Continuidade do cuidado em pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2 na atenção primária à saúde no município de Pinhais durante a pandemia de Covid-19
Resumo
Resumo: Introdução: A COVID-19 trouxe inúmeros desafios para a organização do Sistema Único de Saúde, podendo ter impaotado na continuidade do cuidado (CC) de pacientes portadores de doenças crônicas. Objetivo: Analisar o impacto da pandemia na CC de pacientes adultos portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) concomitantemente no município de Pinhais-PR. Metodologia: Estudo longitudinal retrospectivo envolvendo 540 indivíduos em uma amostra representativa de pacientes portadores de HAS e DM2 das Unidades de Estratégia de Saúde de Família do município de Pinhais-PR. Foram coletados dados de 2019 (antes da pandemia), 2020 e 2021 (durante a pandemia), de relatórios gerados a partir do sistema de prontuário eletrônico utilizado na cidade (IDS Saúde), as notificações de casos de COVID nos sistema Notifica-COVID-19-PR e Gerenciador de Análises Laboratoriais do estado do Paraná (GAL-PR) e da base de dados do Sistema Informatizado do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI). A CC foi caracterizada em adequada (3 ou mais consultas anuais) ou inadequada (2 ou menos consultas anuais) de acordo com o número de consultas previstas para esses pacientes, de acordo com os protocolos estaduais das comorbidades que são utilizados no município. Também foram analisados o perfil socioeconômico, controle das comorbidades e a aderência ao programa de imunização. A análise estatística descritiva estimou medidas de tendência central, dispersão e a inferencial utilizou os Teste de Cochran e Teste de Friedman. Resultados: O sexo feminino foi o mais prevalente (63,7%), a idade média foi de 61,5 anos [Desvio Padrão=11,9] e apenas 17,6% apresentavam mais do que o ensino fundamental completo. Houve diferença estatisticamente significante entre os anos estudados em relação à média de exames de hemoglobina glicada (p=0,035), sendo maior em 2019. O controle da DM2 não apresentou diferença estatística ao longo do tempo (p=0,105) nem em relação ao número adequado de exames anuais previsto para esses pacientes (p=0,374). A maioria não possuía bom controle da HAS nos anos estudados e após o início da pandemia todos os indicadores de HAS apresentaram pioras estatisticamente significantes. Média de aferições de PA (p<0,001), percentual de usuários com número adequado de PA (p=0,006) e a proporção daqueles que apresentavam PA controlada (p<0,001) foram menores nos anos da pandemia quando comparados com o período pré-pandêmico. A média do número de consultas com o profissional médico e/ou enfermeiro no ano de 2019 foi de 3,4 consultas diminuindo para 2,4 e 2,48 nos anos de 2020 e 2021, respectivamente (p<0,001). A proporção de paciente com CC adequada em 2019 (59,3%) foi significativamente maior do que nos anos seguintes, caindo para 38% e 41,5% em 2020 e 2021, respectivamente (p<0,001). Não havia diferença significante na proporção de CC adequada em função do sexo em 2019, no entanto, durante a pandemia, o sexo masculino apresentou percentagens menores de CC adequada do que as pacientes do sexo feminino (2020, p=0,013; 2021, p=0,005). Durante o estudo 68,5% dos usuários do estudo não apresentaram notificação para COVID-19, ocorreram 33 óbitos, sendo 9 por COVID-19 e 24 por outras causas. A mortalidade, independente da causa, foi significativamente maior no grupo de não vacinados (p<0,001). Um total de 91,5% da população avaliada aderiu ao programa de vacinação, porém a adesão diminui ao longo das doses ofertadas para essa população (1 dose=91,5%, 2 doses=90,4%, 3 doses=82,2%, 4 doses=57,6%). Conclusão: Houve impacto negativo da pandemia na CC de pacientes portadores de HAS e DM2 na Atenção Primária à Saúde. Os óbitos ocorreram com maior prevalência no grupo que não aderiu ao Programa de Vacinação contra a COVID-19. Abstract: Introduction: COVID-19 has brought numerous challenges to the organization of the Unified Health System, which may have had an impact on the continuity of care (CC) on patients with chronic diseases. Objective: To analyze the impact of the pandemic on the CC of adult patients with Systemic Arterial Hypertension (SAH) and Type 2 Diabetes Mellitus (DM2) concomitantly in the city of Pinhais-PR. Methodology: Retrospective longitudinal study involving 540 individuals in a representative sample of patients with SAH and DM2 from the Family Health Strategy Units in the city of Pinhais-PR. Data from 2019 (before the pandemic), 2020 and 2021 (during the pandemic) were collected from reports generated from the electronic medical record system used in the city (IDS Saúde), the notifications of COVID cases in the Notifica-COVID-19-PR and of Laboratory Analysis at the state of Paraná (GAL-PR) and the database of the Computerized System of the National Immunization Program (SI-PNI). The CC was characterized as adequate (3 or more annual appointments) or inadequate (2 or less annual appointment) according to the number of appointments planned for these patients, according to the state protocols for comorbidities that are used in the municipality. The socioeconomic profile, control of comorbidities and adherence to the immunization program were also analyzed. The descriptive statistical analysis estimated measures of central tendency, dispersion and the inferential one used the Cochran Test and Friedman Test. Results: Females were the most prevalent (63,7%), the mean age was 61.5 years [Standard Deviation=11,9] and only 17,6% had completed more than elementary school. There was a statistically significant difference between the years studied in relation to the average of glycated hemoglobin tests (p=0,035), being higher in 2019. DM2 control showed no statistical difference over time (p=0,105) nor in relation to the number of annual exams predicted for these patients (p=0,374). Most did not have good control of SAH in the years studied and after pandemic's beginning, ail SAH indicators showed a statistically significant worsening. Mean BP measurements (p<0,001), percentage of users with an adequate number of BPs (p=0,006) and the proportion of those with controlled BP (p<0,001) were lower in the pandemic years when compared to the pre-pandemic period. The average number of consultations with the medical professional and/or nurse in 2019 was 3,4 consultations, decreasing to 2,4 and 2,48 in 2020 and 2021, respectively (p<0,001). The proportion of patients with adequate WC in 2019 (59,3%) was significantly higher than in subsequent years, dropping to 38% and 41,5% in 2020 and 2021, respectively (p<0,001). There was no significant difference in the proportion of adequate WC according to gender in 2019, however, during the pandemic, males had lower percentages of adequate WC than female patients (2020, p=0,013; 2021, p=0,005). During the study, 68,5% of the study users did not report COVID-19, there were 33 deaths, 9 from COVID-19 and 24 from other causes. Mortality, regardless of the cause, was significantly higher in the unvaccinated group (p<0,001). A total of 91,5% of the assessed population adhered to the vaccination program, but adherence decreased over the doses offered to this population (1 dose=91,5%, 2 doses=90,4%, 3 doses=82,2%, 4 doses=57,6%). Conclusion: There was a negative impact of the pandemic on the WC of patients with SAH and DM2 in Primary Health Care. Deaths occurred with a higher prevalence in the group that did not adhere to the Vaccination Program against COVID-19.
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