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dc.contributor.advisorMasunari, Setuko, 1948-pt_BR
dc.contributor.authorOstrensky, Antônio, 1967-pt_BR
dc.contributor.otherUniversidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Zoologiapt_BR
dc.date.accessioned2022-09-28T18:27:45Z
dc.date.available2022-09-28T18:27:45Z
dc.date.issued1997pt_BR
dc.identifier.urihttps://hdl.handle.net/1884/78276
dc.descriptionOrientadora: Dr.ª Setuko Masunaript_BR
dc.descriptionTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas, Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas - Zoologiapt_BR
dc.descriptionInclui referênciaspt_BR
dc.descriptionÁrea de concentração: Zoologiapt_BR
dc.description.abstractResumo: A carcinicultura é uma atividade comercial que pode ser considerada muito recente no Brasil, sendo que as principais fazendas de cultivo de camarões marinhos estão localizadas na Região Nordeste. A Região Sul sempre foi estigmatizada como imprópria para o cultivo de camarões marinhos em escala comercial, principalmente em função das grandes variações climáticas que ocorrem ao longo do ano. A presente tese foi estruturada em função da instalação de uma fazenda (Fazenda Borges) de porte médio no litoral do Estado do Paraná e que foi projetada para trabalhar exclusivamente com as espécies nativas P paulensis e P. schmitti. Aproveitou-se então a oportunidade para formalizar uma parceria universidade/empresa, com a finalidade de realizar uma série de estudos de campo (por vezes complementados com experimentos laboratoriais), com o objetivo de levantar os principais problemas que seriam enfrentados pela atividade na região e, sempre que possível, sugerir formas para solucioná-los, numa tentativa de contribuir para a viabilização tecnológica dos cultivos de camarões marinhos no litoral paranaense e, por extensão, na Região Sul do Brasil. Os cultivos monitorados na Fazenda Borges foram iniciados entre 1993 e 1995 e apresentaram grandes oscilações na produtividade média alcançada. No entanto, já neste período inicial, foram atingidos níveis de produtividade superiores a 500 kg/ha/safra, com a possibilidade de produção de cerca de 2,8 safiras/ano, resultados bastante expressivos. Entretanto, os cultivos realizados na região dificilmente alcançarão, pelo menos a curto prazo, os níveis de produtividade passíveis de serem alcançados na Região Nordeste, mas a proximidade de grandes centros consumidores e, portanto, os menores custos de comercialização, podem fazer com que a atividade seja tão lucrativa quanto a praticada nas demais regiões brasileiras. Alguns dos maiores entraves ao desenvolvimento da atividade acabam sendo decorrentes da forma como o comércio de camarões se estruturou ao longo dos anos. A comercialização sempre foi praticada de forma totalmente amadora por parte dos atravessadores, sem qualquer preocupação com a qualidade do produto oferecido ou com o próprio fortalecimento do mercado. Em termos técnicos, a existência de uma sazonalidade bastante definida entre inverno (mais frio e seco) e verão (quente e chuvoso) faz com que a qualidade da água seja um dos principais fatores determinantes do sucesso dos cultivos, exigindo que sejam traçadas estratégias de manejo específicas para cada época do ano. A temperatura tem implicações diretas nas taxas de crescimento dos camarões. Durante o período de inverno, as taxas de crescimento chegam a ser reduzidas em quase 50%, em relação às taxas quantificadas durante o verão. Também ficou comprovado que P. paulensis sofre um grande estresse em temperaturas superiores a 30°C. A ocorrência de câimbras, um problema que mata praticamente a totalidade dos camarões afetados, esteve sempre associada a estas temperaturas, sendo que a incidência é potencializada em condições de baixas salinidades. P. schmitti mostrou ser uma espécie mais adaptada às altas temperaturas, podendo se constituir uma alternativa mais atraente para os cultivos realizados nos meses mais críticos do verão (janeiro e fevereiro). Variações em níveis sub-letais e conjuntas de oxigênio dissolvido, pH e salinidade explicaram até 99% dos casos de ocorrência de "brânquias escuras" em camarões, um problema que causa o retardo do crescimento e que pode provocar perdas significativas de camarões durante os cultivos. A salinidade, na maioria dos casos analisados, não apresentou efeitos significativos nas taxas de crescimento, mas em mais de 12% dos registros realizados, a salinidade da água dos viveiros caiu abaixo de 10 ppmil, podendo causar consideráveis mortandades de pós-larvas (Pl) recém povoadas e até mesmo de juvenis. Em função disto, passou-se a povoar