Estrutura temporal da comunidade macrobentônica da foz do Rio Maciel, Baía de Paranaguá, Paraná
Resumo
Resumo: Este trabalho descreve a estrutura da comunidade macrobentônica sublitoral da foz do rio Maciel (Baía de Paranaguá, sudeste do Brasil) e analisa seus padrões temporais de variação. Cinco a oito amostras mensais foram coletadas com um pegador Van Veen de 0,06m², ao longo de um período de 25 meses (novembro de 1985 a janeiro de 1988). A variação temporal foi caracterizada pelo: 1) exame das flutuações temporais das espécies numericamente dominantes e outros parâmetros da comunidade, como número total de indivíduos (N), número de espécies (S), diversidade específica (H), equitatividade (J), riqueza de espécies (SR) e dominância (D); 2) exame do padrão de agrupamento das amostras mensais com o uso da análise de agrupamento; 3) análise em componentes principais das observações (meses de coleta). As estratégias adaptativas das espécies dominantes e da comunidade como um todo foram analisadas com base em seus padrões locais de variação e em sua persistência. Foram identificados 215 taxa na comunidade local, com o número de espécies (S) oscilando entre 42 e 87/0,06 m², sendo mais elevado nos meses mais quentes. As densidades mensais totais (N) variaram de 239,52 ind./m², em setembro de 1987 a 2581,22 ind./m², em janeiro de 1988. Destacaram-se pela persistência e dominância numérica o Cephalochordata Branchiostomo cf marambaiensis, os Polychaeta Laonice cirrata, Chone sp, Lumbrineris hebes, Goniadides carolinae e Owenia fusiformis e os Ophiuroidea Ophiactis lymani e Microphiopholis atra. A variabilidade inter-anual da comunidade foi significativamente mais pronunciada do que a sazonal, devido à marcada variabilidade inter-anual na temperatura da água de fundo, na granulometria dos sedimentos e na disponibilidade do seston. A diversidade específica (H) oscilou entre 2,42 bits/ind. (abril de 1986) e 4,91 bits/ind. (janeiro de 1987), enquanto as maiores variações da equitatividade (J) foram de 0,43 (abril de 1986) a 0,89 (setembro de 1987). A riqueza de espécies (SR) variou de 5,99, em fevereiro de 1987 a 11,85, em dezembro de 1987. A estratégia adaptativa da comunidade pode ser caracterizada como de equilíbrio, com as espécies numericamente dominantes mantendo geralmente densidades constantes ao longo do tempo. Amostragens prolongadas e pouco espaçadas são essenciais para a análise da estrutura temporal de comunidades macrobentônicas estruturadas desta forma. Abstract: This study describes the community structure of macrobenthos in a sublittoral site at the mouth of Maciel River (Paranaguá Bay, SE Brazil) and analyzes its temporal patterns of variation. Five to eight monthly replicate samples were collected with a 0.06 m² Van Veen grab along a 25-month period (November 1985 to January 1988). Temporal variation was characterized by: 1) examination of temporal fluctuations of numerically dominant species and other parameters of the whole community, such as total number of individuals (N), number of species (S), diversity (H), evenness (J), species richness (SR) and dominance (D); 2) examination of the clustering pattern of monthly samples with the use of cluster analysis; 3) principal component analysis of observations (sampling months). The prevalent adaptative strategies of the numerically dominant species and the community as a whole were analysed based on local patterns of variation and persistence. A total of 215 taxa were identified. The number of species varied between 42 and 87/0.06 m², with higher numbers in warmer months; total macrofaunal density followed a similar pattern, varying between 239,52 ind./m² (September 1987) and 2581,22 ind./m² (January 1988). Numerically dominant species, such as the Cephalochordata Branchiostoma cf marambaiensis, the polychaetes Laonice cirrata, Chone sp, Lumbrineris hebes, Goniadides carolinae and Owenia fusiformis and the ophiuroid Ophiactis lymani and Microphiopholis atra, were also more persistent throughout the study period. Inter-annual variations of dominant species and the overall community were greater than seasonal variations, probably as a consequence of marked inter-annual variations of physico-chemical parameters, such as bottom water temperature, sediment texture and seston. The diversity (H) varied between 2.42 bits/ind. (April 1986) and 4.31 bits/ind. (January 1987), however whereas the largest variations of evenness (J) were from 0.43 (April 1986) to 0.89 (September 1987). Species richness varied between 5.99 (February 1987) and 11.85 (December 1987). The local adaptative strategy of the bottom community can the characterized as an equilibrium one; dominant species usually presented constant population levels. Long-term studies are suggested as a pre-requisite to the analysis of temporal variations of macrobenthic communities, even if they occur in stable environments or do not present well-marked seasonal patterns.
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