Divisão sexual do trabalho no Brasil no contexto da pandemia de COVID-19

Abstract

Resumo: Este projeto consiste em um estudo do atual panorama brasileiro de desigualdade socioeconômica no mercado de trabalho, considerando a pandemia de COVID-19. As análises centram-se no contexto da divisão sexual do trabalho, utilizando, principalmente a variável gênero - dicotômica - e demais marcadores sociais, como cor/raça e classe social, conforme a disponibilidade dos dados, na medida em que se considera não haver hierarquia de opressões entre essas identidades, mas uma intersecção, conforme advoga a teoria da interseccionalidade. O principal objetivo da pesquisa é analisar de que forma está configurada a divisão sexual do trabalho no Brasil. Parte-se da análise teórica sobre o tema, considerando o prognóstico do mercado de trabalho brasileiro sob a ótica de gênero, raça e classe social e na sequência a pesquisa faz um apanhado sobre a economia feminista e seus pressupostos, os quais possuem caráter crítico e reformista aos delineamentos do mainstream econômico. A principal constatação dessa teoria é o caráter androcêntrico da economia tradicional, traçando o perfil do homo economicus como particular de um homem branco, ocidental, jovem, saudável e sem responsabilidades por terceiros. A pesquisa possui caráter metodológico descritivo, bibliográfico e consulta fontes secundárias, tendo como principal ponto de partida os relatórios da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados e os estudos de gênero do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 2021. Os resultados indicam que as mulheres dedicam, em média, o dobro de horas semanais nos afazeres domésticos; são maioria da população desocupada e por consequência minoria da parcela ocupada, embora representem mais da metade da população brasileira. Nos cargos de diretoria que foram analisados nesta pesquisa, elas também são minoria e recebem, quase que em 100% dos casos, salário consideravelmente inferiores. Não são dados surpreendentes, uma vez que, em retrospecto, a causa da divisão sexual do trabalho é o papel social atribuído à mulher, que não será desconstruído a curto prazo. No entanto, a luta não está inerte, estamos conquistando cada vez mais espaços outrora negados, como cargos políticos e espaços de decisões. Ademais, a mulher brasileira deixou de ser coadjuvante no orçamento familiar e hoje é fonte de renda importante, quando não a principal da família. Por fim, necessário reforçar que a igualdade social e econômica entre homens e mulheres significa desenvolvimento, melhor qualidade de vida e garantia de direitos, o que perpassa políticas públicas e econômicas inclusivas.

Abstract: This project consists of a study of the current Brazilian panorama of socioeconomic inequality in the labor market, considering the COVID-19 pandemic. The analyses are centered in the context of the sexual division of labor, using mainly the variable gender - dichotomous - and other social markers, such as color/race and social class, according to the availability of data, insofar as it is considered that there is no hierarchy of oppression between these identities, but an intersection, as advocated by the theory of intersectionality. The main objective of the research is to analyze how the sexual division of labor is configured in Brazil. It begins with a theoretical analysis of the theme, considering the prognosis of the Brazilian labor market from the viewpoint of gender, race and social class, and then goes on to analyze feminist economics and its assumptions, which are critical and reformist in nature in relation to the delineations of the economic mainstream. The main finding of this theory is the androcentric character of traditional economics, outlining the profile of the homo economicus as white, western, young, healthy, and without responsibility for others. The research has a descriptive and bibliographical methodological character and consults secondary sources, having as its main starting point the reports of the Continuous National Survey of Household Sampling, the General Registry of the Employed and Unemployed, and the gender studies of the Brazilian Institute of Geography and Statistics, 2021. The results indicate that women dedicate, on average, twice as many hours per week to domestic chores; they are the majority of the unemployed population and, consequently, the minority of the employed population, even though they represent more than half of the Brazilian population. In the management positions that were analyzed in this research, they are also in the minority and receive, almost in 100% of the cases, considerably lower salaries. This is not surprising data, since, in retrospect, the cause of the sexual division of labor is the social role assigned to women, which will not be deconstructed in the short term. However, the fight is not inert, we are conquering more and more spaces that were once denied, such as political positions and decision-making spaces. Furthermore, the Brazilian woman is no longer a coadjuvant in the family budget and today she is an important source of income, if not the main one in the family. Finally, it is necessary to reinforce that the social and economic equality between men and women means development, a better quality of life, and guaranteed rights, which goes through inclusive public and economic policies.