Los pájaros negros : prostituição, comércio de

Abstract

Resumo: De uma hora para outra, a imprensa do mundo todo repercutiu o grandioso escândalo envolvendo a organização Zwi Migdal e o tráfico de "escravas brancas" nas rodas da vida boemia da América do Sul. A cultura do medo crescia, dia a dia, em sinfonia ao tratamento da imprensa para com o evento no sentido de reproduzir novos episódios violentos de figuras masculinas que destilavam horror e, ao mesmo tempo, harmonia no convívio social no começo dos anos de 1930. Em todo o país, os impressos denunciavam possíveis ramificações da referida organização dentro e fora dos circuitos já conhecidos pelo meretrício e pela presença das "polacas". Num período marcado por transformações bruscas, simultaneamente, cenários de tensões, conflitos e confrontos, os periódicos de Curitiba denunciavam a presença quase incessante de figuras considerados "insólitos", e que faziam parte do recente universo do crime organizado internacional, como criminosos internacionais, cáftens e prostitutas estrangeiras. Contudo, mesmo com uma linguagem tecnicista do século XIX, para com os estudos de polícia identificar esses sujeitos, na prática, era uma tarefa difícil para a polícia da cidade, que além de atender cotidianamente os aspectos mais perversos da violência urbana, precisava lidar com as críticas promovidas pela imprensa sobre um policiamento defasado e precário. Nesse sentido, o presente estudo se propõe a investigar a presença de cáftens, as narrativas sobre membros da Zwi Migdal e o comércio de "escravas brancas" em Curitiba, a partir de documentos datados das décadas de 1920 a 1930. O eixo central da abordagem proposta, situa-se nos marcos teóricos e metodológicos que norteiam as abordagens de gênero, criminalidade e violência, a partir da documentação ligada à tipologia dos impressos, disponibilizados via Hemeroteca Digital, pela Biblioteca Nacional, além de fichas de identificação e outros documentos secundários que norteiam os demais objetivos propostos.

Abstract: All of a sudden, the press around the world reverberated the huge scandal involving the Zwi Migdal organization and the trafficking of "white female slaves" in the circles of bohemian life in South America. The culture of fear grew, day by day, in symphony to the press treatment of the event in the sense of reproducing new violent episodes of male figures that reeked of horror and, at the same time, harmony in social life in the early 1930s. All over the country, the printed material denounced possible ramifications of the referred organization inside and outside the circuits already known for prostitution and the presence of the "Polish women". In a period marked by sudden transformations, simultaneously tensions, conflicts and confrontations, Curitiba’s periodicals denounced the almost incessant presence of figures considered "unusual", and who were part of the recent universe of international organized crime, such as international criminals, pimps and foreign prostitutes. However, even with a technicist language of the 19th century, for police studies to identify these subjects, in practice, it was a difficult task for the city police, who, in addition to dealing with the most perverse aspects of urban violence on a daily basis, needed to deal with the criticisms promoted by the press about outdated and precarious policing. In this sense, the present study aims to investigate the presence of pimps, the narratives about members of the Zwi Migdal and the "white female slaves" trade in Curitiba, based on documents dated from the 1920s to the 1930s. The central axis of the proposed approach lies in the theoretical and methodological frameworks that guide the approaches to gender, crime and violence, based on documentation linked to the typology of printed material, made available via Digital Hemeroteca, by the National Library, in addition to identification sheets and other secondary documents that guide the other proposed objectives.