Excesso de peso e comportamentos de risco à saúde : associação com níveis insuficientes de atividade física em adolescentes de escolas públicas de Quatro Barras, PR

Abstract

Resumo: A adolescência é uma fase caracterizada por transformações biopsicossociais, as quais facilitam a exposição a comportamentos de risco à saúde. O objetivo deste estudo foi verificar a associação do excesso de peso e comportamentos de risco à saúde com níveis insuficientes de atividade física em adolescentes, de ambos os sexos, do ensino médio diurno, da rede pública, da cidade de Quatro Barras, PR. Estudo descritivo correlacional com abordagem transversal. Participaram deste estudo 530 escolares (279 meninos e 251 meninas). As variáveis sociodemográficas avaliadas foram: sexo, idade e nível socioeconômico. O excesso de peso foi analisado pelo índice de massa corporal considerando o sexo e a idade. Além disto, foram avaliados, através de questionários autorreportados, os comportamentos de risco à saúde: comportamento sedentário (elevado tempo de TV e videogame), hábitos alimentares inadequados (baixo consumo de frutas e vegetais), consumo de bebidas alcoólicas, consumo de tabaco e droga ilícita (maconha), comportamento sexual de risco (sem preservativo) e violento, além do comportamento aditivo (smartphone e tablet), qualidade do sono e os níveis de atividade física. Para análise dos dados foi utilizada a regressão de Poisson com variância robusta para verificar a associação do excesso de peso e dos comportamentos de risco à saúde com os níveis insuficientes de atividade física, adotando p<0,05. Pouco mais da metade (54,3%, n= 288) dos adolescentes são suficientemente ativos, sendo os meninos em maior proporção (67,7%, n= 189; p= 0,001). Adolescentes com comportamento violento apresentaram probabilidade 50% menor (RP= 0,50; IC95%= 0,35-0,72) de serem insuficientemente ativos. Com relação aos hábitos alimentares, para o baixo consumo de suco 100% natural observou-se probabilidade 74% maior (RP= 1,74; IC95%= 1,02-2,98) dos adolescentes serem insuficientemente ativos, assim como para o baixo consumo de frutas com 43% (RP= 1,43; IC95%= 1,06-1,93) e o baixo consumo de saladas verdes com 62% (RP= 1,62; IC95%= 1,13-2,31). No comportamento aditivo verificou-se probabilidade 23% maior (RP= 1,23; IC95% 1,02-1,49) dos adolescentes que usam smartphone serem insuficientemente ativos. O sexo moderou a associação do excesso de peso para meninas com sobrepeso e para o comportamento violento em ambos os sexos de forma positiva. Para o baixo consumo de frutas por meninos e saladas verdes por meninas a associação foi negativa. Todas as idades apresentaram associação positiva para o comportamento violento e os mais velhos (16 a 18 anos) que consumiram droga ilícita e com baixo consumo de saladas verdes foi negativa. Os adolescentes das classes média (B) e baixa (C/D/E) com comportamento violento apresentaram associação positiva, assim como para o baixo consumo de frutas pela classe baixa. Adolescentes de classe média que consumiram droga ilícita e de classe baixa com comportamento aditivo (smartphone) apresentaram associações negativas com atividade física. Conclui-se que as possíveis associações do excesso de peso e dos comportamentos de risco à saúde, destacando-se o baixo consumo de frutas e vegetais, o consumo de droga ilícita e o uso excessivo de smartphone, sobre os níveis insuficientes de atividade física variam conforme as características sociodemográficas dos adolescentes.

Abstract: Adolescence is a phase characterized by biopsychosocial transformations, which facilitate exposure to health risk behaviors. The objective of this study was to verify the association of overweight and health risk behaviors with insufficient levels of physical activity in adolescents of both sexes from public high schools in the city of Quatro Barras, PR. This is a descriptive correlational study with a crosssectional approach. A total of 530 students participated in this study (279 boys and 251 girls). The sociodemographic variables evaluated were: gender, age and socioeconomic status. Overweight was analyzed by body mass index considering gender and age. In addition, health risk behaviors were assessed through selfreported questionnaires: sedentary behavior (high TV and video game time), inadequate eating habits (low consumption of fruits and vegetables), alcohol consumption, tobacco and illicit drug (marijuana) consumption, risky (without a condom) and violent sexual behavior, as well as addictive behavior (smartphone and tablet), sleep quality and physical activity levels. Poisson regression with robust variance was used for data analysis to verify the association of overweight and health risk behaviors and insufficient levels of physical activity, adopting p<0.05. Slightly more than half (54.3%, n= 288) of adolescents were sufficiently active, and boys were more active (67.7%, n= 189; p= 0.001). Adolescents with violent behavior were 50% less likely (PR= 0.50; 95%CI= 0.35-0.72) to be insufficiently active. With regard to eating habits, adolescents with a low consumption of 100% natural juice were 74% more likely (PR= 1.74; 95%CI= 1.02- 2.98) to be insufficiently active, as were adolescents with a 43% low consumption of fruit (PR= 1.43; 95%CI= 1.06-1.93) and a 62% low consumption of green salads (PR= 1.62; 95%CI= 1.13-2.31). Additive behavior showed a 23% higher probability (PR= 1.23; 95%CI 1.02-1.49) of adolescents who use smartphones being insufficiently active. Gender positively moderated the association between excess weight for overweight girls and violent behavior for both genders. For low consumption of fruit by boys and green salads by girls, the association was negative. All ages showed a positive association for violent behavior and the oldest (16 to 18 years) who consumed illicit drugs and low consumption of green salads was negative. Middle-class (B) and lower-class (C/D/E) adolescents with violent behavior showed a positive association, as did lower-class adolescents with low fruit consumption. Middle-class adolescents who used illicit drugs and lower-class adolescents with addictive behavior (smartphone) showed negative associations with physical activity. We conclude that the possible associations of overweight and health risk behaviors, especially low fruit and vegetable consumption, illicit drug use and excessive smartphone use, on insufficient levels of physical activity vary according to the sociodemographic characteristics of adolescents.