Estudo longitudinal comparativo de agentes infecciosos identificados no trato genital inferior de gestantes com e sem histórico de prematuridade
Resumo
Resumo: A prematuridade é um grande desafio para a prática obstétrica, apesar dos avanços científicos e melhor entendimento da sua fisiopatologia. Mundialmente, 15 milhões de crianças nascem prematuras/ano, correspondendo a 11% de todos os nascimentos, acarretando em aumento significativo dos gastos públicos, advindos das inúmeras complicações materno-infantis associadas a tal condição. A principal causa da prematuridade é infecciosa/inflamatória e ainda não se sabe o papel de muitos agentes etiológicos, inclusive de espécies que colonizam o ambiente vaginal como Ureaplasma spp. e Mycoplasma spp. O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de colonização por Ureaplasma spp. e Mycoplasma spp. no trato genital inferior em dois grupos de gestantes associadas com antecedentes ou não de prematuridade. Trata-se de um estudo longitudinal, prospectivo realizado em serviços de pré-natal de baixo e alto risco no município de Campo Largo, no estado do Paraná. Foram incluídas 26 gestantes com história de gestação pré-termo (GPT) e 24 gestantes com história de gestação de termo (GT). Todas as participantes responderam a um questionário, no qual foram avaliados dados sociodemográficos, histórico de doenças prévias, antecedentes ginecológicos e obstétricos e foram submetidas a exame ginecológico e coleta de amostras de secreção vaginal/cervical, uma amostra em cada um dos 3 trimestres da gestação. As amostras cervicais foram submetidas à extração para pesquisa dos microrganismos-alvo por Polymerase Chain Reaction em tempo real em módulo multiplex. Participaram do estudo 50 gestantes com média de idade de 29,4 ± 5,9 anos, variando de 19,4 a 40,1 anos e média de idade gestacional de 13,6 ± 4,5 semanas, variando de 6 a 28,1 semanas, no início do acompanhamento. A prevalência geral de positividade para os microrganismos estudados foi de 18 casos (36,0%). Na comparação das gestantes do GT e GPT não se observou diferença significativa nos aspectos sociodemográficos, hábitos de vida, história de infecção sexualmente transmissível, Papanicolau (exame preventivo de câncer de colo de útero), queixas genitais, classificação da microbiota vaginal, história gestacional, história de parto e nascimento prematuro (p > 0,05). Foi observada menor idade materna (p < 0,001) e maior número de gestações (p = 0,01) no GPT. Vinte e oito gestantes foram acompanhadas em todos os 3 trimestres (do 1º ao 3º trimestre), sendo 15 do GT e 13 do GPT. Os microrganismos identificados no ambiente vaginal foram o Ureaplasma parvum e Mycoplasma hominis, com frequência semelhante entre os grupos em todos os trimestres de gestação (p > 0,05). A prevalência de gestação pré-termo foi de um caso no GT (6,7%) e nenhum no GPT (0,0%) (p = 1,00). A prevalência geral de positividade para estes microrganismos, considerando todas as gestantes, foi de 3,6% no 1º trimestre, 42,8% no 2º trimestre e de 64,3% no 3º trimestre, sem diferença entre os grupos, na avaliação geral ou de cada trimestre (p > 0,05), mas demonstrando maior presença destes microrganismos nos dois últimos trimestres comparativamente ao primeiro (p < 0,001). Abstract: Prematurity is a major challenge for obstetric practice, despite scientific advances and better understanding of its pathophysiology. Worldwide, 15 million children are born prematurely/year, corresponding to 11% of all births, resulting in a significant increase in public spending, due to the numerous maternal and child complications associated with this condition. The main cause of prematurity is infectious/inflammatory and the role of many etiological agents is still unknown, including species that colonize the vaginal environment such as Ureaplasma spp. and Mycoplasma spp. The objective of this study was to estimate the incidence of infection by Ureaplasma spp. and Mycoplasma spp. in the lower genital tract in two groups of pregnant women associated with a history or not of prematurity. This is a longitudinal, prospective study carried out in low- and high-risk prenatal services in the municipality of Campo Largo, Paraná State, Brazil. We included 26 pregnant women with a history of prematurity (PTG) and 24 pregnant women with a history of term pregnancy (TG). All participants answered a questionnaire in which sociodemographic data, history of previous diseases, gynecological and obstetric history were evaluated and were submitted to gynecological examination and vaginal/cervical secretion sampling, one sample in each of the 3 trimesters of pregnancy. The cervical samples were submitted to extraction for research of the target microorganisms by real time Polymerase Chain Reaction in multiplex module. Student's t, Mann-Whitney and Pearson's chi-square tests were applied for statistical analysis, with a 5% significance level. Fifty pregnant women with a mean age of 29.4 ± 5.9 years, ranging from 19.4 to 40.1 years, and a mean gestational age of 13.6 ± 4.5 weeks, ranging from 6 to 28.1 weeks, participated in the study at the beginning of follow-up. The overall incidence of positivity for the studied microorganisms was 18 cases (36.0%). In the comparison of pregnant women from TG and PTG no significant difference was observed in sociodemographic aspects, life habits, history of sexually transmitted infection, Pap-test (preventive examination for cervical cancer), genital complaints, classification of vaginal microbiota, gestational history, delivery history and premature birth (p > 0.05). Lower maternal age (p < 0,001) and higher number of pregnancies (p = 0,01) were observed in PTG. Twenty-eight pregnant women were followed in all 3 trimesters (from the 1st to the 3rd trimester), 15 from the TG and 13 from the PTG. The microorganisms identified in the vaginal environment were Ureaplasma parvum and Mycoplasma hominis, with similar frequency between the groups in all trimesters of pregnancy (p > 0.05). The incidence of prematurity was one case in the TG (6.7%) and none in the PTG (0.0%) (p = 1.00). The overall incidence of positivity for these microorganisms, considering all pregnant women, was 3.6% in the 1st trimester, 42.8% in the 2nd trimester and 64.3% in the 3rd trimester, with no difference between groups, in the overall assessment or of each trimester (p > 0.05), but showing a higher presence of these microorganisms in the last two trimesters compared to the first (p < 0.001).
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