Da derrota e morte na batalha do Irani (1912) ao culto cívico a João Gualberto, pela PMPR : o heroísmo como missão
Resumo
Resumo: Usos do passado são iniciativas comuns e frequentes em organizações militares que cultuam personagens, heroicizando seus feitos em homenagens póstumas, cujas apropriações evidenciam, por meio de narrativas mitificadas, interesses e projetos da própria instituição. Esta pesquisa tem como finalidade abordar a persistência da Polícia Militar do Paraná em mitificar a memória da morte de um dos seus comandantes históricos, o oficial João Gualberto Gomes de Sá Filho, tombado no Combate do Irani (1912), re(inventando) uma tradição do heroísmo como missão. Através de uma memória herdada e militarizada, desde a atuação do Regimento de Segurança do Paraná, nos cultos cívicos, presentes em rituais e cerimônias fúnebres de veneração a essa morte que foi monumentalizada no Paraná, no contexto da disputa por divisas com Santa Catarina, a corporação foi capaz de, sem diálogos com a historiografia da guerra, reelaborar lembranças e esquecimentos e redefinir sua identidade, atualizando certas crenças idealizadas sobre João Gualberto e a tropa comandada, em busca de maior autonomia política, em diferentes contextos históricos, com diferentes necessidades. Essas dinâmicas organizacionais foram desveladas a partir da análise qualitativa e textual dos lugares de memória institucionais, por meio de um trabalho que envolveu o exame de fontes de imprensa, documentação institucional e ainda documentos "incapazes" de contrariar versões oficiais. Abstract: Uses of the past are common and frequent initiatives in military organizations that worship characters, heroicizing their deeds in posthumous tributes, whose appropriations show, through mythical narratives, the institution's own interests and projects. This research is intended to address the persistence of the Military Police of Paraná in mythologizing the memory of the death of one of its historical commanders, officer João Gualberto Gomes de Sá Filho, listed in Combat of Irani (1912), re(inventing) a tradition of heroism as a mission. Through an inherited and militarized memory, from the performance of the Paraná Security Regiment, in civic cults, present in rituals and funeral ceremonies of veneration to this death that was monumentalized in Paraná, in the context of the dispute over borders with Santa Catarina, the corporation was able, without dialogues with the historiography of the war, to rework memories and forgetfulness and redefine its identity, updating certain idealized beliefs about João Gualberto and the commanded troops, in search of greater political autonomy, in different historical contexts, with different needs. These organizational dynamics sought to be unveiled from the qualitative and textual analysis of institutional memory places, through a work that involved the examination of press sources, institutional documentation and even documents "incapable" of contradicting official versions.
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