Futuro incerto : um estudo das distopias literárias a partir da obra Neuromancer de William Gibson
Resumo
Resumo: As distopias são desenvolvimento do gênero literário conhecido como ficção científica, dentro dessas narrativas o formato de futuro catastrófico é elaborado. Essa realidade futura tem como intuito incomodar o leitor que, ao ver essa projeção, problematiza seu próprio presente. Dentro das distopias, um tema que ganhou grande destaque é aquele que trabalha diretamente com a tecnologia, no qual se insere a fonte que norteia a análise da pesquisa: o livro Neuromancer, publicado pelo norte-americano William Gibson em 1984, contexto do governo de Ronald Regan nos Estados Unidos e dos últimos acontecimentos da Guerra Fria, que ainda espalhava um imaginário apocalíptico decorrente da corrida armamentista. Na obra acompanhamos Case, hacker que vive em um mundo futuro altamente tecnológico, no qual o ciberespaço e as inteligências artificiais são possíveis, combinado com uma sociedade muito desigual e corporações muito poderosas. Posteriormente, o livro foi nomeado como cyberpunk por reunir em seus personagens e ambientação uma dinâmica referente à alta tecnologia e a estética e comportamento do movimento punk, que se fortaleceu nos anos 80 como contestador de várias estruturas. Dedicamos o primeiro capítulo para compreender a trajetória do autor, como o contexto dos anos 80 marcou a obra e como o crescimento tecnológico foi encarado no fim do século XX. O segundo capítulo aborda teoricamente o relacionamento das distopias com o desgaste da temporalidade moderna e o crescimento de uma nova temporalidade que elabora um futuro pessimista. Por fim, no terceiro capítulo trabalhamos com a relação da obra com a economia e a crítica de Gibson ao desenvolvimento do neoliberalismo. Busca-se, assim, olhar de maneira complexa para as distopias e seu potencial para compreender processos históricos que nos rodeiam. Abstract: Dystopias are a development of the literary genre known as science fiction, within these narratives the catastrophic future format is elaborated. This future reality is intended to disturb the reader who, upon seeing this projection, problematizes their own present. Within dystopias, a theme that gained great prominence are those that work directly with technology, motif in which the source that guides the analysis of the research is inserted, the book Neuromancer published by the American William Gibson in 1984, context of the Ronald Regan government in the USA and the last events of the Cold War that still spread an apocalyptic imagination, resulting from the arms race. In the book we follow Case, a hacker who lives in a highly technological future world, in which cyberspace and artificial intelligences are possible, combined with a greatly unequal society and powerful corporations. Later, the book was considered cyberpunk for bringing together in its characters and setting, high technology, complemented by the aesthetics and behavior of the punk movement, which became stronger in the 80s as a contestant of various structures. The first chapter of the thesis is dedicated to understanding the author's trajectory, how the context of the 1980s influenced the work, and how technological growth was viewed at the end of the 20th century. The second chapter is more theoretical and addresses the relationship of dystopias with the deterioration of modern temporality and the growth of a new temporality that elaborates a pessimistic future. Finally, the third chapter discusses Neuromancer's relationship with economics and Gibson's critique of the development of neoliberalism. The purpose is to look at dystopias in a complex way, taking into account their potential to comprehend the historical processes that surround us.
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