Impacto da pandemia Coronavirus disease 2019 (Covid-19) em crianças e adolescentes com transtorno de espectro autista
Resumo
Resumo: INTRODUÇÃO: Em 2020, a pandemia da Coronavirus Disease 2019 (COVID -19) se espalhou rapidamente e o distanciamento social foi necessário, alterando o dia a dia. A interrupção da rotina pode propiciar ou exacerbar os sintomas prévios de ansiedade em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). As características típicas do TEA também podem levar a uma pobre resposta adaptativa à pandemia atual. OBJETIVO: Verificar os sintomas de ansiedade e de autismo durante a pandemia COVID-19. MÉTODOS: 57 famílias com crianças verbais com TEA de 6 a 18 anos, participaram da pesquisa. Os pais responderam ao CoRonavIruS Health Impact Survey (CRISIS) – Adapted for Autism and Related Neurodevelopmental conditions (AFAR), um questionário sobre sintomas e rotinas nas últimas 2 semanas e 3 meses antes da pandemia COVID. 23 participantes tinham pontuações da escala SCARED parental e autorrelato pré-pandemia e este instrumento foi reaplicado durante a pandemia COVID. RESULTADOS: 49 (86%) crianças eram do sexo masculino; a mediana de idade foi 10 anos e Quociente de Inteligência WISC-IV mediana 95. A pontuação pré-pandemia total da SCARED autorrelato aumentou da média de 25,17 (± 11) para 30,91 (± 12) pontos (p=0,04) e a pontuação do fator Fobia Social aumentou da média de 6,17 (± 3,6) para 7,87 (± 3,6) (p=0,02) na pandemia. Não houve correlação entre os escores do WISC e os escores do SCARED. No questionário CRISIS AFAR, associação de SCARED limiar e aumento dos comportamentos de busca sensorial (p<0,01); menos tempo ao ar livre e exercício físico (p<0.05); ausência de stress pelas restrições sociais (p<0,05). Não houve associação entre os escores SCARED limiares e a manutenção ou suspensão da escola e dos serviços. Comparando os 3 meses anteriores à pandemia COVID-19 à avaliação na pandemia, houve redução em desempenhar de forma independente o Brincar sozinho (p=0,01) e Estruturar/Iniciar as atividades diárias (p<0,001). Houve redução (p<0,001) na prática de exercícios físicos, na permanência ao ar livre (p<0,001), além de aumento no tempo de tela (p<0,001). Não houve aumento em estereotipias, comportamentos de busca sensorial, engajamento em um forte interesse restrito e requisição aos adultos para manter rotinas. CONCLUSÃO: Nosso estudo fornece novos dados de níveis mais elevados de ansiedade nesses indivíduos, apesar dos sintomas essenciais de TEA inalterados. A piora foi capturada pelos escores SCARED versão autorrelato, que podem refletir os déficits prévios de comunicação. A crise COVID pode levar ao agravamento da ansiedade e maior prejuízo em crianças/adolescentes com TEA. Abstract: INTRODUCTION: In 2020, the Coronavirus disease 2019 (COVID-19) pandemic spread rapidly all over the countries and social distancing was required, altering the daily routine. The routine disruption can propitiate or exacerbate previous anxiety symptoms in ASD children and adolescents. Typical features of ASD may also lead to a poor adaptive response to the current pandemic. OBJECTIVE: To verify anxiety symptoms and core symptoms of autism during the COVID-19 pandemic. METHODS: 57 families with verbal ASD children from 6-18y agreed to participate. ASD was confirmed by ADOS-2 and/or ADI-R. Parents completed the CoRonavIruS Health Impact Survey (CRISIS) – Adapted for Autism and Related Neurodevelopmental conditions (AFAR), a questionnaire about symptoms and routines in the past 2 weeks and 3 months prior to COVID pandemic. 24 participants had previous (pre-pandemic) SCARED scale parental/self-report scores and this instrument was reapplied during the COVID pandemic. RESULTS: 49 (86%) children were male; median age was 10 years and WISC-IV Intelligence Quotient median was 95. The baseline pre-pandemic score of SCARED self report total score increased from mean 25,17(±11) to 30,91(±12) points (p=0,04) and the Social Phobic Disorder score increased from mean 6,17(±3,6) to 7,87(±3,6) (p=0,02). There was no correlation between WISC scores and SCARED scores. In the CRISIS AFAR questionnaire, it was found an association of threshold SCARED and increased sensory seeking behaviors (p<0,01); less outdoors time and physical exercise (p<0.05); not stressed by social restrictions (p<0.05). There was no association of threshold SCARED scores and the maintenance of school and services. Comparing the 3 months prior to the COVID-19 pandemic to the assessment during the pandemic, there was a reduction in independently performing Play self (p 0,01) and Structure/Initiate daily activities (p < 0,001). There was a reduction in physical exercise (p<0.001) and spending time outdoors (p<0.001), also an increase in screen-time (p<0.001). There was no increase in stereotypies, sensory seeking behaviors, engagement in a restricted interest and requirement of adults to maintain routines. CONCLUSION: Our study aligned with some of those studies and also provides new data of higher anxiety levels in these individuals in spite of unaltered ASD core symptoms. The worsening was captured by SCARED self report scores, which may reflect previous communication deficits. COVID crisis may lead to worsening anxiety and greater impairment in children/adolescents with ASD.
Collections
- Dissertações [129]