Memórias do delírio : a construção da pessoa em processos reintegradores autogestionados

Abstract

Resumo: O objeto de análise desta dissertação é a possibilidade de tomar o discurso delirante daqueles acusados de loucura em seu processo de reinserção social. O estudo considera que a loucura é parte de um fenômeno social identificado como um ritual de exclusão, que comporta em seu aspecto processual a clássica concepção trifásica: desencadeamento/sistema de acusação, afastamento do mundo/internamento e retomo/reinserção. Discute a possibilidade de identificação do espaço antropológico da loucura e seu interesse etnográfico, bem como percorre o processo de construção dessa categoria ao longo do século XIX e XX, com vistas a analisar as suas formas elementares. A pesquisa etnográfica adotada centra-se nos grupos de auto-ajuda para portadores de doença mentais - os Psicóticos Anônimos - por apresentarem uma manifestação grupai autônoma, nos quais foram localizados os "informantes" do trabalho. A partir do discurso dos informantes foi possível construir um modelo analítico que se revelou paradigmático na história de vida de L.F. Barros. O estudo conclui que a experiência delirante informa sobre e para o sujeito constituindo parte fundamental de uma formação discursiva, capaz de estabelecer a ligação entre discurso e ideologia.