Bradicinesia e desempenho muscular isocinético na Doença de Parkinson : repercussões de um treinamento aquático multicomponente
Resumo
Resumo: Introdução: As manifestações clínicas da doença de Parkinson (DP) incluem sintomas não motores e motores, dentre eles, a bradicinesia, necessária ao diagnóstico clínico. O desempenho muscular e a bradicinesia se relacionam compartilhando de mecanismos fisiológicos. A abordagem por meio do exercício físico, principalmente o de fortalecimento, é reconhecido como terapêutica. No entanto, pessoas com DP necessitam de um tratamento amplo, que contemple diferentes capacidades físicas, como o treinamento multicomponente, capaz de gerar incrementos no desempenho muscular, mobilidade e equilíbrio. O ambiente aquático, por sua vez, é responsável por estimular essas capacidades citadas anteriormente, além de promover segurança na execução desses exercícios devido as propriedades físicas da água. Entretanto, não se sabe se esse tipo de treinamento é capaz de promover alterações benéficas no que tange a bradicinesia. Também faltam informações sobre os efeitos do treinamento executado em imersão e, consequentemente, a impossibilidade de comparação de efeitos entre treinos em solo e aquático. Objetivo: Analisar os efeitos de um programa de Treinamento Aquático Multicomponente (MAT) na bradicinesia e desempenho muscular isocinético em pessoas com DP. Métodos: Estudo quase-experimental, longitudinal, de delineamento com único grupo por meio de medidas repetidas e amostragem por conveniência. Foram realizadas avaliações no período controle de 4 semanas, pré e pós-intervenção de 12 semanas por meio do MAT, e seguimento de 4 semanas. As variáveis analisadas foram a bradicinesia e o desempenho muscular. A bradicinesia foi avaliada por meio da subescala de bradicinesia da Escala unificada de avaliação da doença de Parkinson (BRAD), do teste de incoordenação bradicinesia-acinesia para pontuação de cinesia (BRAIN KS) e pontuação de acinesia (BRAIN AT), do teste de caminhada de 10 metros para determinar velocidade da marcha habitual (VM) e máxima (VMAX) e teste de levantar e caminhar cronometrado (TUG). Aspectos relacionados ao desempenho muscular de joelho e quadril foram avaliados por meio do dinamômetro isocinético sendo eles o pico de torque, a potência média, o tempo para atingir o pico de torque e o tempo para aceleração. A análise estatística foi realizada pelo programa estatístico SPSS 20.0 adotando-se o valor de p < 0,05 para diferenças significativas. A normalidade foi avaliada por meio do teste de Shapiro-Wilk e a comparação entre os momentos, para verificar o efeito do tratamento, foi realizado pelo teste não paramétrico de Friedman, complementado pelo teste de comparações múltiplas DMS. As estatísticas descritivas foram expressas como a média, desvio padrão, mediana, mínimo e máximo. Resultados: A amostra foi composta por 28 indivíduos, 13 do sexo feminino (46,42%) e 15 do sexo masculino (53,58%) com média de idade de 62,44 (±7,72) anos e pontuação na escala de Hoehn e Yahr 1 (7,14%), 2 (67,86%) e 3 (25%). Os ganhos obtidos após o MAT no aspecto bradicinesia foram na BRAD (p=0,00001) com tamanho de efeito médio (0,330), BRAIN KS no lado contralateral ao início da doença(p=0,003) com tamanho de efeito pequeno (0,165), TUG (p=0,00001) com tamanho de efeito grande (0,525), VM e VMAX (p=0,00001; p=0,00001), com tamanho de efeito grande (0,565 e 0,565, respectivamente). Em relação ao desempenho muscular de joelho, apresentaram efeitos positivos após o MAT, o tempo para aceleração no movimento de flexão no lado em que a doença iniciou a 90o/s (p=0,03) e a 180o/s (p=0,001), com tamanho de efeito pequeno (0,166 e 0,202 respectivamente); e pico de torque na extensão a 180o/s no lado em que a doença iniciou (p=0,001) e no contralateral (p=0,014), com tamanho de efeito pequeno (0,199 e 0,126 respectivamente). Em relação ao quadril, houve melhora após o MAT no tempo para aceleração na flexão a 90o/s no lado inicial (p=0,01) com tamanho de efeito pequeno (0,134) e potência média a 180o/s no lado inicial, tanto na extensão (0,021) como na flexão (0,034) com tamanho de efeito pequeno (0,115 e 0,103, respectivamente). Houve retenção dos ganhos no seguimento apenas no tempo para aceleração na flexão de joelho no lado em que a doença iniciou a 90o/s. Conclusão: O MAT foi capaz de proporcionar efeitos benéficos na bradicinesia e desempenho muscular em pessoas com DP nos estágios leve a moderado, sendo uma