¨Tudo que é imaginário existe, é e tem¨ : grupo de ouvidores de vozes no Sistema Único de Saúde
Resumo
Resumo: Introdução: Os Grupos de Ouvidores de Vozes surgiram como uma ferramenta de cuidado, pertencimento e luta contra o preconceito com relação às pessoas que ouvem vozes, vinculado ao Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes. Esse movimento busca respeito, autonomia, compreensão e direitos para pessoas que escutam vozes, e se constitui hoje ao redor do mundo como espaços de desinstitucionalização e recovery. Objetivo: Compreender como se deu o desenvolvimento de um grupo de Ouvidores de Vozes na Rede Pública de Saúde de Curitiba e explorar estratégias de apoio mútuo e enfrentamento de participantes. Método: tratou-se de pesquisa qualitativa, caracterizada como pesquisa-ação, na qual o grupo foi criado e a pesquisadora também era trabalhadora. A coleta de dados foi a partir de entrevistas em profundidade, áudio-gravadas, e diário de campo, posteriormente tudo foi transcrito e analisado pela metodologia de análise do conteúdo. As entrevistas foram realizadas em 2020, com perguntas norteadoras sobre a experiência de ouvir vozes, a forma com que os participantes lidam com esse fenômeno, bem como sobre a vivência no Grupo de Ouvidores de Vozes. Os participantes das entrevistas foram pessoas com mais de 18 anos, que estavam em tratamento em um Centro de Atenção Psicossocial em Curitiba, e participaram do grupo de ouvidores de vozes por pelo menos um mês. Resultados: Foram realizadas quatro entrevistas e uma reentrevista. Encontrou-se quatro categorias de análise: experiências relatadas, impacto das vozes na vida, formas de enfrentar e vivência do Grupo de Ouvidores de Vozes. Também foi descrita detalhadamente a construção e os fundamentos de um Grupo de Ouvidores de Vozes, a partir do diário de campo, demonstrando seus processos de gestão compartilhada e horizontalidade. Conclusão: Os grupos de ouvidores de vozes observados se constituem enquanto espaços de pertencimento e apoio para os participantes. Essas pessoas tinham suas próprias estratégias para lidar com as vozes, a participação no grupo de Ouvidores de Vozes permitiu esse compartilhamento, com possível ampliação de recursos. Atualmente a Organização Mundial da Saúde estimula o desenvolvimento de grupos como estes, que valorizem a experiência vivida, embasados no respeito mútuo e respeito aos direitos das pessoas como exemplos de boa prática em serviços comunitários de saúde mental. Abstract: Introduction: The Voice Hearing Groups emerged as a tool for caring, belonging and fighting prejudice against people who hear voices, linked to the International Movement of Voice Hearers. This movement seeks respect, autonomy, understanding and rights for people who listen to voices, and today it is constituted around the world as spaces for deinstitutionalization and recovery. Objective: To understand how the development of a group of Voice Ombudsmen in the Public Health Network in Curitiba took place and to explore strategies for mutual support and coping with participants. Method: this was a qualitative research, characterized as action research, in which the group was created and the researcher was also a worker. Data collection was from in-depth interviews, audio-recorded, and field diary, later everything was transcribed and analyzed using the content analysis methodology. The interviews were conducted in 2020, with guiding questions about the experience of hearing voices, the way in which the participants deal with this phenomenon, as well as their experience in the Voice Hearing Group. The interview participants were people over 18 years old, who were undergoing treatment at a Psychosocial Care Center in Curitiba, and who participated in the group of voice listeners for at least a month. Results: Four interviews and one re-interview were carried out. Four categories of analysis were found: reported experiences, impact of voices on life, ways of coping and experience of the Voice Ombudsman Group. The construction and foundations of a Group of Voice Ombudsmen were also described in detail, based on the field diary, demonstrating their shared management processes and horizontality. Conclusion: The groups of voice hearers observed constitute spaces of belonging and support for the participants. These people had their own strategies to deal with voices, the participation in the Voice Ombudsmen group allowed this sharing, with possible expansion of resources. Currently, the World Health Organization encourages the development of groups like these, which value the lived experience, based on mutual respect and respect for people's rights as examples of good practice in community mental health services.
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