Produtividade de parte aérea e sistema radicular do capim marandu submetido ao pastoreio rotatínuo e rotativo convencional na região do cerrado

Abstract

Resumo: Como um dos maiores produtores e exportadores globais, o Brasil tem se consolidado como protagonista no setor de carne bovina, tendo o pasto como principal fonte alimentar. No entanto, a produção de forragem é altamente dependente do manejo e das variações sazonais climáticas. Neste sentido, objetivou-se avaliar as características morfológicas, os atributos radiculares e a produção primária de parte aérea e sistema radicular do capim-marandu (Urochloa brizantha cv. Marandu) nas estações das águas, seca e suas transições sob duas estratégias de manejo do pastejo no Cerrado brasileiro. O experimento está instalado em Rondonópolis-MT em um solo de textura argilo-siltosa. Duas estratégias de manejo do pastoreio foram testadas: (1) o conceito de pastoreio rotatínuo (RN), com altura de pré-pastejo de 40 cm e 24 cm de pós-pastejo e; (2) o método de pastoreio rotativo convencional (RT), com 40 cm de altura de pré-pastejo e 15 cm de pós-pastejo. A menor intensidade de pastejo no RN Incrementou significativamente em 55% a produção de forragem e 45% a produção de raízes quando comparado a maior intensidade de pastejo no RT. O RN apresentou taxa de acúmulo de 68,3 116,7 e 100% superior estatisticamente na estação das águas, transição águas-seca e seca, respectivamente, em relação ao RT. O RN incrementou significativamente em 3,4 ciclos de pastejo a mais em relação ao RT, com o maior número de ciclos na estação das águas. A maior intensidade de pastejo no RT aumentou significativamente os períodos de descanso em 7 e 16 dias na estação das águas e na transição águas-seca, respectivamente, em comparação ao RN. Na estação seca, apenas o RN proporcionou um ciclo de pastejo com descanso de 12 dias. O RN apresentou estatisticamente a maior proporção de folhas e menor proporção de colmo e material morto (MM) na MS na estação das águas, em relação ao RT. Na transição águas-seca, ambos os manejos apresentaram a mesma proporção de folhas, porém, o RT obteve maior MM na MS do que colmo em relação ao RN. Os atributos radiculares (comprimento, volume, área e densidade) apresentaram valores significativamente maiores no RN (241,2 cm, 0,22 m3, 28,7 cm2 e 0,17cm.cm-3), e na estação das águas (381,9 cm, 0,34 m3, 43,8 cm2 e 0,27cm.cm 3). Na estação das águas e na transição águas-seca o manejo do pastoreio não afetou significativamente o comprimento específico de raízes finas (CERF) porém, na estação seca e na transição seca-águas, o RN aumentou significativamente o CERF em 66% e 776%, respectivamente, em relação ao RT. A maior taxa de acúmulo de raízes foi observada no RN (11,4 Kg MS.ha-1.dia-1) e na estação das águas (18,5 Kg MS.ha-1.dia-1). A menor intensidade de pastejo (RN) aumenta a produção de biomassa aérea e radicular, melhora a qualidade estrutural da planta e promove estratégias de adaptação. A estação do ano afeta o crescimento das plantas forrageiras, com maiores resultados na estação das águas e desafios na estação seca, destacando a importância de métodos de pastoreio adaptativos

Abstract: As one of the largest global producers and exporters, Brazil has consolidated its position as a leading player in the beef sector, with pasture as its main food source. However, forage production is highly dependent on management and seasonal climate variations. In this sense, the objective of this study was to evaluate the morphological characteristics, root attributes and primary production of the aerial part and root system of Marandu grass (Urochloa brizantha cv. Marandu) during the rainy and dry seasons and their transitions under two grazing management strategies in the Brazilian Cerrado. The experiment was carried out in Rondonópolis-MT on a clayey-silty soil. Two grazing management strategies were tested: (1) the rotational grazing (RN) concept, with a pre-grazing height of 40 cm and a post-grazing height of 24 cm and; (2) the conventional rotational grazing method (RT), with 40 cm pre-grazing height and 15 cm post-grazing height. The lower grazing intensity in RN significantly increased forage production by 55% and root production by 45% when compared to the higher grazing intensity in RT. RN presented an accumulation rate of 68.3, 116.7 and 100% statistically higher in the rainy season, rainy-dry transition and dry season, respectively, in relation to RT. RN significantly increased grazing cycles by 3.4 more in relation to RT, with the highest number of cycles in the rainy season. The higher grazing intensity in RT significantly increased rest periods by 7 and 16 days in the rainy season and in the rainy-dry transition, respectively, in comparison to RN. In the dry season, only RN provided a grazing cycle with a 12-day rest period. The RN presented statistically the highest proportion of leaves and the lowest proportion of stem and dead material (MM) in the DM in the rainy season, in relation to the RT. In the rainy-dry transition, both managements presented the same proportion of leaves, however, the RT obtained a higher MM in the DM than stem in relation to the RN. The root attributes (length, volume, area and density) presented significantly higher values in the RN (241.2 cm, 0.22 m3, 28.7 cm2 and 0.17 cm.cm-3), and in the rainy season (381.9 cm, 0.34 m3, 43.8 cm2 and 0.27 cm.cm-3). In the rainy season and in the rainy-dry transition, the grazing management did not significantly affect the specific length of fine roots (CERF); however, in the dry season and in the dry-rainy transition, the RN significantly increased the CERF by 66% and 776%, respectively, in relation to the RT. The highest root accumulation rate was observed in RN (11.4 kg DM.ha-1.day-1) and in the rainy season (18.5 kg DM.ha-1.day-1). Lower grazing intensity (RN) increases the production of aerial and root biomass, improves the structural quality of the plant and promotes adaptation strategies. The season of the year affects the growth of forage plants, with greater results in the rainy season and challenges in the dry season, highlighting the importance of adaptive grazing methods