Microestrutura de pelos de mamíferos : métodos de análise e sua aplicação na identificação de algumas espécies do estado do Paraná, Brasil
Resumo
Resumo: O uso das características estruturais dos pêlos para a identificação de espécies de mamíferos vem sendo extensamente adotado, principalmente em estudos ecológicos e taxonômicos,auxiliando em análises qualitativas de faunas regionais e hábitos alimentares de predadores. Neste trabalho, técnicas para a investigação da microestrutura dos pêlos são testadas e descritas, com base nas características diagnósticas, consideradas úteis por autores precedentes. Para as análises foram coletadas amostras de pêlos dorsais de nove espécies de mamíferos vivos e taxidermizados, e utilizou-se a seguinte metodologia: triagem dos diferentes tipos de pêlos de cada amostra; mensuração do comprimento total; impressão das escamas cuticulares em meio plástico, para a visualização da forma e padrão das escamas cuticulares; descoloração dos pêlos pigmentados para a observação da estrutura da medula e mensuração dos diâmetros com ocular micrométrica; cortes transversais para a observação dos contornos dos pêlos, aparência e distribuição dos pigmentos. As observações foram feitas ao microscópio ótico, visando as regiões basal, medial e distal, dos pêlos aristiformes e setiformes de cada amostra. Adicionalmente, para Didelphis marsupialis Linnaeus, 1758, foram medidos os diâmetros dos pêlos e medulas, e comparadas as médias estatisticamente. A partir dos dados obtidos, constatou-se que os mamíferos analisados são facilmente diferenciados a nível genérico, e no caso de Didelphis a nível específico. Os pêlos de Tamandua tetradactyla(Linnaeus, 1758) diferem das demais espécies pela ausência da medula ao longo da haste. O contorno do corte transversal revelou-se uma característica útil e objetiva, distingüindo claramente D. Marsupialis, coendou prehensilis (Linnaeus, 1758) Sciurus gilvigularis ingrami (Thomas, 1901), Myocaster coypus (Molina, 1782) e Dusicyon gymnocercus (G.Fischer, 1814) entre si e das outras espécies estudadas. D. albiventris, Nasua nasua (Linnaeus, 1766) e Procyon cancrivorus (Brogniart, 1792), apresentaram contornos do corte transversal similares, porém são diferenciados pelo padrão de escamas cuticulares. Os resultados são apresentados em forma de descrições, desenhos e fotografias, para auxiliar futuras comparações e identificações. São discutidas a utilidade e limitações de cada característica diagnostica. Acrescenta-se uma chave de identificação para as espécies analisadas e sugestões de metodologia para elaboração de catálogos e identificações de amostras. Abstract: Morphological features of mammal hairs have been widely adopted as auxiliary criteria for distinguishing and identifying species, both in ecological and taxonomic studies,e.g. predator food habits and regional faunal surveys. In this study, techniques for investigating hair microscopic structure are described, and tested against diagnostic characters defined by previous authors. Dorsal hair samples were collected from living and stuffed specimens belonging to nine species. Hair analysis included the following steps: sorting of hair types; total length measurement; casting on plastic media for observation of cuticular shape and pattern; clearing for observation of medullar structure and measurement of its diameter; cross-sectioning and observation of outlines and pigmentation. All observations were made with an optical microscope on the basal, medial and distal portions of the hairs. Hair and medullar diameters were taken only for Didelphis albiventris Lund, 1840, and Didelphis marsupialis, Linnaeusus, 1758. Results allowed easy distinction of eight genera studied, and the two species of Didelphis. Tamandua tetradactyla ( Linnaeus,1758) hairs differed from the other species by the lack of medulla. The cross-section outline was an objective character, allowing the identification of D. marsupialis, Coendou prehensilis (Linnaeus, 1758), Sciurus gilvigularis (Thomas, 1901), Myocastor coypus (Molina, 1782) and Dusicyon gymnocercus (G. Fischer, 1814). D. albiventris, Nasua nasua [Linnaeus, 1766) and Procyon cancrivorus Brogniart, 1792, showed similar cross-section outlines but differnt cuticular scale patterns. An identification key for the species studied is presented. The usefulness and limitations of each structural character as a diagnostic aid is discussed. Tables, drawings and photographs are presented, besides hair descriptions, with comments on the methodological aspects of the preparation of catalogues and the identification of samples of unknown origin.
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