Perfil sociodemográfico e farmacoepidemiológico de crianças infectadas pelo HIV do estado do Paraná

Abstract

Resumo: A principal forma de infecção pelo HIV em crianças é pela transmissão vertical. Uma vez infectada, a população pediátrica enfrenta diversas dificuldades para conter a replicação viral, como a limitação de opções farmacológicas disponíveis, a necessidade de ter um cuidador e o sabor não palatável dos medicamentos. Além disso, apesar de não representarem a maior parcela de infectados por HIV, este grupo apresenta uma taxa de mortalidade elevada caso não faça uso correto de antirretrovirais. Assim, buscou-se realizar um estudo observacional descritivo, com dados provenientes de fonte secundária fornecidos pelo Centro de Medicamentos do Paraná. Foram investigados o perfil, a prevalência e o tratamento das crianças menores de 12 anos infectadas pelo HIV residentes no estado do Paraná e em suas regionais de saúde no ano de 2020. Foram identificadas 148 crianças HIV positivas no estado, predominando as do sexo feminino, com idade entre 5 e 8 anos, brancas. A taxa de prevalência no estado foi de 8,1/100.000, e as regionais de saúde com a maior prevalência foram as de Toledo, Cascavel, Umuarama e Paranaguá. Todas as crianças diagnosticadas com HIV haviam iniciado o tratamento antirretroviral. Entretanto, 17,6% das crianças do estado encontravam-se em abandono de terapia antirretroviral, igualmente distribuídas entre os sexos, predominando a faixa etária entre 5 a 8 anos, brancas. O tempo de abandono mais frequente era até um ano e a maior taxa de prevalência ocorreu na regional de saúde de Ivaiporã. Entre todas as crianças em tratamento, apenas 9,8% não atingiram a supressão viral (carga viral inferior ou igual a 50 cópias/ml de sangue). Neste grupo prevaleceram as crianças do sexo feminino, com idades entre 5 e 8 anos, brancas, com carga viral superior a 1.000 cópias/ml e resistência a pelo menos uma classe farmacológica. No que se refere ao tratamento antirretroviral utilizado, houve um predomínio de esquemas prescritos após falhas terapêuticas. Esta pesquisa indicou que o Paraná apresenta bons resultados de início na terapia antirretroviral e de supressão viral. Entretanto, o abandono de terapia precisa de atenção, uma vez que os resultados não se apresentaram adequados. Sugere-se uma melhor vinculação das crianças aos serviços de saúde, de forma a evitar o abandono de terapia antirretroviral, consequente evolução para AIDS e mortalidade precoce.

Abstract: The main form of HIV transmission in children is due to the mother to child transmission. This group face a lot of challenges in order to stop the HIV infection, like the dependence of caregivers to administrate the medication and pick up the drugs at the pharmacy and the few pediatric formulations available. Besides this group does not represents the majority of HIV cases, children have a high mortality rate if they do not use the antiretrovirals properly. Because of this factors this study had the goal to identify children from 0 to 12 years old who was tested positive for HIV and lived at Paraná state in 2020. The data came from the Centro de Medicamentos do Paraná. In order to achieve this we conducted an observational and descriptive study. We identified 148 children, and the majority were female, were between 5 and 8 years old and were white. The prevalence of HIV children in the state was 8,1 for 100.000 children and the health districts that had the higher index were Toledo, Cascavel, Umuarama and Paranaguá. We did not identify any children who had the HIV diagnostic but have not started they treatment. On the other hand, we find out that 17,6% were in a lost to follow up situation, due to the fact that they did not take away their drugs at the centers of medical dispensation for more than one hundred days. The majority of this youths were between 5 and 8 years old, white and did not presented any differences among their sex. Most of them were in this situation for at less than a year and were located in the Ivaiporã health district. 90,2% of all children achieved viral suppression (less than 50 RNA copies/ml). Among those who did not, most of them were female, age between 5 and 12 years old, white, with a viral load higher than 1.000 copies and with at least one drug resistance. The vast majority of the treatments dispensed for this group were classified as prescribed after a treatment failure. This research indicated that Paraná presents good results of initiation in the antiretroviral therapy and of viral suppression. However, abandoning therapy needs attention, since the results were not adequate. It is suggested that children should be better linked to health services, in order to avoid abandoning antiretroviral therapy, with a consequent evolution to AIDS and early mortality.