os viveiros com Pl's2o, ao invés de se utilizar Pl'si2. Os resultados obtidos em função desta modificação foram extremamente satisfatórios. O oxigênio dissolvido deve ser rigorosamente monitorado durante o verão, quando ocorrem freqüentes estratificações térmicas e salinas nos viveiros, o que afeta a sua capacidade de saturação na água. Mortalidades significativas de camarões foram registradas quando as concentrações de oxigênio dissolvido caíram abaixo de 1 mg/l (com aproximadamente 14% de saturação). Foram quantificadas relações bastante expressivas entre as seguintes variáveis relativas à qualidade de água: temperatura e salinidade; temperatura e oxigênio dissolvido; temperatura e pH; taxa de renovação de água e oxigênio dissolvido; salinidade e transparência da água. As duas últimas relações denotam falhas de manejo dos viveiros que devem ser corrigidas. Análises de regressão múltipla mostraram que os parâmetros produtivos mais afetados pela oscilação das variáveis que definem a qualidade de água foram, pela ordem, ganho semanal de peso dos camarões, produtividade dos cultivos, peso médio final dos camarões. Através de testes laboratoriais, analisou-se ainda a toxicidade da amónia e do nitrito, isoladamente e em mistura, para as espécies testadas, investigando-se também a tolerância apresentada por organismos capturados no ambiente natural e organismos provenientes de cultivo. P. schmitti e P. paulensis demonstraram ser bastante tolerantes a estas importantes variáveis. As concentrações necessárias para causar a morte de juvenis destas espécies foram bastantes superiores às concentrações letais para outras espécies de camarões peneídeos já estudadas. Camarões produzidos em cativeiro foram geralmente menos afetados pela toxicidade de compostos nitrogenados que camarões selvagens. Provavelmente, isto seja um reflexo de uma "seleção natural" por que passaram as pós-larvas produzidas em cativeiro, onde as concentrações de amónia e de nitrito são sempre superiores às concentrações quantificadas na natureza. A relação entre a toxicidade amónia e do nitrito manteve-se praticamente constante nos diferentes grupos testados. Os testes com mistura mostraram que em razões de toxicidade abaixo de 2:1 (amónia: nitrito), ou, mais especificamente, sempre que a proporção de N-NH3 na mistura com o N-N02 foi inferior a 4,7%, houve uma redução da toxicidade dos compostos em mistura, em relação à toxicidade individual destes mesmos compostos (ação ''menor que aditiva"). Em relação ao manejo dos viveiros, ficou evidenciado que cada um deles deve ser tratado como se tivesse uma "personalidade" própria. Assim, variáveis estocásticas e ambientais devem ser manejadas como se cada um fosse um sistema individual. Os dados obtidos concordaram com a teoria de que estratégias eficientes de fertilização só podem ser alcançadas na base da tentativa e erro, utilizando como parâmetro de referência as análises químicas da água e os resultados obtidos in situ. Programas pré-definidos de manejo dificilmente obterão êxito. Aplicações de calcário em viveiros drenados foram um eficiente meio para a neutralização lenta mas contínua do pH do solo. A utilização de cal virgem só se mostrou eficiente na sanitização de viveiros, não devendo ser utilizada como procedimento de rotina. Já as aplicações de calcário em viveiros inundados foram, na maioria das vezes, inúteis, mesmo quando o objetivo foi o de promover a floculação da matéria orgânica em suspensão. O calcário só é eficiente se aplicado em condições de pH ácido e/ou de alcalinidade abaixo de 50 mg/l como CaC03. Fertilizantes orgânicos devem ser utilizados com muita cautela, devido aos problemas que podem causar, principalmente em função do aumento da DBO nos períodos mais quentes do ano. O aumento da freqüência de aplicação de fertilizantes inorgânicos pode ser a chave para o incremento da produtividade primária nos viveiros. A preparação adequada dos viveiros deve visar principalmente o aumento de produtividade da fauna bêntica, que serve como alimento natural aos camarões. Todos os grupos de poliquetas identificados em viveiros foram encontrados no trato digestivo de camarões. Foi ainda comprovado que com o aumento da densidade e/ou da biomassa de camarões nos viveiros, houve uma grande redução da fauna de fundo, evidenciando a relação de predação existente. Foram ainda encontradas evidências de que a abundância de alimentos naturais pode diminuir significativamente o tempo de cultivo. Os camarões apresentaram uma tendência de queda acentuada nas taxas de crescimento ao final dos cultivos. Em muitos casos, inclusive, não foi possível a obtenção