), mostly males (87.3%). More than 90% were literate. A total of 53.3% reported living on the streets for less than 1 year, 73.5% reported being on the streets alone. The main form of income is informal services, followed by activities such as taking care of cars and asking for money. In relation to eating practices, they were guided by the inconstancy in access to food, besides the low variety in the diet. The emotional and social aspects of eating are suppressed by the context and the strong demand for food to "satisfy hunger". Thus, the research reaffirms the need for a debate on the subject, destigmatizing and understanding this population as a consequence of the capitalist mode of production, generating new and humanized looks for a population in social vulnerability and historically invisibilized.
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