Como escrever academicamente : uma sociologia artística da escrita acadêmica, das emoções e do processo criativo
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Data
2021Autor
Rezende, Camila Ribeiro de Almeida, 1990-
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Resumo: Quais são as suas dificuldades na hora de escrever? Tal pergunta é o cerne desta Tese. Ela foi direcionada a estudantes de graduação, pós-graduação e docentes de distintas universidades e áreas do conhecimento. As respostas somam um corpo coletivo de aproximadamente 600 participantes. É diante dessa diversidade de dados que esta Tese vislumbra a função de apresentar uma sociologia da escrita acadêmica. O que pode tal sociologia? Ela pode compreender uma variável não observável diretamente - a dificuldade dos acadêmicos e acadêmicas diante da escrita científica - possibilitando que essa variável possa ser mensurada de forma a evidenciar a sua dimensão social, e não apenas individual. Para concretizar este trabalho foram necessários um campo de pesquisa e uma pesquisa de campo, ambos praticados no Centro de Assessoria de Publicação Acadêmica (CAPA) da Universidade Federal do Paraná. O CAPA inaugura um contexto inédito das universidades brasileiras: é o primeiro writing center do Brasil, um espaço que fornece assistência de escrita acadêmica gratuita para a comunidade científica de todas as áreas do conhecimento e níveis de titulação. Por se tratar de um auxílio institucional, é a primeira vez que uma universidade brasileira passa a assumir as dificuldades com a escrita acadêmica como um problema coletivo, criando um centro específico para tal fim e com um número expressivo de colaboradores. A estrutura e o apoio desse centro permitiram aprofundar o escopo desta pesquisa em termos quantitativos e qualitativos. A metodologia utilizada foi baseada na pesquisa-ação institucional, contemplando na coleta e análise dos dados práticas de interação e observação de campo, assessorias individuais de escrita acadêmica e cursos de extensão sobre escrita com questionários semiestruturados. As teorias que fundamentam e guiam esta pesquisa partem da sociologia das emoções de Jack Barbalet e Jonathan Turner, da sociologia da arte e da ciência de Pierre Bourdieu e Howard Becker e da antropologia da ciência proposta por Bruno Latour. Além dessas influências, há também outras inspirações, afetos e linhas de fuga - vozes de escritas que ecoam com as minhas buscando as potencialidades de um percurso dialógico. Os resultados aqui apresentados explicitam distintas categorias de dificuldades socialmente compartilhadas e algumas possíveis ações já praticadas pelos participantes da pesquisa no enfrentamento de tais dificuldades. Os resultados ainda demonstram dinâmicas do campo acadêmico carregadas de violências simbólicas, desigualdades e relações de poder, mas também repletas de emoções, colaborações e empatia. É uma Tese de corpo amado, armado e resistente, que busca um encontro de leitura com o seu corpo de escrita em meio às batalhas do campo acadêmico, em meio às lutas diárias pela (r)existência da ciência, em meio à guerra cotidiana que travamos contra o tempo - contra a sensação culposa de improdutividade. Abstract: What are your difficulties when writing? This question lies at the heart of this Dissertation and was answered by a wide audience, from undergraduate and graduate students to faculty, coming from different universities and fields of knowledge. The answers add up to a collective body of approximately 600 participants. In view of the diversity of the data collected, this research aims at presenting a sociology of academic writing. What can such sociology do? It can shed light on a variable that is not directly observable - the difficulty of academics in face of scientific writing - enabling this variable to be measured in a way that highlights both its individual and social dimensions. To accomplish these goals, two elements were necessary: a field research and a field of research, the latter being the Academic Publication Advisory Center (CAPA) of the Federal University of Paraná. CAPA debuts as the first writing center in Brazil, a space that provides free academic writing assistance to the scientific community in all areas of knowledge and academic degrees. As an institutional program, it is the very first time that a Brazilian university acknowledges the difficulties with academic writing as a collective problem, creating a specific center for this aim and counting with a significant number of collaborators. CAPA's structure and support made it possible to deepen the scope of this research in quantitative and qualitative terms. This investigation carried out an institutional action research. To collect and analyze data, it used practices of interaction and observation of the field, individual writing consultations, and extension courses on writing with semi-structured questionnaires. To support and guide this research, I drew from the sociology of emotions by Jack Barbalet and Jonathan Turner, the sociology of art and science by Pierre Bourdieu and Howard Becker, and the anthropology of science proposed by Bruno Latour. In addition to these, there were also other inspirations, affects and lines of flight-voices of writings that echo with mine, seeking the potentialities of a dialogical path. The results elucidate different categories of socially shared difficulties, and some possible actions taken by the research participants in coping with such difficulties. In addition, they demonstrate how the academic field is constituted by dynamics that involve symbolic violence, inequality, and power relations, but also emotions, collaboration, and empathy. It is a Dissertation of an armed, resistant, and beloved body, which seeks an encounter of readings with its writing body amidst the battles of the academic field, the daily struggles for the existence and resistance of science, and the daily war fought against time - against the guilty feeling of unproductiveness.
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- Teses [111]