Impedância bioelétrica em recém-nascidos prematuros e sua relação com a dietoterapia em unidade de terapia intensiva neonatal

Abstract

Resumo: Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o uso da impedância bioelétrica (BIA) em recém-nascidos (RN), por ser um método de medição de fácil aplicação e não invasivo, que pode ser utilizado para diferenciar massa livre de gordura (MLG), massa gorda massa (MG) e água corporal total (ACT). Compreendeu uma revisão integrativa da literatura e um estudo observacional do tipo coorte prospectivo. Foram utilizadas as bases de dados PUBMED/MEDLINE, EMBASE, Web of Science e Virtual Health Library para pesquisar artigos originais entre 2010-2021, que apresentaram os indicadores MLG, MG, resistência (R), reactância (Xc), ângulo de fase (AF) e/ou água corporal total (ACT) em RN, com a obtenção de 900 artigos, dos quais restaram nove após verificação de duplicidade e aplicação dos critérios de elegibilidade. A R foi o indicador bioelétrico mais estudado, o AF foi pouco explorado e quatro estudos investigaram a composição corporal (MLG, MG e ACT). Observouse que os RNPT apresentaram menores quantidades de ACT, MLG e MG do que os RN à termo, e houve diferenças na composição corporal entre os sexos. O AF foi menor para RNPT e aqueles alimentados com fórmulas hiperproteicas tiveram aumentos na MLG. Concluiu-se que há necessidade de estudos multicêntricos para definir métodos padronizados a serem utilizados com esse público. O coorte se fundamentou no fato de que o acompanhamento do crescimento e estado nutricional do RNPT ainda é feito por meio de medidas antropométricas e as medidas de composição corporal não fazem parte da sua rotina de cuidados, com o objetivo de avaliar medidas da BIA em RNPT e sua variação conforme algumas características neonatais e maternas e seu comportamento de acordo com o aporte nutricional. Foram obtidas medidas de resistência (R), reactância (Xc) e ângulo de fase (AF) de 43 RNPT moderados, além de classificação do aporte nutricional. A média de R nos primeiros dias de vida foi de 602,0+118,2 O, de Xc de 57,2 O (IIQ = 42.6-65.2) e de AF de 522° (IIQ = 4,1-6,6). Observou-se menor valor de R na presença de gestação de risco (532,2+111.9 O vs 650,9+97,9 O, p<0,001) e menores valores de Xc na presença de hábitos de vida maternos deletérios tanto na primeira (p=0,01) quanto na segunda avaliação (p=0,01). Oito RNPT foram considerados com aporte nutricional insuficiente (23,5%), 17 suficiente (50,0%) e 9 parcialmente suficiente (26,5%). Observou-se menor medida de R entre RNPT com aporte insuficiente (p<0,001). Houve também aumento da R entre a primeira e segunda semana de avaliação entre os RNPT com aporte nutricional suficiente. As medidas de BIA, obtidas nesta amostra, estão dentro da faixa de valores observados em outros estudos com RNPT e RN à termo, com variação significativa, que possivelmente reflete a falta de padronização no delineamento de estudos deste método de avaliação da composição corporal em RN. Observou-se associação entre dieta plena e aporte nutricional adequado com maiores valores de R, assim como menor valor de Xc associado com a presença de gestação de risco e hábitos de vida deletérios, como o tabagismo.

Abstract: This study was conducted with the objective of evaluating the use of bioelectrical impedance (BIA) in newborns, as it is an easily applied and non-invasive measurement method that can be used to differentiate fat-free mass (FFM), fat mass (FFM), and total body water (TBA). It comprised an integrative literature review and a prospective cohort-type observational study. The PUBMED/MEDLINE, EMBASE, Web of Science, and Virtual Health Library databases were used to search for original articles between 2010-2021 that presented the indicators MLG, MG, resistance (R), reactance (Xc), phase angle (PA), and/or total body water (ACT) in newborns, with the retrieval of 900 articles, of which nine remained after checking for duplicity and applying the eligibility criteria. The R was the most studied bioelectric indicator, the AF was little explored and four studies investigated body composition (MLG, MG and ACT). It was observed that preterm infants had lower ACT, MLG and MG than full-term infants, and there were differences in body composition between genders. The AF was lower for preterm infants and those fed with hyperprotein formulas had increases in the MLG. We concluded that there is a need for multicenter studies to define standardized methods to be used with this public. The cohort was based on the fact that the monitoring of growth and nutritional status of preterm infants is still done by anthropometric measurements and body composition measurements are not part of their care routine, with the aim of evaluating BIA measurements in preterm infants and its variation according to some neonatal and maternal characteristics and its behavior according to the nutritional intake. Measurements of resistance (R), reactance (Xc) and phase angle (PA) of 43 moderate preterm infants were obtained, in addition to classification of nutritional intake. The mean R in the first days of life was 602.0+118.2 O, Xc of 57.2 O (IIQ = 42.6-65.2) and AF of 522° (IIQ = 4.1-6.6). Lower R values were observed in the presence of risky pregnancy (532.2+111.9 O vs 650.9+97.9 O, p<0.001) and lower Xc values in the presence of deleterious maternal lifestyle habits at both the first (p=0.01) and second assessment (p=0.01). Eight preterm infants were considered with insufficient nutritional intake (23.5%), 17 sufficient (50.0%) and 9 partially sufficient (26.5%). There was less R among preterm infants with insufficient nutritional intake (p<0.001). There was also an increase in R between the first and second week of evaluation among PIs with sufficient nutritional intake. The BIA measurements obtained in this sample are within the range of values observed in other studies with premature and full-term newborns, with significant variation, which possibly reflects the lack of standardization in the study design of this method for assessing body composition in newborns The BIA measurements obtained in this sample are within the range of values observed in other studies with premature and full-term newborns, with significant variation, which possibly reflects the lack of standardization in the study design of this method for assessing body composition in newborns. An association was observed between full diet and adequate nutritional intake with higher values of R, as well as a lower value of Xc associated with the presence of gestation at risk and deleterious lifestyle habits, such as smoking.