Análise de fatores de risco para recidiva de lesões de alto grau do colo uterino

Abstract

Resumo: Introdução: O câncer de colo uterino é precedido por lesões pré-malignas que podem ser tratadas de modo conservador por procedimentos cirúrgicos. O tratamento das lesões intraepiteliais de alto grau (LIEAG) não é 100% eficaz, recidivas das lesões podem ocorrer e as pacientes permanecem com risco aumentado de carcinoma invasivo por ao menos 25 anos após o tratamento. O objetivo deste trabalho é avaliar os fatores de risco para a recidiva destas lesões em pacientes submetidas à exérese da zona de transformação. Materiais e métodos: Estudo retrospectivo, observacional e transversal realizado entre janeiro de 2005 e julho de 2017 que avaliou 127 casos de LIEAG tratadas cirurgicamente. Características sociodemográficas, anatomopatológicas e cirúrgicas foram avaliadas para determinar o maior risco de recidiva. Resultados: A taxa de recidiva foi de 14,17%. O comprometimento das margens ecto e endocervical se associou com maior risco de recorrência das LIEAG. O hazard ratio (HR) dos casos com margem endocervical comprometida foi de 4,703 (IC 95% 1,67 a 13,25; p=0,026), enquanto o HR quando a margem ectocervical era comprometida foi de 3,475 (IC 95% 1,229 a 9,823; p=0,019). Todas as pacientes que mantiveram acompanhamento em nosso serviço e que apresentavam comprometimento das margens tiveram recidiva das lesões em até 5,5 anos. Pacientes cuja biópsia pré-operatória obteve apenas 1 ou 2 fragmentos também apresentaram maior chance de recidiva com HR de 10,229 (IC 95% 1,315 a 79,583; p=0,003). Os demais fatores avaliados não se associaram com maior chance de recidiva. Conclusão: O menor número de fragmentos amostrados na biópsia pré-operatória e o comprometimento das margens ecto e endocervical se correlacionaram com maior chance de recidiva das LIEAG e com recidivas mais precoces.

Abstract: Introduction: Cervical cancer is preceded by cervical intraepithelial neoplasia which can be treated with conservative surgeries. The treatment of high grade squamous intraepithelial lesions (HSIL) is not 100% effective and recurrences can happen. The patients have a higher risk of developing invasive cervical neoplasm for at least 25 years after the treatment of HSIL. The aim of this study was to analyze the risk factors for HSIL recurrences after excision of the transformation zone. Materials and methods: Retrospective, observational and cross-sectional study which evaluated 127 HSIL cases treated surgically. Sociodemographic, anatomopathological and surgical characteristics were evaluated to determine the risk of recurrence. Results: The recurrence rate was 14.17%. Ectocervical and endocervical margin involvement was associated with a higher risk of HSIL recurrence. The hazard ratio (HR) for cases with compromised endocervical margin was 4.703 (95% CI 1.67 to 13.25; p=0.026), while the HR when ectocervical margin was compromised was 3.475 (95% CI 1.229 to 9.823, p=0.019). All patients who were followed up at our service and who had compromised margins had recurrence of the lesions within 5.5 years. Patients whose preoperative biopsy obtained only 1 or 2 fragments also had a greater chance of recurrence with a HR of 10.229 (95% CI 1.315 to 79.583; p=0.003). The other factors were not associated with a greater risk of recurrence. Conclusion: The smaller number of fragments sampled in the preoperative biopsy and the involvement of the ectocervical and endocervical margins correlated with a greater chance of recurrence of HSIL and with earlier recurrences.