Efetividade do tratamento da infecção latente de tuberculose em crianças e adolescentes no Estado do Paraná
Resumo
Resumo: INTRODUÇÃO: A End TB Strategy, proposta pela Organização Mundial da Saúde, recomenda o tratamento da infecção latente por tuberculose como uma estratégia crucial para a redução da taxa de incidência da doença. OBJETIVO: Analisar a efetividade, segurança e desfechos do tratamento preventivo da tuberculose (TPT) em crianças e adolescentes no Estado do Paraná, região sul do Brasil e os fatores associados ao adoecimento. MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectiva, com utilização de dados secundários dos sistemas de informação do TPT do Estado do Paraná de 2009 a 2016 e dos casos de tuberculose do Brasil entre 2009 e 2018. Para análise, os indivíduos foram divididos em 2 grupos. O primeiro, para avaliar o TPT em crianças e adolescentes de 3 meses a 18 anos de idade, e o segundo, com crianças até 3 meses de idade, para avaliar a quimioprofilaxia primária. RESULTADOS: No primeiro grupo, foram incluídos 1.397 indivíduos. Em 95,4%, a indicação do TPT foi história de contato com paciente-índice com tuberculose pulmonar. A isoniazida foi utilizada em 99,9% dos TPT e 87,7% completaram o tratamento. A proteção do TPT foi de 98,7%. Entre os 18 que evoluíram com TB, 14 (77,8%) adoeceram mais de 2 anos após o TPT e 4 (22,2%) nos dois primeiros anos (p<0,001). Não se observaram possíveis fatores de risco associados ao adoecimento. Eventos adversos foram relatados em 3,3%, sendo a maioria gastrointestinais. A medicação necessitou ser descontinuada em apenas 2 (0,1%) casos devido a eventos adversos. No segundo grupo, foram incluídos 24 RN em quimioprofilaxia primária, com idade de início do tratamento, de 0 a 87 dias (mediana de 23 dias). Em 95,8% o contato era domiciliar sendo em 33,3% a mãe. Evolutivamente 20,8% crianças apresentaram prova tuberculínica reatora; 83,3% completaram a quimioprofilaxia e apenas duas apresentaram eventos adversos (gastrointestinais). Nesse segundo grupo, nenhuma criança evoluiu com TB ou foi a óbito no período mínimo de 2 anos de acompanhamento. CONCLUSÃO: Em condições de rotina dos serviços de saúde, o TPT para crianças e adolescentes apresentou uma baixa taxa de adoecimento, principalmente nos primeiros dois anos após o término do tratamento, com uma boa tolerabilidade e uma boa adesão ao tratamento. O TPT deve ser incentivado para que as metas da End TB Strategy possam ser alcançadas, porém estudos com novos esquemas, principalmente no período neonatal, devem ser realizados em cenários da vida real. Abstract: INTRODUCTION: The End TB Strategy, proposed by the World Health Organization, recommends the treatment of latent tuberculosis as a fundamental strategy for reducing the incidence of the disease. OBJECTIVE: To analyze the effectiveness, safety, outcomes, and associated factors of tuberculosis preventive treatment (TPT) in children and adolescents in the State of Paraná, southern Brazil. METHODS: Observational cohort study, with retrospective collection of secondary data from the TPT information systems of the state of Paraná from 2009 to 2016, and tuberculosis in Brazil from 2009 to 2018. Two groups were used for analysis. The first to evaluate the TPT in children and adolescents from 3 months to 18 years of age and the second was with children up to 3 months old, to evaluate primary chemoprophylaxis. RESULTS: In the first group, 1,397 subjects were included. In 95.4% of the individuals, the indication for TPT was a history of patient-index contact with pulmonary tuberculosis. Isoniazid was used in 99.9% of the cases with TPT, and 87.7% completed the treatment. The TPT protection rate was 98.7%. Among the 18 people who had TB, 14 (77.8%) became ill > 2 years after the treatment and 4 (22.2%) in the first two years (p < 0.001). No risk factors associated with the illness were observed. Adverse events were reported in 3.3%, mostly gastrointestinal. The medication needed to be discontinued in only 2 (0.1%) cases due to adverse events. In the second group, 24 children were underwent primary chemoprophylaxis were included, and the age at treatment onset ranged from 0 to 87 days (median 23 days). In 95.8%, the contact was at home, with 33.3% being the mother. A total of 20.8% of the children presented a reactive tuberculin skin test, 83.3% completed chemoprophylaxis, and only two had adverse events (gastrointestinal). In this second group, no child developed TB or died during the minimum 2-year follow-up period. CONCLUSION: Under routine conditions of health services, TPT for children and adolescents showed a low rate of progression to TB, especially in the first two years after the end of treatment, with good tolerability and good adherence. TPT should be encouraged to achieve the End TB Strategy goals, but studies with new regimens, especially in the neonatal period, should be performed in real-life scenarios.
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