de lotes de camarões com 14 g de peso médio, que é um peso próximo ao ideal para o mercado regional. O principal fator responsável por isto parece ser a inadequação das rações disponíveis atualmente no mercado. A inexistência de rações apropriadas tem impedido o aumento da produtividade dos cultivos de P. paulensis e de P. schmitti. Atualmente, os principais obstáculos para o desenvolvimento da carcinicultura paranaense podem ser divididos em pelo menos três grupos principais: os de ordem nutricional (destacando-se a inexistência de rações apropriadas para o cultivo das espécies nativas); os de ordem econômica (sendo que os mais relevantes são a falta de crédito para financiamento da produção, os custo ainda elevados para a produção de camarões e a concorrência desleal da pesca tradicional, principalmente porque os períodos de defeso não são respeitados); os de ordem legal (de forma especial, pela severa legislação ambiental que praticamente inviabiliza a instalação de novas fazendas na região). Tecnicamente, contudo, pode-se afirmar hoje que a carcinicultura é uma atividade plenamente viável no Sul do Brasil.pt_BR
dc.description.abstractAbstract: Shrimp culture is an extremely recent commercial activity in Brazil and the main shrimp farms are located in the Northeast part of the country. Southern Brazil has been categorized as improper for culture of marine shrimps in large scale, mainly due to its great climatic variations during the year. The present dissertation was structured in association with the establishment of a medium size shrimp farm (Fazenda Borges) on the coast of the State of Paraná; this farm was projected to work solely with native shrimp species, P. paulensis and P. schmitti. A partnership between the University and a private company was formalized in order to conduct a series of field studies (often complemented by laboratorial experiments) with the objective of detecting and solving regional and, thus, contribute to the technological feasibility of marine shrimp culture in the coastal area of Paraná, and Southern Brazil. Monitored culture were performed from 1993 and 1995, presenting great fluctuation in the reached average productivity. However, since the beginning, levels of productivity of about 500 kg/harvest were obtained, with the possibility of 2.8 harvests/year. Although shrimp culture in the region will hardly, at least in the near future, reach the productivity levels observed for similar farms in the Northeastern region, the proximity of the largest cities of the country could make the activity highly profitable in the Southern region as well. Some of the difficulties in the development of this activity is associated to the way marine shrimps has been commercialized in the country for years. Shrimp market has been controlled by people with no concern, what-soever, with the market's future and the quality of the product. In technical terms, the existence of a well defined sazonality between winter (colder and dryer) and summer (warmer and moister) defines water quality as one of the most important factors determining the success of the culture, requiring, thus, specific strategies for each of these stations. Temperature has direct implications on the growth rate of the shrimps. During the winter, growth rates are reduced up to 50%, in relation to those observed in summer. It became also evident that P. Paulensis is more susceptible to temperatures higher than 30 °C. "Cramp", a problem that may kill all infected shrimps, has always been associated to high temperatures, being more common when salinity was low. P. Schmitti is apparently highly adapted to higher temperatures, being the best choice for cultures during the warmest months of summer (January and February). Sub-lethal variation in the level of dissolved oxygen, pH, and salinity, explained 99% of the cases of "darkgUls" of the shrimps. This problem caused reduction in the growth rate and may cause a significant loss of shrimps during culture. Salinity, in the majority of the cases analyzed, did not significantly affect growth rate, but more than 12% of the records, water salinity dropped below 10 ppt, potentially causing considerable mortality of post-larvae (PI) and even juveniles. Because of this, Pl2o larvae were used for stocking ponds rather than Pl12. Results of this modification in procedure were highly satisfactory. Dissolved oxygen must be strongly monitored during summer, when thermic and saline stratification are frequent, affecting saturation capacity of the water. Significant mortality of shrimps were recorded when concentration of dissolved oxygen dropped below 