Ambiente urbano e deslocamento ativo para a escola em crianças de uma cidade do sul do Brasil
Resumo
Resumo: A nível global, a maior parte das crianças não cumpre com os níveis recomendados de atividade física (AF) para ter benefícios à saúde. Evidências apontam que o ambiente construído é um importante meio para promover a AF, através de ambientes com características favoráveis. Contudo, a relação entre as características do ambiente construído e a AF no deslocamento para a escola em crianças precisa ser estudada em países de renda média e baixa. Diante dessa perspectiva, essa dissertação é composta por dois estudos. O estudo 1 (E1) teve como objetivo explorar a associação entre Walk Score®, distância da residência e o deslocamento ativo para escola em crianças de São José dos Pinhais-Paraná-Brasil. O estudo 2 (E2) teve como objetivo explorar a associação entre as características do ambiente urbano e o deslocamento ativo para a escola em crianças de São José dos Pinhais, Paraná, Brasil. Trata-se de dois estudos com delineamento transversal, E1 com 514 participantes de 20 escolas e o E2 com 181 participantes de 10 escolas, ambos os estudos com crianças de 8-11 anos da rede pública municipal de ensino da área urbana. O deslocamento ativo no trajeto casa-escola foi considerado para crianças que reportaram ir ou voltar caminhando ou de bicicleta em pelo menos um dia na semana no E1 e E2. As variáveis ambientais do E1 foram o Walk Score® da residência, coletado na web page e classificado em "muito dependente de carro", "dependente de carro", "pouco caminhável", "muito caminhável".; e a menor distância da residência até a escola foi calculada pela rede de ruas com geoprocessamento e classificada em <500 m; 501-1000 m; 1001-1500 m e > 1500 m. A associação foi analisada com a regressão de Poisson no SPSS, ajustada para faixa etária, renda, pais que encorajam para AF, posse de veículos e de bicicleta (p<0,05). A frequência de deslocamento ativo foi de 62% (IC95%: 57%-65%). Crianças que residiam em bairros "pouco caminháveis" apresentaram 25% menor probabilidade de realizarem deslocamento ativo (RP: 0,75; IC95%: 0,61-0,90). Foi verificado tendência de associação inversa entre a distância da residência e o deslocamento ativo (p<0,001). A maior magnitude de associação foi verificada na distância >1,5 km (RP: 0,28; IC95%: 0,20-0,40). As variáveis ambientais do E2 foram as informações do ambiente construído a nível de microescala avaliadas com o instrumento MAPS-versão adaptada para São José dos Pinhais por meio de auditagem de ruas de maneira online. As rotas avaliadas pela rede de ruas, possuíam no máximo 1500 metros a partir da residência da criança até a escola. A associação foi analisada com a regressão de Poisson no SPSS, ajustada para distância residência-escola (p<0,05). A frequência do deslocamento ativo foi de 70%. Constatou-se que destinos e uso misto do solo (PR=0,89; IC95% 0,80-0,98), características de ruas (PR=0,89; IC95% 0,82-0,97), características de calçadas (PR=0,91; IC95% 0,88-0,94) e controle de intersecções (PR= PR=1,07; IC95% 1,03-1,10) foram associados individualmente ao deslocamento ativo para a escola. No modelo multivariado, apenas o controle de intersecção se manteve associado (PR=1,06; IC95% 1,02-1,10). Os resultados do presente estudo demonstram que poucas características do ambiente construído estão associadas com o deslocamento ativo para a escola em crianças. Abstract: Globally, most children do not meet the recommended levels of physical activity (PA) for health benefits. Evidence indicates that the built environment is an important means of promoting PA, through environments with developed characteristics. However, the relationship between the characteristics of the built environment and PA during school travel in children needs to be studied in low- and middle-income countries. Given this perspective, this dissertation is composed of two studies. Study 1 (E1) aimed to explore the association between Walk Score®, distance from home and active travel to school in children from São José dos Pinhais-Paraná-Brazil. Study 2 (E2) aimed to explore the association between the characteristics of the urban environment and the active implementation of school in children in São José dos Pinhais, Paraná, Brazil. These are two cross-sectional studies, E1 with 514 participants from 20 schools and E2 with 181 participants from 10 schools, both studies with children aged 8-11 years from the municipal public education network in the urban area. Active commuting on the homeschool route was considered for children who reported walking or cycling to or from at least one day a week in E1 and E2. The environmental variables of E1 were the Walk Score® of the residence, collected on the web page and classified as "very car dependent", "car dependent", "little walkable", "very walkable"; and the shortest distance from the residence to the school was calculated using the street network with geoprocessing and classified as <500 m; 501-1000 m; 1001-1500 m and > 1500 m. The association was analyzed with Poisson regression in SPSS, adjusted for age group, income, parents who encourage PA, vehicle, and bicycle ownership (p<0.05). The frequency of active displacement was 62% (95% CI: 57%-65%). Children who lived in "poorly walkable" neighborhoods were 25% less likely to undertake active commuting (PR: 0.75; 95% CI: 0.61-0.90). There was a tendency for an inverse association between distance from residence and active commuting (p<0.001). The greatest magnitude of association was observed at a distance >1.5 km (PR: 0.28; 95% CI: 0.20-0.40). The environmental variables of E2 were information from the built environment at a microscale level evaluated with the MAPS instrument - version adapted for São José dos Pinhais through online street auditing. The routes evaluated by the street network had a maximum of 1500 meters from the child's residence to the school. The association was analyzed with Poisson regression in SPSS, adjusted for home-school distance (p<0.05). The frequency of active displacement was 70%. It was found destinations and mixed land use (PR=0.89; IC95% 0.80-0.98), street characteristics (PR=0.89; IC95% 0.82-0.97), characteristics of sidewalks (PR=0.91; 95%CI 0.88-0.94) and intersection control (PR= PR=1.07; 95%CI 1.03-1.10) were individually associated with active commuting to school. In the multivariate model, only the intersection control remained associated (PR=1,06; IC95% 1,02-1,10). The results of the present study demonstrate that few characteristics of the built environment are associated with active commuting to school in children.
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