Crescimento, puberdade e estatura final de 63 crianças e adolescentes tratados por tumor do córtex adrenal
Resumo
Resumo: Introdução: A maioria das crianças e adolescentes com tumor do córtex adrenal (TCA) apresenta crescimento acelerado, idade óssea (IO) avançada e previsão da estatura final (PEF) abaixo da estatura alvo (EA) no momento do diagnóstico. A evolução do crescimento e do desenvolvimento puberal após a ressecção do tumor até a estatura final (EF) ainda é pouco conhecida. Objetivos: Descrever o padrão de crescimento, as características da puberdade e avaliar a EF dos pacientes tratados por TCA atendidos na Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Hospital de Clínicas das Universidade Federal do Paraná. Métodos: Estudo retrospectivo incluindo pacientes atendidos entre os anos 1966 e 2021. Foram analisados dados antropométricos e puberais, IO e PEF no momento do diagnóstico e durante o acompanhamento até a EF. Resultados: Sessenta e três pacientes (47 femininos) alcançaram a EF livres de doença. A grande maioria (90%) apresentou virilização ao diagnóstico, sendo 43,5% associada à síndrome de Cushing. Os estádios tumorais I e II representaram 60% da coorte; estádio III, 33% e estádio IV, 5%. A mediana da idade cronológica (IC), da idade estatural (IE) e da IO foram respectivamente de 2,6 (0,0-13,4), 2,7 (0,0 a 10,4) e 5,5 anos (0,6-13,5). A IO óssea foi significativamente maior que a IC e a IE (p<0.01). O escore-Z da estatura (escore-Z-E) foi significativamente maior que o escore-Z da estatura alvo (escore-Z-EA) (p<0,01) no momento do diagnóstico, enquanto o escore-Z da previsão da estatura final (escore Z-PEF) foi significativamente menor que o escore-Z-E e o escore-Z-EA (p<0,01). Não houve diferença no escore-Z-E conforme a produção de esteroides pelo tumor. Durante o acompanhamento, a diferença entre a IO e a IC diminuiu gradativamente. O escore-Z-PEF aproximou-se do escore-Z-EA após 7 anos da ressecção do tumor. A puberdade iniciou após 7 anos (3,2-11,2) do tratamento nas meninas e 7,5 anos (±1,5) nos meninos, com IC respectivamente de 9,3 anos (8,3-11,3) e 9,9 anos (9,2 13,6). Puberdade precoce central (PPC) ocorreu em 9 pacientes (6 meninas). IC ao diagnóstico > 4 anos influenciou a sua ocorrência em regressão múltipla [OR 9,3 (2 45); p<0,01]. A EF foi alcançada após 13,9 anos de acompanhamento. O escore-Z da EF (escore-Z-EF) [-0,77 (-4,47-1,1)] não diferiu do escore-Z-EA [-0,75 (-2,24 a 0,53)] (p=0,3). Seis pacientes alcançaram EF menor que a EA, enquanto 3 a ultrapassaram. Dez casos não tiveram registro da EA, dos quais 2 apresentaram escore-Z-EF < -2. IC ao diagnóstico > 4 anos [OR 13,3 (2,2-75)], tempo entre as manifestações clínicas e o diagnóstico > 1 ano [OR 4,1 (4,3-386)] e ocorrência de PPC [OR 8,6 (5,2-33)] foram independentemente associados a EF < EA (p<0,05). Conclusão: De modo geral, os pacientes tratados por TCA na infância e adolescência atingiram EF semelhante à EA, apesar de apresentarem avanço da maturidade esquelética ao diagnóstico. A idade de início da puberdade foi inferior à da população geral e PPC não foi um achado infrequente Abstract: accelerated growth, advanced bone age (BA) and compromised predicted final height (PFH) at diagnosis. Knowledge about growth and pubertal patterns after tumor resection until the final height (FH) is scarce. Objectives: To present growth pattern, pubertal characteristics and evaluate the FH of patients treated for ACT and followed up at Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Hospital da Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Methods: Retrospective cohort study including patients assisted between 1966 and 2021. Anthropometric and pubertal data, BA and PFH at diagnosis and during follow up until FH were analyzed. Results: A total of 63 patients (47 females) achieved FH free of disease. The vast majority (90%) presented virilization at diagnosis and 43,5% had concomitant Cushing syndrome. Tumor stages I and II represented 62% of the cohort; stage III, 33% and stage IV, 5%. Median chronological age (CA), height age (HA) and BA at diagnosis were respectively 2.6 (0.0-13.4), 2.7 (0,0 a 10,4) and 5.5 years (0.6-13.5). BA was significantly greater than CA and HA (p<0.01). Height standard deviation score (H-SDS) at diagnosis was significantly greater than target height standard deviation score (TH-SDS) (p<0.01), while predicted final height standard deviation score (PAH-SDS) was significantly lower than H-SDS and TH-SDS (p<0.01). There was no difference in H-SDS regarding steroid tumor production. The difference between BA and CA decreased gradually during follow-up and the PAH-SDS moved closer to the TH-SDS 7 years after tumor resection. Puberty started after 7 years (3.2-11.2) of treatment in girls and 7.5 years (±1,5) in boys, with median CA of 9.3 years (8.3-11.3) and 9.9 years (9.2-13.6), respectively. Central precocious puberty (CPP) occurred in nine patients (6 female). CA at diagnosis > 4 years influenced its occurrence in multiple regression [OR 9.3 (2-45); p<0.01]. FH was attained throughout a median follow up time of 13.9 years. Median FH standard deviation score (FH-SDS) [-0.77 (-4.47-1.1)] was not different of median TH-SDS [ 0,75 (-2,24 a 0,53)] (p=0.3). Six patients achieved FH below TH, whereas 3 surpassed it. CA > 4 years at diagnosis [OR 13.3 (2.2-75)], time between clinical manifestation and diagnosis > 1 year [OR 4.1 (4.3-386)] and occurrence of CPP [OR 8.6 (5.2-33)] were independently related to FH < TH (p<0.05). Conclusion: Most patients treated for ACT during childhood attained AH within the TH despite presenting with advanced skeletal maturation at diagnosis. Puberty onset occurred at a younger age compared to general population and development of CPP was not infrequent
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