A maternidade entre o conservadorismo e a revolução : os embates entre integralistas e anarquistas no Brasil (1932-1937)
Resumo
Resumo: Este trabalho tem como objetivo trazer uma análise comparativa entre o Integralismo e o Anarquismo no Brasil a respeito dos temas da maternidade e da normatização do feminino, com o recorte temporal estabelecido de 1932 a 1937 por conta das delimitações das fontes históricas. Para isso, foram utilizadas como fontes o jornal integralista A Offensiva e o jornal anarquista A Plebe, além do livro Amai e não vos multipliqueis da Maria Lacerda de Moura, lançado em 1932, para complementar as análises anarquistas do último ano, visto que A Plebe passou por algumas interrupções advindas das perseguições políticas. As análises dos recortes das fontes foram realizadas com o intuito de evidenciar as diferenças fundamentais entre as concepções de maternidade que ambos os grupos defendem, como a influência da religião, a submissão feminina e a maternidade intrínseca à mulher para os integralistas, em contraste com os discursos anarquistas de emancipação feminina, o anticlericalismo e o antiestatismo. Para isso, foram utilizados os conceitos foucaultianos de biopoder, entendido pelo controle e pela docilização dos corpos, de modo que o biológico reflete no político; os micropoderes, em que as técnicas de dominação inseridas no cotidiano impactam diretamente os corpos dos indivíduos; o dispositivo da sexualidade, que estabelece um regime de prazer e busca a normatização do comportamento sexual; a medicina social, que aliada ao capitalismo, faz dos corpos realidades biopolíticas e da medicina uma estratégia de instrumentalização do controle. Dito isso, conclui-se este trabalho analisando as continuidades dos discursos na contemporaneidade, bem como as movimentações políticas, de enrijecimentos e de transformações, e como as diretrizes integralistas e anarquistas ressoam nos dias atuais Abstract: In this dissertation, we present a comparative analysis between Integralism and Anarchism regarding the themes of motherhood and the regulation of femininity. Due to limitations of the source, within the established time frame of 1932 to 1937. For this purpose, the sources used were the Integralism newspaper A Offensiva and the Anarchist newspaper A Plebe, as well as the book "Amai e não vos multipliqueis" by Maria Lacerda de Moura, published in 1932, to complement the anarchist analyses of the last year, given that A Plebe experienced some interruptions due to political persecution. The analysis of the source excerpts was conducted to highlight fundamental differences and identify the origin of conceptions that structure both groups, including the influence of religion, female submission and motherhood as intrinsic to women, contrasted with discourses on female emancipation, anti-clericalism, and anti-statism. Employing Foucault's concepts of biopower, which is identified in control and docilization of bodies in order that biological reflects in the institutional politics, micropower, in which techniques of domination embedded in everyday life directly impact bodies of individuals, dispositif of sexuality, which establishes a regime of pleasure and seeks normalization of sexual behavior, social medicine, which, linked to capitalism, makes bodies biopolitical realities and medicine a strategy for instrumentalizing control, were used. Finally, this work concludes by analyzing continuities of discourses in the contemporary systematic structure, as well as political movements of regression and progression, and how Integralism and Anarchist guidelines are presented today
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