A acumulação do capital : o caso da erva-mate no Paraná de 1820 a 1930
Resumo
Resumo: A economia ervateira paranaense se desenvolveu consoante a um modo pré-capitalista de produção. Seu comando e orientação pertenceu ao capital comercial procedente da Bacia do Rio da Prata, responsável pela colocação da erva-mate naquele mercado de consumo. A população cabocla constituiu a força de trabalho empregada com a finalidade de produzir este valor de troca, o mais importante das terras paranaenses, cujo valor social excedente gratuito terminava em mãos dos grandes comerciantes importadores. Tal categoria não pode ser designada rigorosamente como mais-valia porque seus elementos constituintes não se encontravam completamente amadurecidos, embora já existissem todos em vir-a-ser. A criação desse excedente gratuito proporcionou a acumulação pré-capitalista paranaense, no entanto foi apropriada pelo capital comercial argentino. Como a geração de valor era modesta dado a menor necessidade de trabalho social por se tratar de uma atividade em grande parte extrativa, a economia ervateira não permitiu as condições de transição para o salto qualitativo ao capital industrial, o modo capitalista propriamente dito. Quando o principal comprador - a Argentina - construiu moinhos próprios, teve seus próprios ervais plantados e armou-se de protecionismo, liquidou com a centenária economia paranaense. Antes desses acontecimentos, a produção ervateira divisou sua fase de prosperidade, afinal conheceu maior poder de barganha por parte dos exportadores locais. Infelizmente, a erva mate paranaense não encontrou outros mercados consumidores, apesar dos esforços. Faliu pelo menos 60% do capital ervateiro. Quem sobreviveu teve de acomodar suas vendas com o Uruguai. Abstract: The tea herb economy developed in Paraná according to the laws of a pre-capitalist production system, and thus under the command of commercial capital from Prata River Basin. Labor force, responsible for the raw material exploitation, represented the backbone of value excedent production, which ended up in the hands of large importing merchants. As the social categories were not fully developed as in a capitalist society, surplus value turned out to be not the appropriate term to describe the process of excedent production and its final realization. The central argument of the analysis is that, despite the pre-capitalist features, herb tea production was the source of capital accumulation held by Argentine trading companies. On the other hand, at the tea herb production system, objective conditions were not created in order to make a transition towards a fully capitalist economy to be led by industrial capital. Moreover, as soon as Argentine trading companies started building their own processing plants and stimulating national tea production, trade barriers were raised to the Paraná's hitherto competitive suppliers. As a result Brazilian producers faced the collapse of their activity, falling in the attempts to upgrade capital accumulation towards industrialization and also to find new markets for national herb.
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