Perfil sociodemográfico e distribuição da população diagnosticada com HIV sem tratamento antirretroviral na Região Metropolitana de Curitiba, Paraná

Abstract

Resumo: A terapia antirretroviral interfere na replicação do vírus HIV, impede a progressão da infecção para a Aids e previne a morbidade e mortalidade precoce das pessoas infectadas. Apesar da orientação de tratamento antirretroviral logo após o diagnóstico do HIV, muitas pessoas ainda permanecem sem tratamento antirretroviral (em gap de tratamento). Portanto, esta pesquisa buscou investigar o perfil sociodemográfico, a distribuição geográfica, e os parâmetros relacionados ao gap de tratamento antirretroviral das pessoas HIV positivas de Curitiba e região metropolitana (RMC), Paraná. Trata-se de um estudo observacional descritivo, delineamento transversal, desenvolvido com dados secundários dos anos de 2018 (pré-pandemia de Covid-19) e 2023 (pós-pandemia). Foram identificadas 1.141 pessoas em gap de tratamento antirretroviral na RMC. Predominaram as pessoas do sexo masculino (62,21%), faixa etária entre 30 a 49 anos (52,65%) cor da pele branca (59,22%) e ensino médio incompleto (22,80%). Do total de pessoas em gap de tratamento, 331 pessoas (22,20%) foram diagnosticadas em estágio de imunodeficiência grave, característico da Aids. Na distribuição geográfica do gap, o município de Colombo liderou com a maior taxa de prevalência, seguido pelos municípios de Pinhais, Piraquara, São José dos Pinhais, Curitiba e Almirante Tamandaré. Entretanto, os casos de gap associado à imunodeficiência grave (<200 células LT-CD4+/mm3 de sangue) foram identificados principalmente em Bocaiúva do Sul, Colombo, Piraquara e Almirante Tamandaré. Neste quesito, Curitiba se destacou positivamente, com a menor taxa de prevalência entre os municípios com pessoas em gap com imunossupressão grave. Portanto, os resultados demonstraram que os municípios da RMC apresentam grande heterogeneidade de estrutura de serviços de saúde e de fatores sociodemográficos, os quais parecem interferir diretamente no gap de tratamento, uma vez que estas condições influenciam no acesso ao diagnóstico oportuno e na retenção das pessoas diagnosticadas com HIV aos serviços de saúde. Além de ajustes necessários nos serviços de saúde, tornam-se necessárias ações sobre os determinantes sociais. Estas intervenções proporcionariam maior sucesso nas ações de prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV, além de melhor qualidade e expectativa de vida da população infectada.

Abstract: Antiretroviral therapy interferes with the replication of the HIV virus, prevents the progression of infection to AIDS and prevents early morbidity and mortality in infected people. Despite antiretroviral treatment guidance soon after HIV diagnosis, many people still remain without antiretroviral treatment (in a treatment gap). Therefore, this research sought to investigate the sociodemographic profile, geographic distribution, and parameters related to the antiretroviral treatment gap of HIV-positive people in the Metropolitan Region of Curitiba (RMC), Paraná. This is a descriptive observational study, cross-sectional design, developed with secondary data from the years 2018 (pre-Covid-19 pandemic) and 2023 (post-pandemic). 1,141 people were identified in an antiretroviral treatment gap in the RMC. Males predominated (62.21%), aged between 30 and 49 years (52.65%), white skin color (59.22%) and incomplete secondary education (22.80%). Of the total number of people in a treatment gap, 331 people (22.20%) were diagnosed in the severe immunodeficiency stage, characteristic of AIDS. In the geographical distribution of the gap, the municipality of Colombo led with the highest prevalence rate, followed by the municipalities of Pinhais, Piraquara, São José dos Pinhais, Curitiba and Almirante Tamandaré. However, cases of gap associated with severe immunodeficiency (<200 LT-CD4+ cells/mm3 of blood) were identified mainly in Bocaiúva do Sul, Colombo, Piraquara and Almirante Tamandaré. In this regard, Curitiba stood out positively, with the lowest prevalence rate among municipalities with people in the gap with severe immunosuppression. Therefore, the results demonstrated that the municipalities of the RMC present great heterogeneity in the structure of health services and sociodemographic factors, which seem to directly interfere in the treatment gap, since these conditions influence access to timely diagnosis and retention of people. diagnosed with HIV to health services. In addition to adjustments to health services, actions on social determinants would be necessary. These measures provided greater success in HIV prevention, diagnosis and treatment actions, in addition to better quality and life expectancy for the infected population.