Os atores agroecológicos do MST e os espaços de sua formação : das cartilhas e cadernos formativos a práxis nas jornadas de agroecologia e no assentamento de reforma agrária
Resumo
Resumo: A partir da teoria do acionalismo e da mobilização dos conceitos de ator e sujeito, este trabalho discute a formação dos atores agroecológicos do MST em seus espaços formativos: das cartilhas do MST à práxis nas jornadas de agroecologia e no assentamento de reforma agrária. Para viabilizar este percurso metodológico, utilizaram-se três âmbitos ou campos de pesquisa: os cadernos de formação do MST, tomados como documentos históricos; as jornadas de agroecologia, espaços de socialização, troca e partilha de experiências e aprendizagens; e o assentamento Oito de Junho, onde foi possível observar como os atores agroecológicos desenvolvem suas práticas, seus modos de vida e de interação social. Embora se fale em teoria do ator e do sujeito, trata-se neste estudo de atores, sujeitos individuais e coletivos que se constituem como atores através da prática agroecológica, visto que esta remete a resistência, luta e enfrentamento à padronização imposta pela agricultura moderna. A agroecologia além de repensar as técnicas de manejo na agricultura, adotando procedimentos naturais, sustentáveis que priorizam o cuidado com os ecossistemas, é um tema político que abrange aspectos sociais, culturais e econômicos, oriundos do debate articulado pela ecologia política. Neste sentido, a abordagem da agroecologia, mais precisamente dos atores agroecológicos como objeto de estudo, é uma abordagem interdisciplinar, que perpassa pelo campo dos estudos ambientais, políticos e socioculturais, de modo que para entender ao que se refere à categoria de ator é necessário compreender as bases teóricas que permitem compreender as ações sociais sob este viés. No caso das teorias do materialismo e da ação social. Nada melhor que a história e os processos de constituição de um movimento social para ilustrar o diálogo e os contrapontos entre as teorias do materialismo e do acionalismo. No caso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde sua gênese o movimento intercala ações fundamentadas em princípios marxistas ortodoxos à preocupação constante com a criação de uma base de militantes constituída por sujeitos críticos, capazes de enfrentar as realidades materiais impostas pelo sistema. Nesse caso, mesmo com uma identidade socialista construída em meio aos textos e projetos marxistas que lhe dão origem, o MST, ao longo dos anos acabou se adaptando a distintos projetos de governo, na tentativa de viabilizar a reforma agrária dentro das condições possíveis. E sobre a formação dos sujeitos agroecológicos do MST que este texto irá tratar, considerando seus diferentes espaços de formação, e as tramas identitárias tecidas pelos agricultores para permanecer camponeses dentro de uma lógica rural capitalista que segrega e tenta padronizar todas as ações sociais. Abstract: Based on the action theory and the mobilization of the concepts of actor and subject, the formation of the agroecological actors of the MST in their different formative spaces was discussed in this work, from the primers of the MST to the praxis in agroecology journeys and in the settlement of agrarian reform. To make this methodological path viable, was carried out in three areas or fields of research: the MST's training notebooks, taken as historical documents; the journeys agroecologys, spaces for socialization, exchange and sharing experiences and learning; and the Oito de Junho settlement, where it was possible to observe how agroecological actors develop their practices, their ways of life and social interaction. Although we talk about the theory of the actor and the subject, in this study deal with individual and collective actors and subjects who constitute themselves as actors through agroecological practice, since this refers to resistance, struggle and confrontation with the standardization imposed by modern agriculture. The agroecology beyondk management techniques in agriculture, adopting natural, sustainable procedures that prioritize care for ecosystems, is a political theme that encompasses social, cultural and economic aspects, arising from the debate articulated by political ecology. In this sense, the approach of agroecology, more precisely of agroecological actors as an object of study, is an interdisciplinary approach, which permeates the field of environmental, political and sociocultural studies, so that in order to understand what the category of actor refers to, it is necessary understand the theoretical bases that allow us to understand social actions under this bias. In the case of theories of materialism and social action. There is nothing better than the history and processes of constitution of a social movement to illustrate the dialogue and counterpoints between the theories of materialism and actionalism. In the case of the Landless Workers Movement, since its genesis, the movement has interspersed actions based on orthodox Marxist principles with a constant concern with the creation of a base of militants constituted by critical subjects, capable of facing the material realities imposed by the system. In this case, even with a socialist identity built amidst the Marxist texts and projects that gave rise to it, the MST, over the years, ended up adapting to different government projects, in an attempt to make agrarian reform viable within the possible conditions. It is about the formation of the agroecological subjects of the MST that this text will deal with, considering their different spaces of formation, and the identity plots woven by rural workers to remain peasants within a capitalist rural logic that segregates and tries to standardize all social actions.
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