A reconfiguração espacial e o trabalho remoto nos telemarketings em Curitiba-PR
Resumo
Resumo: Esta dissertação investiga a reconfiguração espacial do trabalho no setor de telemarketing em Curitiba, Paraná, com foco nas empresas ABL System, Foundever, Services e Bradesco Seguros. A pesquisa explora as transformações nas condições e na organização do trabalho, especialmente após a pandemia de Covid-19, que acelerou a adoção do modelo de trabalho remoto. O conceito de "reconfiguração espacial" é aqui utilizado para compreender a migração das atividades laborais de grandes escritórios centralizados para os lares dos trabalhadores, resultando em novas dinâmicas de controle e organização do trabalho. A metodologia adotada é qualitativa, com entrevistas semiestruturadas realizadas com quatro trabalhadores e uma gestora de recursos humanos. Essa abordagem permitiu explorar em profundidade as percepções dos entrevistados sobre a transição para o trabalho remoto, captando suas experiências diante da intensificação do controle digital e da sobrecarga de trabalho, corroborando análises de Harvey (2008) sobre acumulação flexível e controle neoliberal. A análise dos dados revela que, embora a adoção do trabalho remoto tenha gerado uma redução de custos para as empresas e oferecido certa flexibilidade para os trabalhadores, ela também aprofundou a precarização do trabalho. Dentre os principais desafios identificados estão a falta de infraestrutura adequada nas residências, a intensificação da vigilância digital, conforme discutido por Zuboff (2021), e a dificuldade de delimitar fronteiras entre vida pessoal e profissional. Além disso, o impacto dessa reconfiguração espacial foi mais acentuado para trabalhadores de menor poder aquisitivo, reforçando desigualdades socioeconômicas, como analisado por Antunes (2002) e Bridi (2019). Conclui-se que o teletrabalho, longe de proporcionar maior autonomia, reforça mecanismos de controle e exploração sob novas formas, refletindo as contradições do capitalismo informacional discutidas por autores como Castells (1999) e Venco (2006) Abstract: This dissertation investigates the spatial reconfiguration of work in the telemarketing sector in Curitiba, Paraná, focusing on the companies ABL System, Foundever, Services and Bradesco Seguros. The research explores the transformations in the conditions and organization of work, especially after the Covid-19 pandemic, which accelerated the adoption of the remote work model. The concept of "spatial reconfiguration" is used here to understand the migration of labor activities from large centralized offices to workers' homes, resulting in new dynamics of control and work organization. The methodology adopted is qualitative, with semi-structured interviews conducted with four workers and a human resources manager. This approach allowed to explore in depth the perceptions of the respondents about the transition to remote work, capturing their experiences in the face of the intensification of digital control and work overload, corroborating Harvey's (2008) analyses on flexible accumulation and neoliberal control. The analysis of the data reveals that, although the adoption of remote work has generated a cost reduction for companies and offered a certain flexibility for workers, it also deepened the precariousness of work. Among the main challenges identified are the lack of adequate infrastructure in homes, the intensification of digital surveillance, as discussed by Zuboff (2021), and the difficulty of delimiting boundaries between personal and professional life. In addition, the impact of this spatial reconfiguration was more accentuated for workers of lower purchasing power, reinforcing socioeconomic inequalities, as analyzed by Antunes (2002) and Bridi (2019). It is concluded that telework, far from providing greater autonomy, reinforces mechanisms of control and exploitation in new forms, reflecting the contradictions of informational capitalism discussed by authors such as Castells (1999) and Venco (2006)
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