Associação entre os níveis de atividade da enzima butirilcolinesterase e suas variantes genéticas com fatores de risco cardiovascular : uma revisão sistemática
Resumo
Resumo: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um grupo de doenças relacionadas à alimentação e ao estilo de vida e são a principal causa de morte no mundo, sendo responsáveis por cerca de 38 milhões de óbitos por ano. Quase metade dessas mortes são causadas por doenças cardiovasculares (DCV), que compõem o grupo de doenças que acometem o coração e os vasos sanguíneos. Os fatores de risco cardiovascular (FRC) podem ser não modificáveis, como idade e histórico familiar de DCV prematura; ou modificáveis, como hipertensão, dislipidemias, obesidade, Diabetes Mellitus 2 (DM2). Esses FRC predispõe a síndrome metabólica (SM), uma desordem complexa que associa fatores de predisposição às DCV. A butirilcolinesterase (BChE) é uma enzima colinesterase que já foi previamente associada a FRC e ao metabolismo lipídico. O gene BCHE codifica a enzima BChE, e suas variantes mais estudadas são -116, K, 1914 e A. Assim, através de uma revisão sistemática, buscou-se avaliar a atividade da BChE e suas variantes genéticas como marcador biológico candidato para DCV e seus fatores de risco. A revisão sistemática realizada seguiu os itens propostos pela diretriz prisma, com buscas realizadas nas bases de dados PubMed e Springer Link, utilizando termos pré-definidos. Foram utilizados critérios de elegibilidade, divididos em critérios de inclusão e exclusão. Foram realizadas quatro etapas de filtragem para excluir duplicatas e textos que não atendiam aos critérios de elegibilidade. Após análise dos estudos por três revisores de forma independente, considerando os critérios de elegibilidade, vinte artigos permaneceram na revisão. Altos níveis de atividade da BChE foram associados a maiores valores de variáveis antropométricas; acúmulo de gordura visceral e subcutânea; componentes do perfil lipídico em níveis que compõem FRC; níveis elevados de glicose e insulina insuficiente. O envolvimento da BChE na SM foi relatado por vários autores, que observaram que pacientes com SM apresentam atividade aumentada da BChE. A variante K foi associada à redução da atividade enzimática, aumento do risco de desenvolver doença arterial coronariana (DAC), DAC de início precoce, maior suscetibilidade ao DM2 e reestenose intra-stent. A variante - 116 foi associada à obesidade em adolescentes e, em combinação com a variante 1914G, foi associada a índices de triglicerídeos e índice de massa muscular mais elevados. A variante 1914G foi associada a maior IMC e obesidade. Concluímos que as associações encontradas entre os níveis de atividade da BChE com FRC e DCV fornecem evidências de que a BChE tem potencial para ser usada como marcador biológico para FRC e CVD. Todavia, ressaltamos que as associações entre as variantes genéticas do gene BCHE (-116, K, 1914 e A) e FRC e DCV necessitam de mais estudos, visando melhor compreensão das associações. Abstract: Chronic non-communicable diseases (NCD) are a group of diseases related to diet and lifestyle, and are the leading cause of death in the world, accounting for about 38 million deaths per year. Almost half of these deaths are caused by cardiovascular diseases (CVD), the group of diseases that affect the heart and blood vessels. Cardiovascular risk factors (CRF) may be non-modifiable, such as age and family history of premature CVD; or modifiable, such as hypertension, dyslipidemia, obesity, Diabetes Mellitus 2 (DM2). These CRF predispose to metabolic syndrome (MS), a complex disorder that associates predisposing factors to CVD. Butyrylcholinesterase (BChE) is a cholinesterase enzyme that has been previously associated with CRF and lipid metabolism. The BCHE gene encodes the BChE enzyme, and its most studied variants are -116, K, 1914 and A. Thus, through a systematic review, we sought to evaluate the activity of BChE and its genetic variants as a candidate biological marker for CVD and their risk factors. The systematic review carried out followed the items proposed by the prism guideline, with searches performed in PubMed and Springer Link databases, using predefined terms. Eligibility criteria were used, divided into inclusion and exclusion criteria. Four filtering steps were performed to exclude duplicates and texts that did not meet the eligibility criteria. After three reviewers independently analyzed the studies, considering the eligibility criteria, twenty articles remained in the review. High levels of BChE activity were associated with higher values of anthropometric variables; accumulation of visceral and subcutaneous fat; lipid profile components at levels of CRF; high glucose levels and insufficient insulin. The involvement of BChE in MS has been reported by several authors, who have observed that patients with MS have increased BChE activity. The variant K was associated with reduced enzyme activity, increased risk of developing coronary artery disease (CAD), early-onset CAD, increased susceptibility to DM2, and in-stent restenosis. The -116 variant was associated with obesity in adolescents and, in combination with the 1914G variant, was associated with higher triglyceride and muscle mass index. The 1914G variant was associated with higher BMI and obesity. We conclude that the associations found between BChE activity with CRF and CVDs provide evidence that BChE has the potential to be used as a biological marker for CRF and CVD. However, we emphasize that the associations between the genetic variants of the BCHE gene (-116, K, 1914 and A) and CRF and CVD need further studies, aiming at a better understanding of the associations.
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