Entre-laços : uma etnografia entre amigas sobre experiências amorosas, sexualidade e gênero

Abstract

Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo principal compreender o lugar das relações amorosas no processo de entendimento de si e a partir das narrativas de experiências pessoais das minhas amigas/interlocutoras. A partir de uma perspectiva etnográfica, buscou-se concretizar uma prática metodológica que caminhasse em convergência com as contribuições da Epistemologia Feminista acerca da objetividade e subjetividade na produção do conhecimento científico. Para isso, consolidou-se um campo de pesquisa que incluiu quatro de minhas amigas mais próximas, que tornaram-se interlocutoras da pesquisa e participaram individualmente de encontros gravados norteados por um roteiro, que indagava acerca de suas experiências amorosas passadas, bem como a forma atual de viver os amores e seus projetos de futuro. O processo de transcrição e análise dos encontros gravados culminou em uma reflexão crítica no que tange à formulação de perguntas que precedeu a realização do campo. Portanto, os resultados obtidos refletem acerca do lugar que a vida amorosa encontra no processo de subjetivação e entendimento de si das interlocutoras, que apresentaram uma descentralização desse aspecto da vida em suas identidades, bem como em seus planos de futuro. Além disso, é apresentada uma reflexão sobre a presença das dicotomias binárias consolidadas culturalmente no Ocidente e seus reflexos na forma de perguntar e compreender as identidades no processo de consolidação da pesquisa.

Abstract: The main objective of this research was the understanding of the role of romantic relationships in the process of self-understanding, based on personal experience narratives from my friends/interlocutors. From an ethnographic perspective, a methodological approach was developed that aligned with the contributions of Feminist Epistemology regarding objectivity and subjectivity in the production of scientific knowledge. To achieve this, a research framework was established involving four of my closest friends, who became research interlocutors. They individually participated in recorded sessions guided by a script, exploring their past romantic experiences, their current approach to love, and their future aspirations. The transcription and analysis of these recorded sessions led to a critical reflection on the formulation of questions that preceded the fieldwork. Therefore, the obtained results reflect on the role of romantic life in the process of subjectivity and self-understanding of the interlocutors, who exhibited a decentralization of this aspect in their identities and future aspirations. Furthermore, a contemplation is presented on the presence of culturally established binary dichotomies in the West and their impact on how questions are asked and identities are understood in the consolidation process of the research.