O extrativismo de sururu (Mytella guyanensis) na comunidade pesqueira de amparo (baía de Paranaguá - Paraná) - aspectos ecológicos e econômicos

Abstract

Este trabalho analisa as formas tradicionais de apropriação do sururu (Mytella guyanensis), um molusco bivalve da familia Mytillidae tipico de manguezais, pela comunidade pesqueira de Amparo, situada na Baía de Paranaguá, próxima ao centro urbano de Paranaguá. O objetivo foi analisar, dentro da perspectiva de viabilidade, as relações entre os saberes e técnicas incorporados ao processo de extrativismo do sururu e as respostas da população animal. Neste contexto, o trabalho procurou compreender a gestão de recursos naturais como um processo contínuo que engloba tanto os sistemas natural quanto o social, testando a hipotese de que ha uma correlação entre a resiliencia do sururu e os níveis de extração Para o teste foi desenvolvido um desenho experimental que comparou os valores de abundância e comprimento de individuos em duas áreas sujeitas a distintas pressões de extração dentro do mesmo manguezal. Como resultados, foram obtidos valores de 27,7 individuos/m² na área de extração, e 29,8 individuos/m² na área não explorada chamada área de exclusão. Quanto ao comprimento da fenda dos indivíduos foram obtidas as médias de 2,02 cm na área de extração e 2,031 cm na área de exclusão. Estes dados não apresentaram diferença estatística significativa, o que sugere que o manejo local, caracterizado por um sistema de rodizio de áreas e definido por uma certa demanda, se ajusta à produção natural do recurso. O marisco é sub-explorado no complexo estuarino de Paranaguá, sendo mais comum o consumo para subsistência, surgindo assim como possivel alternativa para a complementação de renda familiar. Estes resultados aproximam o enfoque desta pesquisa ao conceito de modos de apropriação dos recursos em regime de propriedade comunal, que permite a consideração simultânea de fatores ecológicos e sociais para a adequada gestão de recursos naturais.