Efeito do tratamento preventivo com resolvina D5 e seu precursor ácido docosahexanóico sobre comportamento de ansiedade associado ao estresse agudo : uma abordagem pré-clínica em ratos machos e fêmeas
Resumo
Resumo: As evidências apontam que o estresse tem implicações significativas na suscetibilidade individual a transtornos psiquiátricos, como ansiedade e transtornos de humor. Vários estudos demonstram que um episódio de estresse já provoca uma série de alterações celulares e moleculares em áreas límbicas prejudicando a modulação das respostas emocionais, ou seja, favorecendo a Ansiedade e/ou Depressão. Sabe-se que na ausência de uma rápida resolução da resposta inflamatória causada pelo estresse agudo, pode ocorrer inflamação crônica. Nesse sentido, a Resolvina D5 (RvD5), um mediador lipídico pró-resolução especializado na resolução de processos inflamatórios, pode apresentar potencial terapêutico promissor. O RvD5 é biossintetizado a partir do ácido docosahexaenóico (DHA) e demonstra características antioxidantes, antiinflamatórias e ansiolíticas. Assim, no presente estudo, investigamos primeiramente se haveria diferença entre os sexos quanto à resposta do tipo ansiedade precedida por estresse agudo de contenção (ECA) e se o efeito seria duradouro. Para isto, ratos Wistar (fêmeas e machos) foram expostos ao ECA (2 horas) e foi realizado o Teste do Labirinto em Cruz Elevado (LCE) seguido do Teste de Campo Aberto (CA) 24 horas após o ECA e o Teste de Transição Claro/Escuro (TCE) 6 dias depois. No experimento seguinte, os ratos foram tratados 8 dias consecutivos com DHA (0, 100 ou 400 mg/kg; v.o.) ou RvD5 (0, 1, 3 ou 10 ng/animal; i.p.). Pelo menos duas horas após o último tratamento, foram submetidos ao ECA e avaliados pelos mesmos testes e cronograma citados acima. Imediatamente após o CA, metade dos animais teve os hipocampos coletados para quantificação de citocinas pró-inflamatórias. Para determinar se os efeitos do DHA e/ou RvD5 eram dependentes do fator de estresse, no último experimento realizamos o mesmo protocolo de tratamento e testes comportamentais, utilizando apenas doses eficazes, mas em ratos não expostos ao estresse. Nossos dados demonstraram que o ECA induziu uma resposta semelhante à ansiedade mais pronunciada em curto e longo prazo, sendo os ratos machos mais suscetíveis ao evento estressante. O RvD5 e o DHA preveniram comportamentos ansiosos mais pronunciados em ratos machos e fêmeas, embora as fêmeas fossem mais sensíveis aos tratamentos e demonstrassem um efeito duradouro após o término dos tratamentos. Além disso, o tratamento evitou o aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias no hipocampo de animais estressados. Finalmente, demonstramos que o efeito preventivo destes compostos em respostas pronunciadas do tipo ansiedade ocorre apenas em animais submetidos a estresse agudo, ou seja, parece ser dependente de eventos estressantes anteriores. Para concluir, os nossos resultados indicam que, embora as fêmeas tenham uma melhor resposta, o tratamento contínuo com DHA ou RvD5 pode apresentar efeitos promissores na prevenção de respostas de ansiedade ligadas a eventos estressantes, independentemente do sexo. Abstract: Evidence points out that stress has significant implications on individual susceptibility to psychiatric disorders, such as anxiety and humor disorders. Several studies demonstrate that an episode of stress already causes a series of cellular and molecular changes in limbic areas impairing the modulation of emotional responses, i.e. favoring Anxiety and/or Depression. It is known that in the absence of a rapid resolution of the inflammatory response caused by acute stress, chronic inflammation may occur. In that sense, Resolvin D5 (RvD5), a pro-resolving lipid mediator specialized in resolving inflammatory processes, may present promising therapeutic potential. The RvD5 is biosynthesized from Docosahexaenoic Acid (DHA) and demonstrates antioxidant, anti-inflammatory, and anxiolytic/antidepressant characteristics. Thus, in the present study, we first investigated whether there would be a difference between the sexes regarding the anxiety-like response preceded by acute restraint stress (ARS) and whether the effect would be long-lasting. For that, Wistar rats (female and male) were exposed to ARS (2 hours) and we performed the Elevated Plus Maze (EPM) Test followed by the Open Field Test (OFT) 24 hours after ARS and Light/Dark Transition (LDT) test 6 days later. In the next experiment, the rats were treated 8 consecutive days with DHA (0, 100 or 400 mg/kg; p.o.) or RvD5 (0, 1, 3 or 10 ng/animal; i.p.). At least two hours after the last treatment, they were submitted to ARS and evaluated for the same behavioral tests mentioned above in a similar timeline of the procedures. Immediately after the OFT, half of the animals had the hippocampi collected to quantify proinflammatory cytokines. To determine whether the effects of DHA and/or RvD5 were dependent on the stress factor, in the last experiment we performed the same protocol of treatment and behavioral tests, only using effective doses, but in rats not-exposed to ARS procedure. Our data demonstrated that ARS induced a more pronounced anxiety-like response in the short and long-term, being male rats more susceptible to the stressful event. The RvD5 and its precursor DHA prevented more pronounced anxious-like behavior in male and female rats, although females were more sensitive to treatments and demonstrated a lasting effect after the end of the treatments. Also, the treatment prevented the increased levels of proinflammatory cytokines in the hippocampus from stressed animals. Finally, we demonstrated that the preventive effect of these compounds on pronounced anxiety-like responses occurs only in animals submitted to acute stress, i.e. it seems to be dependent on previous stressful events. To conclude, our findings indicate that, although females have a better response, continuous treatment with DHA or RvD5 may present promising effects in preventing anxiety responses linked to stressful events regardless of sex.
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