Ensaios sobre desigualdade de gênero no mercado de trabalho
Resumo
Resumo: Um dos fatores necessários para o desenvolvimento econômico de um país é a garantia de igualdade nas oportunidades de acesso ao mercado de trabalho entre mulheres e homens. Entretanto, mesmo quando há condições iguais para a participação, não necessariamente se observa igualdade na remuneração, com as mulheres invariavelmente ganhando menos do que os homens. Diante desse contexto, o objetivo geral dos três ensaios que constituem esta tese de doutorado é analisar a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, tendo como foco as questões relacionadas à segregação ocupacional em carreiras científicas, à relação entre desempenho acadêmico e resultados no mercado de trabalho e ao mismatch educacional. Mais especificamente, o primeiro ensaio investiga se o prêmio salarial, medido pelo salário recebido por hora, é diferente entre mulheres e homens que declararam estar empregados em alguma função do grande grupo de "Profissionais das Ciências e Intelectuais" da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua entre 2016 e 2022 a partir do método de Propensity Score Matching. Os resultados encontrados sugerem a existência de um prêmio salarial e esse valor é diferente entre os gêneros, uma vez que as mulheres recebem um prêmio aproximadamente 55% inferior quando comparadas aos homens. Na tentativa de analisar a robustez dessas respostas, sete cenários foram investigados e os resultados encontrados corroboram, entre outras coisas, a segregação ocupacional das mulheres em ocupações que pagam menores salários e que são menos valorizadas no mercado de trabalho, em especial àquelas que se relacionam aos cuidados. O segundo ensaio, por sua vez, analisa a relação entre o desempenho acadêmico e os resultados no mercado de trabalho. A partir da integração de dados administrativos de discentes egressos da Universidade Federal do Paraná e de informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) identificada de 2003 a 2021, busca-se averiguar se o desempenho de estudantes durante seus cursos de graduação possui um viés de gênero e se esse viés afeta os seus salários no mercado de trabalho. Os resultados encontrados apontam evidências estatísticas de que os indivíduos, tanto mulheres quanto homens, que apresentaram melhores performances acadêmicas no ensino superior também apresentaram melhores retornos no mercado de trabalho em termos salariais. Entretanto, constataram-se diferenças entre os resultados quando as áreas de formação são levadas em consideração: Saúde, Engenharia e Sociais Aplicadas apresentaram valores estatisticamente significativos e positivos para o retorno salarial enquanto a área de Biológicas apresentou uma relação negativa entre notas e salários. Por fim, o terceiro ensaio investiga o mismatch educacional entre homens e mulheres no mercado de trabalho formal brasileiro. A partir de um painel de dados que integrou informações de egressos da UFPR, como área de formação, às suas informações no mercado de trabalho formal da base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) identificada entre 2003 e 2021, como ocupação e remuneração, os resultados encontrados apontam que o mismatch educacional influencia negativamente os resultados no mercado de trabalho para todos os indivíduos, mas que as mulheres são ligeiramente mais penalizadas do que os homens. Além disso, quando as análises são feitas separadamente para cada área, os resultados indicam que áreas caracterizadas por habilidades mais especificas, como a Saúde e Engenharias, apresentam efeitos negativos significativamente mais acentuados no que diz respeito ao mismatch horizontal em comparação às demais áreas de habilidades menos específicos, como Humanas, Linguística; Letras e Artes e Sociais Aplicadas. Abstract: One of the necessary factors for the economic development of a country is ensuring equal opportunities for access to the labor market between women and men. However, even when there are equal conditions for participation, equality in compensation is not necessarily observed, with women invariably earning less than men. In this context, the general objective of the three essays that constitute this doctoral dissertation is to analyze gender inequality in the labor market, focusing on issues related to occupational segregation in scientific careers, the relationship between academic performance and outcomes in the labor market, and educational mismatch. Specifically, the first essay investigates whether the wage premium, measured by the hourly wage received, differs between women and men who declared being employed in some function within the broad group of "Professionals in Sciences and Intellectuals" from the Continuous National Household Sample Survey between 2016 and 2022 using the Propensity Score Matching method. The findings suggest the existence of a wage premium, and this value differs between genders, as women receive a premium approximately 55% lower when compared to men. In an attempt to analyze the robustness of these responses, seven scenarios were investigated, and the findings corroborate, among other things, the occupational segregation of women in occupations that pay lower wages and are less valued in the labor market, especially those related to care. The second essay analyzes the relationship between academic performance and outcomes in the labor market. By integrating administrative data from graduates of the Federal University of Paraná and information from the identified Annual Social Information Report (RAIS) from 2003 to 2021, it seeks to ascertain whether the performance of students during their undergraduate courses has a gender bias and whether this bias affects their salaries in the labor market. The findings point to statistical evidence that individuals, both women and men, who presented better academic performances in higher education also had better returns in the labor market in terms of salaries. However, differences were observed in the results when considering the fields of study: Health, Engineering, and Applied Social Sciences showed statistically significant and positive values for salary returns, while the Biological Sciences field showed a negative relationship between grades and salaries. Finally, the third essay investigates educational mismatch between men and women in the formal Brazilian labor market. Using a panel of data that integrated information from UFPR graduates, such as field of study, with their information in the formal labor market from the database of the identified Annual Social Information Report (RAIS) from 2003 to 2021, such as occupation and remuneration, the findings indicate that educational mismatch negatively influences outcomes in the labor market for all individuals, but women are slightly more penalized than men. Additionally, when analyses are conducted separately for each field, the results indicate that areas characterized by more specific skills, such as Health and Engineering, present significantly more pronounced negative effects regarding horizontal mismatch compared to other areas with less specific skills, such as Humanities, Linguistics, Letters and Arts, and Applied Social Sciences.
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