A política como negócio de família : arranjos familiares e nepotismo na trajetória da Família Magalhães na Bahia e da Família Richa no Paraná

Abstract

Resumo: A pesquisa busca, a partir de scripts localizados nas trajetórias das famílias políticas de Antônio Carlos Magalhães e José Richa, evidenciar os arranjos entre o poder político e as estruturas familiares. As famílias Magalhães na Bahia e Richa no Paraná, reuniram e acumularam principalmente capitais econômicos e político-familiar para manutenção do poder nas e entre as famílias políticas. A nossa tese, parte do pressuposto que estas "servem-se da política como negócio de família". Para comprovarmos a mesma, buscamos na sociologia e genealogia utilizada nas obras de Oliveira, Monteiro (2016) e Goulart (2016), inspiração, que aliados aos relatos de vida de Bertaux (2020), constituem o método para compreender a lógica que movimenta e orienta o campo político, marcado pela presença de famílias políticas. Os descendentes destas famílias políticas, recorrem ao capital político-familiar herdado, frente aos contextos políticos desfavoráveis ou aderem às regras do jogo institucional. Dessa forma, com auxílio de Oliveira (2001; 2012; 2015; 2016) sobre o nepotismo e a sua perpetuação nas diversas esferas de poder, podemos perceber como as relações de parentesco são essenciais no atual modelo político e podem elucidar muitas das relações que as caracterizam. Se, se prevalece uma lógica da política como negócio de família a ser preservada pelos Magalhães e Richa, numa analogia ao universo da casa, do que é privado (Damatta, 1997), uma política das ruas (Butler, 2018), a saber o 16 de maio de 2001 na Bahia e o 29 de abril de 2015 no Paraná, contrapõem-se a essa lógica da casa. Dessa forma, a pesquisa representa um esforço em pensar lógicas da prática de construir a política para além "da política como negócio de família".

Abstract: The research seeks, based on scripts located in the trajectories of the political families of Antônio Carlos Magalhães and José Richa, to highlight the arrangements between political power and family structures. The Magalhães families in Bahia and Richa families in Paraná, mainly gathered and accumulated economic and politicalfamily capital to maintain power within and between political families. Our thesis is based on the assumption that they "use politics as a family business". To prove this, we looked to the sociology and genealogy used in the works of Oliveira, Monteiro (2016) and Goulart (2016), for inspiration, which combined with the life stories of Bertaux (2020), constitute the method to understand the logic that moves and guides the political field, marked by the presence of political families. The descendants of these political families resort to inherited political-family capital, faced with unfavorable political contexts or adhere to the rules of the institutional game. Thus, with the help of Oliveira (2001; 2012; 2015; 2016) on nepotism and its perpetuation in the different spheres of power, we can see how kinship relationships are essential in the current political model and can elucidate many of the relationships that characterize. If a logic of politics prevails as a family business to be preserved by Magalhães and Richa, in an analogy to the universe of the house, of what is private (Damatta, 1997), a politics of the streets (Butler, 2018), namely the May 16, 2001 in Bahia and April 29, 2015 in Paraná, oppose this logic of the house. In this way, the research represents an effort to think about the logic of the practice of constructing politics beyond "politics as a family business".