O jagunço enquanto categoria histórica : especificidades na Revolta do Sudoeste (PR) de 1957 e presença histórica no século XX

Abstract

Resumo: Esta dissertação é mais um produto inserido dentro de nossa trajetória de pesquisas sobre a Revolta do Sudoeste paranaense de 1957. Desde o início, elencamos o jagunço que atuou naquele contexto como nosso objeto de análise central. Neste trabalho, buscando dar mais um passo nas produções de conhecimento sobre esse sujeito, aprofundamos algumas análises sobre ele no cenário de 1957. Todavia, logo se mostrou necessário também uma ampliação em nossa abordagem, no sentido de compreender esse sujeito – ou categoria, como se mostrará – em recortes mais amplos. Dessa forma, nosso trabalho está dividido em duas frentes. Na primeira parte, trabalhando especialmente com fontes orais – destacadamente entrevistas produzidas pelo Jornal de Beltrão entre 2007 e 2008 – vamos nos debruçar sobre as especificidades do jagunço no contexto particular da Revolta; suas ações e relações, destacando elementos que receberam pouca atenção até o momento. Na segunda parte, vamos nos dedicar sobre uma delimitação mais precisa do que compreendemos por jagunço. Para tanto, será necessário, também, estipular alguns pontos de afastamento com outros jagunços. Nesse exercício utilizaremos especialmente fontes literárias. Por fim, tendo bem delimitada a categoria de jagunço com a qual trabalhamos, vamos expor sua presença constante na história do Brasil ao longo do século XX, evidenciando seu papel de destaque em toda uma estrutura mais ampla de conflitos de terra, violência no campo, etc. As comissões da verdade fornecem descrições fundamentais para esses casos e por isso, serão nossas principais fontes. Ao fim desse processo e tendo algumas noções essenciais, como a memória e, principalmente, a violência, será possível perceber que a presença e atuação desses jagunços, a serviço de projetos desenvolvimentistas pautados na violência, de progresso e de expansão das fronteiras e do capital, são elementos constantes e definidores da sociedade brasileira.

Abstract: This dissertation is yet another product inserted within our trajectory of research on the Revolt in the Southwest of Paraná in 1957. From the beginning, we listed jagunço who acted in that contexto as our central object of analysis. In this work, seeking to take a further step in the production of knowledge about this subject, we deepen some analyzes about him in the scenario of 1957. However, it soon became necessary to expan our approach, in order to understand this subject – or category, as it will be shown – in broader terms. In this way, our work is divided into two fronts. In the first part, working especially with oral sources – notably interviews produced by Jornal de Beltrão between 2007 and 2008 – we will focus on the specificities of the jagunço in the particular context of the Revolt; their actions and relationships, highlighting elements that have received little attention so far.In the second part, we will dedicate ourselves to a more precise delimitation of what we understand by jagunço. To do so, it will also be necessary to stipulate some points of separation from other jagunços. In this exercise, we will use especially literary sources. Finally, having well delimited the category of jagunço with which we work, we will expose his constant presence in the history of Brazil throughout the 20th century, highlighting his prominent role in a broader structure of land conflicts, violence in the countryside, etc. Truth commissions provide key descriptions for these cases and as such will be our main sources. At the end of this process and having some essential notions, such as memory and, mainly, violence, it will be possible to perceive that the presence and performance of these jagunços, at the service of development projects based on violence, progress and expansion of borders and capital, are elements constants and defining elements of Brazilian society.