Contribuição das consultas farmacêuticas para o controle clínico da diabetes tipo 2 em Unidades Básicas de Saúde
Resumo
Resumo: As doenças crônicas ocasionam mortes prematuras, incapacidades, perda da qualidade de vida e impactam fortemente sobre o sistema de saúde e sobre a economia. Estudos de diversos países demonstram melhora da adesão à farmacoterapia prescrita pelos médicos e reduções significativas nos valores de pressão arterial, glicemia, colesterol total e índice de massa corporal em pacientes que passam por consultas e acompanhamento farmacêutico. As consultas farmacêuticas encontram-se disponíveis em todas as unidades básicas de saúde (UBSs) do município de Curitiba. O objetivo deste estudo foi investigar a contribuição das consultas farmacêuticas para o controle clínico da Diabetes tipo 2 nos indivíduos adultos de quatro UBSs de áreas populosas da cidade de Curitiba, além de identificar estratégias que melhoraram o cuidado destes usuários. Tratou-se de um estudo retrospectivo, observacional e analítico longitudinal, com caráter descritivo, realizado com dados secundários provenientes dos formulários de consultas farmacêuticas e do sistema informatizado local (e-Saúde) e análises dos valores de hemoglobina glicada (HbA1c) antes e após as consultas farmacêuticas. A população do estudo foi constituída por pessoas com diabetes tipo 2 insulinizadas e de alto risco de complicações, conforme estratificação pela equipe médica. Nos resultados, obteve-se que esta população era constituída predominantemente por pessoas do sexo feminino (65,5%), com idades entre 50 até 69 anos (63,6%), alfabetizadas (76,7%), sem cuidador (76,8%), sedentárias (74,7%), com autonomia de uso dos medicamentos (89,9%) e em uso de 4 a 13 medicamentos (91,9%). Os maiores problemas envolvendo a insulina foram: homogeneização incorreta da insulina NPH (91,9%), omissão de doses (79,8%), prescrição em subdose (77,7%) e administração incorreta das insulinas (65,6%). Os dez medicamentos mais utilizados pelos usuários, além da insulina NPH foram metformina 83,8%; sinvastatina 50,5%; ácido acetilsalicílico 42,4%; losartana 35,3%; hidroclorotiazida e enalapril 24,2%; levotiroxina 22,2%; gliclazida e atenolol 20,2%; anlodipino 19,2%; omeprazol 17,2% e fluoxetina 16,2%. Após as consultas farmacêuticas e apoio das equipes de saúde, houve uma média de redução de 17,3% nos valores de hemoglobina glicada. Entre os 99 pacientes diabéticos que passaram pelas consultas farmacêuticas, 96 pacientes conseguiram reduzir significativamente os valores de HbA1c e 32 pacientes conseguiram atingir a meta ideal de hemoglobina glicada menor ou igual 7,0%. As estratégias utilizadas mais frequentes foram o acolhimento, educação em saúde, vínculo e apoio matricial do profissional farmacêutico. Deste modo, pode-se considerar que as consultas farmacêuticas fortalecem o cuidado integral das pessoas assistidas pelas equipes de saúde das UBS, melhoram a adesão à farmacoterapia e auxiliam no controle das doenças crônicas e na melhora da qualidade de vida de usuários do Sistema Único de Saúde. Abstract: Chronic diseases cause premature deaths, disabilities, loss of quality of life and have a strong impact on the health system and the economy. Studies from several countries demonstrate improved adherence to pharmacotherapy prescribed by physicians and significant reductions in blood pressure, blood glucose, total cholesterol and body mass index values in patients who undergo consultations and pharmaceutical follow-up. Pharmaceutical consultations are available in all basic health units (UBSs) in the city of Curitiba. The objective of this study was to investigate the contribution of pharmaceutical consultations to the clinical control of Type 2 Diabetes in adults from four UBSs in populated areas of the city of Curitiba, in addition to identifying strategies that improved the care of these users. This was a retrospective, observational and longitudinal analytical study, with a descriptive character, carried out with secondary data from pharmaceutical consultation forms and the local computerized system (e-Saude) and analyzes of glycated hemoglobin (H bA lc) values before and after pharmaceutical consultations. The study population consisted of people with type 2 diabetes on insulin and at high risk of complications, as stratified by the medical team. In the results, it was found that this population consisted predominantly of females (65.5%), aged between 50 and 69 years (63.6%), literate (76.7%), without a caregiver (76 .8%), sedentary (74.7%), with autonomy of medication use (89.9%) and in use of 4 to 13 medications (91.9%). The biggest problems involving insulin were: incorrect homogenization of NPH insulin (91.9%), omission of doses (79.8%), under-dose prescription (77.7%) and incorrect administration of insulins (65.6%). The ten drugs most used by users, in addition to NPH insulin, were metformin 83.8%; simvastatin 50.5%; acetylsalicylic acid 42.4%; losartan 35.3%; hydrochlorothiazide and enalapril 24.2%; levothyroxine 22.2%; gliclazide and atenolol 20.2%; amlodipine 19.2%; omeprazole 17.2% and fluoxetine 16.2%. After pharmaceutical consultations and support from health teams, there was an average reduction of 17.3% in glycated hemoglobin values. Among the 99 diabetic patients who underwent pharmaceutical consultations, 96 patients managed to significantly reduce HbA1c values and 32 patients managed to reach the ideal goal of glycated hemoglobin less than or equal to 7.0%. The most frequently used strategies were welcoming, health education, bonding and matrix support from the pharmaceutical professional. In this way, it can be considered that pharmaceutical consultations strengthen the comprehensive care of people assisted by the UBS health teams, improve adherence to pharmacotherapy and help in the control of chronic diseases and in improving the quality of life of users of the Unified Health System.
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