Vulnerabilidade e impactos das mudanças climáticas no Brasil
Resumo
Resumo: O objetivo desta Tese é analisar a vulnerabilidade às mudanças climáticas no Brasil, identificando os seus fatores explicativos, e avaliar os impactos econômicos decorrentes dessas mudanças. No primeiro ensaio, avalia-se a vulnerabilidade às mudanças climáticas nos municípios brasileiros. Para tal, foi elaborado um Índice de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas Municipal à luz da análise fatorial e da análise exploratória de dados espaciais. Verificou-se que as regiões Norte e Nordeste concentram os municípios mais vulneráveis às mudanças climáticas, enquanto as regiões Sul, Sudeste e o Distrito Federal concentram os menos vulneráveis. A principal variável associada à vulnerabilidade nos municípios nordestinos é a baixa capacidade adaptativa e nos municípios nortistas é a elevada exposição. Ademais, as regiões Nordeste e Norte contêm os municípios com os menores níveis de capacidade adaptativa em função dos piores indicadores socioeconômicos. Quanto a sensibilidade, os municípios mais vulneráveis se localizam no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Paraná, Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul devido à maior dependência da agropecuária, à parcela de indivíduos residindo no meio rural e ao maior número de mortes por doenças climáticas. Quanto à exposição, os municípios mais vulneráveis ficam em Rondônia, Pará, Acre, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, locais caraterizados por elevados níveis de emissões de GEE, alto grau depredação de áreas naturais e expressivos aumento de temperatura e redução de precipitação. No segundo ensaio são examinados os impactos das mudanças climáticas na produtividade agrícola brasileira, considerando os transbordamentos espaciais. Para tanto, são estimados os efeitos das mudanças nos desvios de precipitação e de temperatura sobre as produtividades do milho, feijão, cana-de-açúcar, laranja, arroz, café, soja e trigo entre 1994 e 2015 com modelos econométricos espaciais e não espaciais e são projetadas as variações nessas produtividades entre 2023 e 2052. Os resultados indicam que o café, o trigo e a soja sofrerão as maiores perdas de rendimentos e o arroz, o feijão e a cana-de-açúcar as menores. Ademais, as UF’s do Sul e Centro-Oeste tenderão a sofrer os maiores recuos nos rendimentos agrícolas e as do Norte e Nordeste os menores, o que está atrelado as anomalias climáticas projetadas para o primeiro grupo. No terceiro ensaio foram projetados os efeitos das variações estimadas na produtividade agrícola sobre a economia brasileira, permitindo analisar as vulnerabilidades econômicas das UF’s decorrentes dessas alterações. Os impactos são projetados para o período 2023–2052, sob os cenários RCP 2.6 e RCP 8.5 do IPCC, a partir do modelo de Equilíbrio Geral Computável TERM-BR-AGRO. Verificou-se que para a maioria das culturas as perdas de produtividade, resultariam em recuos no PIB, consumo, investimento, exportações, importações, emprego, salários e estoque de capital. Alagoas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Paraná sofreram as maiores retrações no PIB, enquanto Roraima, Paraíba, Sergipe, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte denotariam as menores. Esses resultados são atribuídos à localização das piores anomalias climáticas projetadas e a maior relevância econômica dos setores mais prejudicados pelos choques climáticos para o primeiro grupo Abstract: The aim of this thesis is to analyze vulnerability to climate change in Brazil, identifying its explanatory factors, and assess the economic impacts resulting from these changes. In the first essay, vulnerability to climate change in Brazilian municipalities is evaluated. For this purpose, a Municipal Climate Change Vulnerability Index was developed using factor analysis and exploratory spatial data analysis. It was found that the North and Northeast regions concentrate the most vulnerable municipalities to climate change, while the South, Southeast, and the Federal District concentrate the least vulnerable ones. The main variable associated with vulnerability in Northeastern municipalities is low adaptive capacity, while in Northern municipalities it is high exposure. Furthermore, the Northeast and North regions contain municipalities with the lowest levels of adaptive capacity due to worse socioeconomic indicators. Regarding sensitivity, the most vulnerable municipalities are located in Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Paraná, Pará, Mato Grosso, and Mato Grosso do Sul due to greater dependence on agriculture, the proportion of individuals living in rural areas, and the higher number of deaths from climate-related diseases. As for exposure, the most vulnerable municipalities are in Rondônia, Pará, Acre, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, and Paraná, characterized by high levels of greenhouse gas emissions, a high degree of natural area degradation, and significant temperature increase and precipitation reduction. In the second essay, the impacts of climate change on Brazilian agricultural productivity are examined, considering spatial spillovers. Therefore, the effects of changes in precipitation and temperature deviations on the productivities of corn, beans, sugarcane, oranges, rice, coffee, soybeans, and wheat between 1994 and 2015 are estimated with spatial and non-spatial econometric models, and variations in these productivities between 2023 and 2052 are projected. The results indicate that coffee, wheat, and soybeans will suffer the greatest yield losses, while rice, beans, and sugarcane will suffer the least. Furthermore, states in the South and Midwest will tend to experience the greatest declines in agricultural yields, while those in the North and Northeast will experience the smallest declines, which is linked to the climate anomalies projected for the first group. In the third essay, the effects of estimated variations in agricultural productivity on the Brazilian economy were projected, allowing for an analysis of the economic vulnerabilities of the states resulting from these changes. The impacts are projected for the period 2023–2052, under the RCP 2.6 and RCP 8.5 scenarios from the IPCC, using the TERM-BR-AGRO Computable General Equilibrium model. It was found that for most crops, productivity losses would result in declines in GDP, consumption, investment, exports, imports, employment, wages, and capital stock. Alagoas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, and Paraná would experience the greatest GDP contractions, while Roraima, Paraíba, Sergipe, Rio de Janeiro, and Rio Grande do Norte would experience the smallest. These results are attributed to the location of the projected worst climate anomalies and the greater economic relevance of sectors most affected by climate shocks for the first group
Collections
- Teses [81]