Dolomitização multifásica em brecha hidráulica da mina Rio Bonito - Campo Largo - PR : implicações para o desenvolvimento de porosidade e geração de reservatórios
Resumo
Resumo: As rochas carbonáticas da Mina Rio Bonito estão representadas por metamargas, rochas milonitizadas, mármores calcíticos, dolomíticos e brecha dolomítica. A dolomitização que afetou o mármore teve origem em ambiente de soterramento. O processo ocorreu durante o Mesoproterozóico, sendo do tipo substituição, onde a rocha calcítica pretérita teve a matriz substituída em grande parte por dolomita em cristais com granulação fina à média, distribuição unimodal, secundariamente polimodal, em indivíduos com aspecto turvo e onde a estilolitização e o fraturamento constituíram os condutos principais para a circulação das soluções ricas em Mg. A brecha dolomítica teve origem durante o Ciclo Brasiliano (Neoproterozóico), em condições de fraturamento hidráulico originado a partir da devolatilização ocorrida durante o metamorfismo de fácies xisto verde. A dolomitização foi do tipo preenchimento, responsável pela precipitação do material micrítico (Dp1), de composição dolomítica, rico em Fe, originado a partir de fluido em desequilíbrio químico com o fluido responsável pela dolomitização anterior. No Paleozóico, ocorreu nova fase de dolomitização, gerando o cimento do tipo Dp2, em conseqüência da reativação de falhas crustais profundas ou intrusões ígneas (diques de diabásio). Esse cimento dolomítico está constituído por dolomita do tipo em sela, com indivíduos não-planares, granulação grossa, forte extinção ondulante, que ocorre, ainda, no preenchimento de fraturas, tanto na brecha, quanto no mármore dolomítico. Processos superficiais no Paleógeno, relacionados à evolução do relevo, promoveram a percolação de fluidos em baixa temperatura, ocasionando o processo de dedolomitizacão, por meio de dissolução e posterior preenchimento de cavidades. O processo de dedolomitização ocorreu na brecha dolomítica, com a precipitação de calcita tardia como preenchimento de cavidades em associação à dolomita da geração Dp2. Quartzo completa a última fase de preenchimento dessas cavidades. Abstract: The carbonate rocks of Mina Rio Bonito mine are represented by metamarls, mylonized rocks, calcite and dolomite marbles and dolomite breccia. The dolomitization which affected the marbles had its origin in a burial environment. The process occurred during Mesoproterozoic, being characterized as a replacement type, where a precedent calcitic rock had its matrix widely replaced by fine to medium sized dolomite crystals of unimodal distribution, secondarily polymodal, with cloudy aspect, and where the stylolitization and fracturing formed the principal conduits for the circulation of Mg-rich solutions. The dolomite breccia was formed during Brazilian Cycle (Neoproterozoic), in conditions of hydraulic fracturing, originated by devolatilization which occurred during the metamorphism of green schist facies. The dolomitization, of void-filling type, caused the precipitation of micritic material (Dp1), of dolomitic composition and Fe-rich, originated through a fluid at chemical disequilibrium with the fluid responsible for the former dolomitization. In the Paleozoic occurred a new phase of dolomitization, developing the Dp2-type cement, as the consequence of reactivation of deep crustal faults or igneous intrusions (dykes of microgabbro). This dolomitic cement is constituted by saddle dolomite, with nonplanar and coarse crystals, strong undulate extinction, which also fills fractures in breccias as well as in dolomitic marbles. Superficial processes at the Paleogene, related to the topographic evolution, promoted the percolation of low-temperature fluids, occasioning the process of dedolomitization via dissolution and posterior filling of cavities. The process of dedolomitization occurred in dolomitic breccia with precipitation of late calcite, which filled the cavities, associated to dolomite of generation Dp2. Quartz completes the final phase of the cavity-filling process.