Estudo morfoanatômico, fitoquímico, antimicrobiano e citotóxico da espécia Allophylus semidentatus (Miq.) Radlk. (Sapindaceae)

Abstract

Resumo: O gênero Allophylus pertencente à família Sapindaceae, possui substâncias ativas como taninos, alcaloides, flavonoides, esteroides, triterpenos e cumarinas, sendo algumas espécies utilizadas na medicina popular. A espécie Allophylus semidentatus é nativa do Brasil, mas não endêmica. Este trabalho teve como objetivo realizar o estudo morfoanatômico, fitoquímico, antimicrobiano e citotóxico do extrato etanólico, frações e isolar compostos provenientes das folhas, galhos e casca da espécie Allophylus semidentatus. A análise morfoanatômica de folhas e caules mostraram características que podem auxiliar na identificação da espécie e na descrição do gênero Allophylus e da família Sapindaceae. O resultado histoquímico evidenciou a presença de compostos fenólicos, taninos condensados e alcaloides. As folhas, galhos e cascas foram submetidos aos ensaios farmacopeicos de determinação de umidade e cinzas totais os quais estavam dentro dos parâmetros permitidos pela Farmacopeia Brasileira. O óleo essencial foi extraído das folhas frescas e obteve-se 0,75% de rendimento, sendo que os constituintes químicos majoritários encontrados, foram os sesquiterpenos Germacreno D, Biciclogermacreno e Delta-Cadineno. Os extratos hidroalcoólicos e aquosos foram submetidos a análise fitoquímica preliminar e algumas frações analisadas por cromatografia de camada delgada, onde observouse a presença de taninos, alcaloides, flavonoides, esteroides, triterpenos e cumarinas. Os extratos etanólicos foram particionados obtendo-se as frações hexano, clorofórmio, acetato de etila e hidroalcoólica. A fração clorofórmio dos galhos foi submetida à cromatografia em coluna aberta e compostos isolados foram identificados por ressonância magnética nuclear, como o campesterol e Beta-sitosterol-3-O-Beta-Dglucoside. A fração acetato de etila dos galhos foi também foi submetida a cromatografia de coluna aberta e identificou-se, por difração de raios-X, o composto 2,5-dioxo-4-imidazolinil urea, conhecido como alantoína. A atividade antimicrobiana dos extratos etanólicos e frações das folhas e galhos foi moderada frente a microrganismos como S. aureus e C. albicans. Os extratos etanólicos e frações das folhas, galhos e casca foram submetidos a ensaios de citotoxicidade por redução do MTT, vermelho neutro e cristal violeta frente às linhagens celulares H295R, B16F1 e B16F10, além de avaliar as atividades dos macrófagos RAW 264.7 frente aos extratos etanólico e frações. Também foram testados os extratos e frações frente a células CACO-2. As frações acetato de etila, extrato bruto e fração clorofórmica da casca, na concentração de 1000Mi g/mL foram as que apresentaram uma maior viabilidade celular frente à linhagem celular B16F10. O estudo in vitro demonstrou que a espécie Allophylus semidentatus tem efeitos citotóxicos contra as linhagens celulares de câncer testadas. Os resultados frente às células CACO-2 e os macrófagos RAW 264.7 demonstraram que as amostras testadas se mostraram menos tóxicas, sugerindo que as frações testadas poderiam ter compostos mais promissores no tratamento do câncer.

Abstract: Allophylus belong to the family Sapindaceae, has active substances such as tannins, alkaloids, flavonoids, steroids, triterpenes and coumarins, with some species used in folk medicine. Allophylus semidentatus is native to Brazil, but not endemic. This work aimed to carry out a morphoanatomical, phytochemical, antimicrobial and cytotoxic study of the ethanol extract, fractions and to isolate compounds from the leaves, branches and bark of the species Allophylus semidentatus. Morphoanatomical analysis of leaves and stems showed characteristics that can help in the identification of the species and in the description of the genus Allophylus and the family Sapindaceae. Histochemical result showed the presence of phenolic compounds, condensed tannins and alkaloids. Leaves, branches and bark were submitted to pharmacopoeial assays for determination of moisture and total ash, which were within the parameters allowed by the Brazilian Pharmacopoeia. Essential oil was extracted from the fresh leaves and a yield of 0.75% was obtained, and the major chemical constituents found were the sesquiterpenes Germacrene D, Bicyclogermacrene and Delta-Cadinene. Hydroalcoholic and aqueous extracts were submitted to preliminary phytochemical analysis and some fractions were analyzed by thin layer chromatography, where the presence of tannins, alkaloids, flavonoids, steroids, triterpenes and coumarins was observed. Ethanolic extracts were partitioned obtaining the hexane, chloroform, ethyl acetate and hydroalcoholic fractions. Chloroform fraction of the branches was submitted to open column chromatography and isolated compounds were identified by nuclear magnetic resonance, such as campesterol and Beta-sitosterol-3-O-Beta-D-glucoside. Ethyl acetate fraction of the branches was also subjected to open column chromatography and the compound 2,5-dioxo-4-imidazolinyl urea, known as allantoin, was identified by X-ray diffraction. Antimicrobial activity of ethanolic extracts and fractions of leaves and branches was moderate against microorganisms such as S. aureus and C. albicans. Ethanolic extracts and fractions of leaves, branches and bark were submitted to cytotoxicity assays by MTT reduction, neutral red and crystal violet against H295R, B16F1 and B16F10 cell lines, in addition to evaluating the activities of RAW 264.7 macrophages against ethanolic extracts. and fractions. Extracts and fractions were also tested against CACO-2 cells. Ethyl acetate, crude extract and chloroform fraction of the bark, at a concentration of 1000Mi g/mL, were the ones that showed the highest cell viability against the B16F10 cell line. In vitro study demonstrated that the species Allophylus semidentatus has cytotoxic effects against the tested cancer cell lines. Results against CACO-2 cells and RAW 264.7 macrophages showed that the samples tested were less toxic, suggesting that the fractions tested could have more promising compounds in the treatment of cancer.