Borrando a fronteira dos movimentos sociais : a diversidade das formas de participação, as emoções e a interseccionalidade das ocupações estudantis paranaenses
Resumo
Resumo: Esse estudo teve como objetivo "borrar" as "fronteiras" identificadas por Touraine e demais autores da Teoria dos Novos Movimentos Sociais, a partir de pesquisa empírica sobre as ocupações estudantis secundaristas que aconteceram no Paraná em 2016, desenvolvida com base na realização de entrevistas semiestruturadas com 26 ocupantes de diferentes regiões do estado. A crítica à Teoria dos Novos Movimentos sociais foi estabelecida a partir de teorias marxistas, interseccionais e sobre as emoções, com as quais refutei o pressuposto de uma dicotomia entre racionalização e subjetivação, que, por sua vez, implica em uma cisão entre estrutura e identidade sociais e entre razão e emoção, demonstrando sua inadequação para analisar ações coletivas e movimentos sociais brasileiros. Isso porque as estruturas e as identidades sociais não estão dissociadas, mas, sobretudo, imbricadas por explorações e dominações, assim como as resistências a elas, que também articulam aspectos como raça, gênero e classe. Por conseguinte, demonstro que não é profícuo categorizar os movimentos sociais como "tradicionais" e "novos"/"novíssimos". Como exemplo, apresento a diversidade de formas de participação nas ocupações, conformada por militantes organizadas e estudantes autonomistas e independentes, e assim, argumento que mais vale observar como os diferentes grupos estabelecem alianças e conflitos no curso das mobilizações, do que dicotomizá-los. Na sequência, demonstro que houve uma estratificação emocional entre esses grupos, que impactou suas experiências de maneira diferencial, baseada também em aspectos interseccionais. Ao tratar das emoções destaco, ademais, seu caráter macroscópico, demonstrando que elas "conectam" indivíduos e estrutura social, nas esferas micro, meso e macro. Por fim, utilizei métodos quantitativos para apreender aspectos gerais sobre as mobilizações, observando sua conformação territorial. Para isso, elaborei mapas que explicitam sua descentralização, impulsionada por essa diversidade de formas de participação e pela estratificação emocional, bem como seu fluxo e refluxo, impactados também pela ação de apoiadores e opositores. Abstract: This study aimed to "blur" the "borders" identified by Touraine and other authors of the New Social Movements Theory, based on empirical research on the high school student occupations that took place in Paraná in 2016, developed based on semi-structured interviews with 26 occupants from different regions of the state. The critique of New Social Movements Theory was established from Marxist, intersectional and emotion theories, with which I refuted the assumption of a dichotomy between rationalization and subjectivation, what, in turn, implies a cision between social structure and identity and between reason and emotion, demonstrating its inadequacy to analyze collective actions and Brazilian social movements. The reason is that social structures and identities are not dissociated, but, above all, are imbricated by exploitation and domination, as well as the resistances to them, which also articulate aspects such as race, gender, and class. Therefore, I demonstrate that it is not useful to categorize social movements as "traditional" and "new"/"brand new". As an example, I present the diversity of forms of participation in the occupations, made up of organized militants and autonomous and independent students, and thus argue that it is better to observe how the different groups establish alliances and conflicts in the course of the mobilizations, rather than dichotomize them. In the sequence, I argue that there was an emotional stratification among these groups, which impacted their experiences in a differential way, also based on intersectional aspects. In discussing emotions, I also highlight their macroscopic character, demonstrating that they "connect" individuals and social structure, in the micro, meso, and macro spheres. Finally, I employed quantitative methods to capture general aspects of the mobilizations, observing their territorial conformation. To this end, I have elaborated maps that make explicit the decentralization of the mobilizations, driven by this diversity of forms of participation and by emotional stratification, as well as their evolution and reflux, also impacted by the action of supporters and opponents.
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- Teses [111]