1 mg/1 (at about 14% saturation). Correlation between the following variables associated to water quality were found significantly high: temperature and salinity; temperature and dissolved oxygen; temperature and pH; rate of water renewal and dissolved oxygen; salinity and water transparency. The last two correlations indicate failure in pond management, which require correcting measures. Multiple regression analyses showed that the production parameters most affected by oscillation of waterquality variables are, in order, weekly weight gain, productivity and final weight. Through laboratorial tests, toxicity of ammonia and nitrite, isolated and mixed, were analyzed for the species studied and nature-caught shrimps was evaluated. P. schmitti and P. paulensis showed highly tolerant to these variables. Concentrations required to cause death to juveniles of both species were much higher than the lethal concentrations determined previously for other penaeids. Captivity-produced shrimps were usually less susceptible to nitrogen compound toxicity than wild shrimps. This may be a consequence of "natural-selection" in the rearing tanks, where concentrations of ammonia and nitrite are always higher than those observed in nature. The relationship between toxicity of ammonia and nitrite was kept practically constant for the tested groups. Tests with mixture showed that when toxicity ration are below 2:1 ( ammonia: nitrite), or, more specifically, when the ratio of NH3-N in the mixture with N02'-N is lower than 4,7%, there was a reduction in the toxicity of both compounds in the mixture, in relation to their individual toxicity. In relation to the pond management, it became evident that each one should be treated individually. Stochastic and environmental variables should be management for each pond as individual systems. The data agree with the idea that an efficient fertilization strategy can only be achieved on a try-and-error basis, using as reference chemical analyses of the water and "in situ" results. Pre defined management programs will hardly be successful. Application of limestone in drained ponds was efficient in controlling soil pH, slowly but continuously. The use of lime was shown efficient only in the sanitation of the ponds and should not be used for routine procedures. Applications of limestone in flooded ponds were, most of the time, useless, even when the objective was to flocculate suspended organic matter. Limestone is effective only when applied when pH is acid and/or alkalinity is below 50 mg/1 as CaC03. Organic fertilizers should be used in order to enhance benthic productivity, which serves as a natural food for the shrimps. All polychaete groups identified in the ponds were found in the shrimps digestive tract. It was determined that with the increase in density and/or biomass of shrimps in the ponds, there was, also, a great reduction in the bottom fauna, suggesting that the existence of the predatory relationship. It is suggested that a greater abundance of natural food may reduce significantly cultivation time. The shrimps presented a tendency to reduce the growth rate near to the end of the period of production. In several cases, it was not possible to obtain lots of shrimps with an average weight of 14 g, which is near to the ideal weight for the regional market. The main factor that appear associated to this appear to be the inadequacy of the commercial food available. The inexistence of appropriate food has restrained the increase in productivity of P. paulensis and P. schmitii culture. Presently, the main obstacles to the development of the shrimp culture in the State of Paraná can be divided into, at least, 3 major groups: nutritional (especially associated to the absence of adequate commercial shrimp food); economical (lack of credit to fund production and disloyal competition of the traditional shrimp fisheries, especially because interdiction periods are not respected); legal (strong environmental legislation prohibits installation of new farms in the region). Technically, however, it adequate to affirm that shrimp culture is viable for Southern Brazil.pt_BR
dc.format.extent122 f. : il., grafs., tabs.pt_BR
dc.format.mimetypeapplication/pdfpt_BR
dc.languagePortuguêspt_BR
dc.relationDisponível em formato digitalpt_BR
dc.subjectZoologiapt_BR
dc.subjectCamarão - Paraná - Criaçãopt_BR
dc.subjectCarcinicultura - Paranápt_BR
dc.subjectZoologiapt_BR
dc.titleEstudos para viabilização tecnológica dos cultivos dos camarões marinhos no litoral do estado do Paraná, Brasilpt_BR
dc.typeTesept_BR


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