Influência da gestão do conhecimento na resiliência econômica nos contextos brasileiro e europeu durante as crises de 2020 a 2022

Abstract

Resumo: Apesar da literatura defender que a gestão do conhecimento e a eficiência da gestão das cadeias de suprimento, entre outros fatores, influenciam positivamente o nível de resiliência econômica das organizações, pouca comprovação objetiva de tais efeitos estão disponíveis. Para enfrentar essa lacuna, a presente pesquisa investigou, por meio de uma revisão sistemática da literatura e de análises quantitativas a partir de dados abertos, a influência da gestão do conhecimento na resiliência, bem como o efeito interveniente da gestão da cadeia de suprimentos no contexto brasileiro e europeu, durante o período de 2020 a 2022, no qual ocorreram as crises decorrentes da pandemia de Covid-19 e da guerra entre Rússia e Ucrânia, sendo que as análises consideraram os recortes nacionais e o recorte regional europeu de nível nuts2. Restou evidenciada, com fulcro na literatura, que existem noventa e oito fatores intervenientes, distribuídos em 4 grandes grupos, incluindo dentre estes a gestão da cadeia de suprimentos, resultando na proposição de um modelo. Por este fato, e por serem características no nível organizacional, esta relação não pode ser plenamente analisada e explicada considerando apenas alguns indicadores e, preferencialmente, deve ser realizada no nível organizacional. Corroborando com esse diagnóstico, para os recortes regionais e nacionais considerados, nenhum dos indicadores analisados para a gestão do conhecimento apresentou correlação relevante. Já quando considerada a interveniência da gestão da cadeia de suprimentos, por meio da filtragem das dez regiões com maior preponderância da indústria automobilística na Europa, oito indicadores apresentaram correlação relevante, sendo seis destes positivos e duas negativos. Deste modo, não apenas a interveniência restou confirmada como ela se mostrou intensa, dada a diferença apresentada no comportamento dos indicadores analisados, ainda que não avaliada a covariância entre elas. Entre as limitações, destaca-se a dificuldade em identificar dados disponíveis para avaliar o conjunto de todos os fatores intervenientes bem como a dificuldade na obtenção de indicadores padronizados destes para as regiões e estados brasileiros. Pesquisas futuras podem avaliar o modelo proposto e conduzir a análise no nível organizacional, por meio de estudo de caso ou de múltiplos casos, para validar e evoluir o modelo, bem como reavaliar a relevância do efeito interveniente da gestão da cadeia de suprimentos. Propõe-se ainda que, por meio de técnicas como as equações estruturantes, se avance na compreensão da intensidade dos efeitos intervenientes dos fatores identificados, a partir de estudos no nível organizacional. Os resultados da presente pesquisa possuem o potencial de subsidiar uma maior intensidade e frequência da implementação das práticas de gestão do conhecimento nas organizações e também a priorização de políticas governamentais, uma vez que a resiliência das empresas sustenta, em parte, a resiliência das próprias regiões e nações onde atuam, possuindo, portanto, interesse público e social

Abstract: Although the literature suggests that knowledge management and efficient supply chain management, among other factors, positively influence the level of economic resilience of organizations, there is limited objective evidence to substantiate these effects. To address this gap, the present research investigated, through a systematic literature review and quantitative analyses based on open data, the influence of knowledge management on resilience, as well as the intervening effect of supply chain management in the Brazilian and European contexts during the period from 2020 to 2022, marked by the crises arising from the COVID-19 pandemic and the Russia- Ukraine war. The analyses considered both national and regional European NUTS2 levels. The study, grounded in the literature, identified ninety-eight intervening factors distributed across four major groups, including supply chain management, leading to the proposition of a model. Due to these factors and their organizational-level characteristics, this relationship cannot be fully analyzed and explained by considering only a few indicators and should preferably be conducted at the organizational level. Supporting this diagnosis, none of the knowledge management indicators analyzed for the national and regional contexts showed significant correlations. However, when considering the intervening effect of supply chain management, filtered through the ten regions with the highest prevalence of the automotive industry in Europe, eight indicators showed significant correlations—six positives and two negatives. Thus, not only was the intervening effect confirmed, but it also proved to be intense, given the differences in the behavior of the analyzed indicators, although the covariance between both was not assessed. Among the limitations, the difficulty in identifying available data to evaluate all intervening factors, as well as the challenge in obtaining standardized indicators for Brazilian regions and states, stands out. Future research could evaluate the proposed model and conduct the analysis at the organizational level, through case studies or multiple case studies, to validate and further develop the model, as well as reassess the relevance of the intervening effect of supply chain management. It is also suggested that, using techniques such as structural equations, the understanding of the intensity of the intervening effects of the identified factors be advanced, based on studies at the organizational level. The results of the present research have the potential to support the more frequent and intense implementation of knowledge management practices in organizations, as well as the prioritization of government policies, since the resilience of companies partly sustains the resilience of the regions and nations where they operate, thus holding public and social interest