possibilidade terapêutica eficiente no manejo destes sintomas. Reforça-se a necessidade de um tratamento continuado para que o estímulo seja constante e os ganhos mantidos e aprimorados Abstract: Introduction: The clinical manifestations of Parkinson's disease (PD) include nonmotor and motor symptoms, among them bradykinesia, necessary for clinical diagnosis. Muscle performance and bradykinesia are related by sharing physiological mechanisms. Approach through physical exercise, especially strengthening exercise, is recognized as therapeutic. However, people with PD need a broad treatment, which includes different physical abilities, such as multicomponent training, able to generate increases in muscle function, mobility and balance. The aquatic environment, in turn, is responsible for stimulating these capabilities mentioned above, in addition to promoting safety when performing these exercises due to the physical properties of water. It is unknown, however, whether this type of training is capable to promote beneficial changes in terms of bradykinesia nor the effects on the aquatic environment, a safe and challenging environment for this population. Objective: To analyze the effects of a Multicomponent Aquatic Training (MAT) program on bradykinesia and isokinetic muscle performance in people with PD. Methods: Quasi-experimental study, longitudinal, with a single group design using repeated measures and convenience sampling. Assessments were carried out in the 4-week control period, 12-week pre and post-intervention period using the MAT, and 4-week follow-up. The variables analyzed were bradykinesia and muscular performance. Bradykinesia was assessed using the bradykinesia subscale of the Unified Parkinson's Disease Rating Scale (BRAD), the bradykinesia-akinesia incoordination test for kinesia score (BRAIN KS) and akinesia score (BRAIN AT), the 10-meter walk to determine habitual (GS) and maximum (MAXGS) gait speed and timed get up and go test (TUG). Aspects related to knee and hip muscle performance were evaluated using an isokinetic dynamometer, including peak torque, average power, time to reach peak torque and time to accelerate. Statistical analysis was performed using the SPSS 20.0 statistical program, adopting a value of p < 0.05 for significant differences. Normality was assessed using the Shapiro-Wilk test and comparison between moments, to verify the effect of treatment, was performed using the Friedman non-parametric test, complemented by the DMS multiple comparison test. Descriptive statistics were expressed as the mean, standard deviation, median, minimum and maximum. Results: The sample consisted of 28 individuals, 13 females (46.42%) and 15 males (53.58%) with a mean age of 62.44 (±7.72) and Hoehn and Yahr 1 (7.14%), 2 (67.86%) and 3 (25%). The gains obtained after MAT in the bradykinesia aspect were in BRAD (p=0.00001) with a medium effect size (0.330), BRAIN KS on the side contralateral to the onset of the disease (p=0.003) with a small effect size (0.165) , TUG (p=0.00001) with a large effect size (0.525), GS and MAXGS (p=0.00001; p=0.00001), with a large effect size (0.565 and 0.565, respectively). In relation to knee muscle performance, there were positive effects after MAT, the time for acceleration in the flexion movement on the side where the disease started at 90o/s (p=0.03) and 180o/s (p=0.001 ), with a small effect size (0.166 and 0.202 respectively); and peak torque in extension at 180o/s on the side where the disease started (p=0.001) and on the contralateral side (p=0.014), with a small effect size (0.199 and 0.126 respectively). In relation to the hip, there was an improvement after MAT in the time for acceleration in flexion to 90o/s on the initial side (p=0.01) with a small effect size (0.134) and average power to 180o/s on the initial side, both in extension (0.021) and in flexion (0.034) with a small effect size (0.115 and 0.103, respectively). There was retention of gains in the follow-up only in the time for acceleration in the flexion movement on the side where the disease started at 90o/s. Conclusion: MAT was able to provide beneficial effects on bradykinesia and muscular performance in people with PD in the mild to moderate stages, becoming an efficient therapeutic possibility in the management of these symptoms. Reinforce the need for continued treatment so that the stimulus is constant and the gains are maintained and improved
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